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Processo de desinflação segue em curso com destaque para alimentos e bens duráveis

Projetamos IPCA de 4,5% em 2025 (antes 4,6%). Preços de bens e alimentos arrefecem com queda do dólar.

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O IPCA subiu 0,09% em outubro, segundo o IBGE, abaixo da projeção da XP (0,14%) e da mediana do mercado (0,15%). Com isso, a inflação acumulada em 12 meses caiu de 5,17% em setembro para 4,68%, reforçando o movimento de desinflação. A composição do índice foi melhor do que o esperado, com destaque para a queda nos preços de alimentos e bens duráveis, enquanto os núcleos de inflação também mostraram arrefecimento.

Ainda assim, a inflação segue acima da meta do Banco Central (de 3,00%), superando o limite superior de 4,50%. O resultado mantém preocupações sobre o ritmo de alta de preços e seus impactos na economia adiante e a manutenção de uma taxa Selic elevada por parte do Banco Central – pelo menos por ora.

O regime de metas de inflação é parte do que chamamos de política monetária – a política responsável pelo controle da quantidade de moeda em determinada economia, que fica sob a responsabilidade do Banco Central. 

Esse regime determina uma meta de inflação explícita e numérica (% ao ano), a ser perseguida pelo Banco Central. No caso brasileiro, a meta de inflação atual é de 3,0%. Isso significa que o Banco Central tem a responsabilidade de controlar a alta de preços de maneira contínua, de modo que se mantenha no ritmo de 3,00%. 

O modelo brasileiro também inclui uma banda de tolerância de 1,50 pontos percentuais para cima e para baixo. Essa “banda” serve para acomodar eventuais choques, como por exemplo uma seca que afete a produção de alimentos e eleve a inflação além do controle do Banco Central, ou uma pandemia que derrube os preços. 

Caso o IPCA se mantenha acima do limite de 4,5% por seis meses consecutivos, o presidente do Banco Central deve enviar uma carta ao Presidente da República indicando: i) os motivos do não atingimento da meta; ii) medidas planejadas para que a inflação retome à meta; e iii) o tempo projetado para que isso se concretize.

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Inflação de serviços segue elevada, em que pese a melhora recente

Os chamados serviços subjacentes – que excluem itens muito voláteis para mostrar a tendência da inflação – avançaram 0,33%, em linha com a projeção (0,34%). Com isso, a média anualizada dos últimos três meses caiu de 4,8% para 4,4%, sinalizando desaceleração. Por outro lado, os serviços intensivos em mão de obra, acompanhados de perto pelo Banco Central, subiram 0,57%, acima da expectativa (0,49%), e sua média anualizada avançou de 6,2% para 7,3%. Apesar da melhora nos núcleos, avaliamos que há espaço limitado para convergência rápida à meta, dado o mercado de trabalho apertado e o custo do trabalho em alta.

Vale lembrar que o comportamento dos preços de serviços é essencial para análise do cenário de inflação prospectiva no país. Em outras palavras, o que apontam preços como de cabelereiros, médicos e cinemas pode sinalizar mais sobre o comportamento futuro da inflação do que se imagina.

Isso porque a inflação do grupo é menos impactada pelos chamados movimentos de “oferta” (como o clima e a redução ou aumento da oferta de determinada commodity); refletindo mais a dinâmica dos salários e do nível de demanda na economia – em um processo que se retroalimenta.

Afinal, quanto mais aquecida a economia, maior tende a ser o nível de emprego e, consequentemente, a pressão sobre salários. Esse movimento se torna ainda mais relevante em economias nas quais serviços tem maior peso, como a do Brasil, onde o setor responde por cerca de 60% do PIB e a maioria dos empregos do país.

Assim, como destacado, a inflação de serviços deve seguir como um dos principais motivos de cautela adiante.

Bens industrializados surpreendem novamente para baixo

Os preços dos bens industrializados subiram apenas 0,03%, abaixo da projeção (0,10%). A média anualizada em três meses avançou levemente de 1,5% para 1,6%. O destaque foi a quarta queda consecutiva nos bens duráveis (-0,42%), que são produtos de vida útil longa, como carros, eletrodomésticos e móveis. Essa redução é explicada pelo fortalecimento do real e pela importação mais barata de produtos da China, além de preços industriais no atacado ainda em território negativo, sinalizando pressão menor também no varejo.

Alimentos em território deflacionário há 5 meses

Os preços dos alimentos caíram 0,16%, abaixo da expectativa (-0,01%), puxados por cereais, frutas e laticínios. Essa dinâmica deve mudar nas próximas leituras, quando a sazonalidade – variações típicas do período causadas pelo clima, como menor oferta de hortifrutis fora da safra – tende a pressionar os preços para cima, especialmente em proteínas, café e óleo de soja.

O que esperar daqui para frente?

A composição do IPCA de outubro foi melhor do que o esperado, reforçando o processo de desinflação. Apesar disso, a XP projeta início dos cortes na taxa Selic apenas em março, levando a taxa para 12,00% ao final de 2026. As projeções para o IPCA seguem em 4,5% para 2025 e 4,2% para 2026, com viés de baixa.

Selic deve seguir alta por um longo período

Diante do cenário descrito acima, projetamos que a inflação encerre o ano em 4,5% – acima da meta de 3,0% do Banco Central, exatamente no limite superior da banda de tolerância da meta (de 4,5%).

Observando seu objetivo de manter a inflação na meta, o Banco Central deve seguir atuando para reverter o cenário de alta de preços. Isso significa manter nossa taxa básica de juros, a Selic, alta por um período prolongado.

Vale lembrar: gestão da taxa Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a variação de preços na economia – aquecendo ou desaquecendo a atividade econômica, e impactando fatores como a taxa de câmbio (com capital sendo atraído por maiores retornos, valorizando nossa moeda) e as expectativas de inflação para o futuro.

Projetamos que a Selic siga em 15,00% até o início de 2026 – quando pode haver espaço para o início de um novo ciclo de cortes. Porém, como destacamos, riscos seguem no radar tanto no Brasil quanto no resto do mundo. Para 2026, nossa projeção segue no intervalo da meta, diante de uma economia que deve seguir crescendo acima do nível potencial (ou seja, acima do patamar que, teoricamente, não pressionaria os preços) e de impulsos fiscais e parafiscais adicionais. 

Como se proteger da alta de preços? 

Como vimos, a inflação segue como um dos principais motivos de cautela e atenção para a economia brasileira.  Assim, proteger seu patrimônio contra a alta de preços se torna ainda mais essencial.   

Títulos indexados à inflação (como o título público NTN-B 2030), emissões bancárias de instituições sólidas e com boa classificação de risco, debêntures incentivadas (sem cobrança de Imposto de Renda ao investidor) e fundos de investimento com gestão ativa em renda fixa são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui.

Outra classe de ativos que pode ajudar o investidor a se proteger da inflação são os fundos imobiliários.  Apesar de estarem sofrendo diante de expectativas de juros mais altos adiante, os  FIIs  podem ser aliados do investidor em um cenário cauteloso de alta de preços, por serem muitas vezes atrelados a índices de inflação. Aqui te indicamos nossa carteira recomendada de Fundos Imobiliários. 

Mas não só de proteção contra a inflação devem viver os investimentos nesse momento. Por isso, confira o detalhe das nossas recomendações de investimento atualizadas de acordo com o seu perfil de investidor no “Onde Investir”.

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