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Para onde vai a economia global? Entenda o cenário | Agosto – Setembro 2024

Mensalmente, um conteúdo que te explica o que aconteceu com os principais indicadores econômicos

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O que vemos agora? No mundo: juros devem começar a cair nos EUA em breve, mas não vemos recessão a vista. No Brasil: desemprego baixo e renda em alta impulsionam economia, mas pressionam a inflação do outro lado, e devem levar Banco Central a elevar a taxa Selic esse ano. Confira como investir nesse cenário.

Projeções macroeconômicas são importantes para todo investidor, porque ajudam a nos prepararmos para o que vem adiante. Ou seja, não ser pego de “calças curtas”, especialmente em momentos desafiadores para os investimentos.

Isso não significa que você saberá “o dia exato em que o dólar vai cair ou subir”. Pois isso, infelizmente, será praticamente impossível. Mas quer dizer que você entenderá melhor as tendências da economia e poderá pensar em como adaptar seus investimentos (ou manter tudo como está, se for o caso), pensando no seu perfil e objetivos.

Com isso em mente, detalhamos abaixo nossas principais projeções para este ano e o próximo. Abaixo, te contamos o porquê de tudo isso, e como investir nesse cenário.

Juros prestes a cair nos Estados Unidos, e não vemos crise eminente

No cenário internacional, o principal motor dos mercados segue a política monetária – ou seja, o movimento nas taxas de juros ao redor do mundo.

Após um longo período de juros altos que seguiram a elevada inflação impulsionada pela pandemia da Covid-19, vimos o mundo desenvolvido dando início ao tão esperado processo de afrouxamento monetário. Ao longo do primeiro semestre desse ano, Bancos Centrais de países como Canadá, Reino Unido e Zona do Euro começaram a cortar suas taxas básicas de juros.  

A novidade é que (finalmente) devemos ver o mesmo movimento nos Estados Unidos. Isso porque os últimos meses foram marcados por resultados de inflação melhores do que o esperado, ao mesmo tempo em que o mercado de trabalho caminha em direção ao reequilíbrio – como ilustrado pela relação entre o número de vagas disponíveis e o de trabalhadores em busca de colocação, agora próxima ao nível pré-pandemia.

Ou seja: o ritmo de crescimento da maior economia do mundo está finalmente cedendo, e isso deve permitir que o Fed (Banco Central americano) comece a cortar os juros. Acreditamos que o primeiro corte de juros acontecerá em setembro, levando os Fed Funds (equivalente à nossa taxa Selic) para 4,75% ao ano em dezembro. A partir daí, entendemos que a queda de juros deve seguir gradual, até que atinja 3,5% ao ano em 2026.

Juros elevados têm o objetivo de controlar a alta de preços, encarecendo o crédito, desincentivando o consumo, e desaquecendo a economia e a demanda por bens e serviços.

Por outro lado, cresce a preocupação de que a economia americana possa entrar em recessão. Afinal, juros altos por longos períodos podem “frear demais” a economia. A recente volatilidade que vimos nos mercados ao redor do mundo no início de agosto refletiu essa preocupação.

Como ilustrado no gráfico abaixo, bolsas no mundo todo “despencaram” por um breve período, depois que dados de desemprego americano vieram mais fracos que o esperado, e se uniram a outros movimentos globais - como a alta de juros no Japão e uma temporada de resultados corporativos pior do que o esperado também nos Estados Unidos.

Dito isso, não vemos os Estados Unidos entrando em recessão no cenário atual – a menos não por ora. No geral, os dados mostram que a economia americana está esfriando em resposta à política monetária apertada, mas não caminhando para uma recessão aguda. Em outras palavras, a economia está enfraquecendo como resultado (intencional) da alta de juros, mas não vemos uma queda abrupta no crescimento com impactos nocivos aos mercados, embora esse risco não possa ser descartado.

Se concretizado, um cenário de desaceleração gradual da economia americana tende a ser positivo para países emergentes. Juros mais baixos nos mercados desenvolvidos normalmente são uma boa notícia para as moedas emergentes, ao atrair menos capital em busca de retorno. Por outro lado, receios de uma recessão global e busca por ativos seguros (aversão ao risco) tendem a agir de modo contrário, enfraquecendo moedas como o real.

Assim, uma redução gradual dos juros nos Estados Unidos sem que isso signifique uma queda abrupta da economia tende a contribuir para a apreciação e relativa estabilidade de moedas emergentes.

 

Enquanto isso, do outro lado do mundo, a China deve seguir lutando contra um crescimento mais fraco. O país ainda enfrenta desafios para retomar um ritmo de crescimento robusto, diante da crise que se arrasta no setor imobiliário e da baixa confiança e demanda entre consumidores, produtores e investidores.

Assim, mesmo com esforços do governo em impulsionar setores, como o mercado imobiliário, a meta de crescimento de 5,0% para esse ano segue desafiadora. Adiante, o país deve crescer menos do que o observado nos últimos anos. 

Vemos o impacto dessa desaceleração, entretanto, como limitado para a economia brasileira, além de ser um ponto benéfico para a inflação global (não adicionando mais pressão sobre os preços).  Entendemos que nossas exportações devem seguir estáveis para o país asiático, contribuindo para a manutenção das nossas contas externas relativamente sólidas – embora menos robustas do que anteriormente previsto, com riscos em torno de uma desaceleração mais forte da economia global.

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