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Pesquisa Mensal de Comércio (PMC): Vendas no varejo recuam em agosto e confirmam desaceleração na demanda doméstica

Os dados do comércio varejista de agosto foram mistos. Devido às condições de crédito restritivas e ao alto endividamento das famílias, prevemos que o varejo continuará fraco nos próximos meses.

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Visão Geral: As vendas varejistas mostraram sinais mistos na abertura setorial. O consumo das famílias vem perdendo força, corroborando nosso cenário de estagnação do PIB neste semestre. O Tracker XP para o PIB do 3º trimestre indica queda de 0,3% ante o 2º trimestre (elevação de 1,8% versus o 3º trimestre de 2022), em linha com nossa projeção de crescimento de 2,8% em 2023 como um todo.

As vendas no varejo ampliado contraíram 1,3% em agosto ante julho, uma surpresa baixista (XP: -0,8%; consenso: -0,7%). Com isso, o indicador declinou 0,7% no trimestre móvel até agosto. Na comparação com agosto de 2022, por sua vez, o varejo ampliado cresceu 3,6%. Embora venha se destacando positivamente na composição setorial, as vendas do “Atacarejo Especializado em Alimentos, Bebidas e Fumo” responderam por grande parte da diferença entre o resultado efetivo e nossa estimativa para o índice de varejo ampliado – tal categoria subiu 8,8% em agosto de 2023 frente a agosto de 2022, significativamente abaixo da média de crescimento interanual ao redor de 20% observada entre maio e julho. Enquanto isso, a categoria de “Materiais de Construção” ficou praticamente estável no período recente, ao passo que “Veículos, Motocicletas e Autopeças” estão se recuperando, mas com fortes oscilações na base mensal.

As vendas no varejo restrito retornaram ao território negativo em agosto, com sinais heterogêneos entre os componentes. O índice de varejo restrito recuou 0,2% em relação a julho, uma surpresa altista (XP e consenso: -0,7%). Quatro entre as oito atividades contraíram na margem. A categoria de “Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico” registrou a queda mais acentuada (-4,8%), compensando parcialmente o salto registrado no mês anterior, quando campanhas promocionais de vendas exerceram contribuição relevante. Além disso, as vendas reais de “Móveis e Eletrodomésticos” e “Tecidos, Vestuário e Calçados” decresceram pelo segundo mês consecutivo. Por outro lado, a categoria de “Supermercados, Alimentos, Bebidas e Fumo” subiu pela terceira leitura seguida, com desempenho acima do esperado em agosto. As categorias de “Produtos Farmacêuticos, Higiene Pessoal e Cosméticos” e “Combustíveis e Lubrificantes” também permanecem em rota de crescimento, ainda que a um ritmo moderado. Essas atividades vêm respondendo à maior disponibilidade de renda real, que reflete a recuperação do mercado de trabalho, transferências fiscais massivas e alívio na inflação de curto prazo.

Em linhas gerais, o comércio varejista seguirá fraco no 2º semestre de 2023. Os gastos pessoais devem crescer modestamente nos próximos meses, já que as condições de crédito restritivas e o elevado endividamento das famílias continuam a pesar, especialmente sobre os bens de consumo semi e duráveis. Dessa forma, projetamos que os índices de varejo ampliado e restrito crescerão 4,5% e 1,8% em 2023, respectivamente.

Por fim, nossa estimativa para o IBC-Br de agosto – proxy mensal do PIB calculada pelo Banco Central – aponta para retração de 0,6% versus julho (aumento de 1,5% em comparação a agosto de 2022). Por sua vez, o Tracker XP para o PIB do 3º trimestre indica queda de 0,3% ante o 2º trimestre (elevação de 1,8% versus o 3º trimestre de 2022), em linha com nossa projeção de crescimento de 2,8% para o PIB de 2023 como um todo.

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