Inflação alcança 10,3% em 12 meses

O índice de preços ao consumidor IPCA subiu 1,16% em setembro, ficando abaixo da nossa estimativa (1,26%) e da mediana das expectativas de mercado (em 1,25%). Mesmo abaixo do esperado, essa foi a maior variação para um mês de setembro desde 1994, quando o índice foi de 1,53%. No ano, o IPCA acumula alta de 6,90% e, nos últimos 12 meses, de 10,25%, acima dos 9,68% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em setembro. O maior impacto (0,41 p.p.) e a maior variação (2,56%) vieram de Habitação, influenciado principalmente pela alta da energia elétrica (6,47%) – vale lembrar que em setembro passou a valer a bandeira “escassez hídrica’, com custo de R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos (R$ 9,492 com a bandeira vermelha patamar 2). 

Outro grupo que registrou variação elevada foi Transportes (1,82%). E mais uma vez os combustíveis puxaram essa inflação, subindo 2,43% em setembro, depois de já ter subido 2,96 em agosto. No ano, os combustíveis de automóveis já acumulam alta de 35,3%.

E pouco depois da divulgação do IPCA de setembro, a Petrobras anunciou reajustes nos preços da gasolina e do GLP. A estatal elevou o preço da gasolina em R$ 0,20/L e do GLP em R$ 0,26 por Kg. Altas de 7% nos preços. Para IPCA, considerando coeficiente de repasse e peso no índice, impactos são de 0,14 p.p e 0,05 p.p, respectivamente.

Os bens industriais alcançaram alta de 1,04%, ligeiramente acima da registrada em agosto (+ 1,03%). Mais uma vez grupo revela alta de custos e repasse cambial exercendo pressão sobre o grupo. Expectativa é que essa tendência permaneça no curto prazo.

Do lado positivo, a inflação de serviços acelerou para 0,64%, ante 0,39% em agosto, mas ficou abaixo do projetado (0,78%). O destaque no grupo foi a deflação em conserto de automóvel (-1,41%), enquanto projetávamos alta de 1,9% no item. E os serviços básicos, medida monitorada pelo BC, desacelerou de 0,64% em agosto para 0,37% em setembro, a expectativa era de desaceleração para 0,56%.  E a média dos núcleos ficou estável em 0,65%, mas em 12 meses já atingiu 6,37%, acima da meta de inflação do BC (3,75%).

Em suma, o número  do mês abaixo do esperado e com desagregação levemente positiva, principalmente nos preços de serviços, não altera cenário de inflação pressionada, ainda efeito da alta nos preços de commodities, depreciação do real, gargalos na cadeia de insumos, crise hídrica (que impactou especialmente preços de alimentos e energia elétrica).

À frente, incorporamos a elevação de GLP – já esperávamos reajuste no preço da gasolina em magnitude próxima à anunciada hoje – e a surpresa negativa do IPCA de setembro. Dessa forma, mantivemos nossa projeção do IPCA do ano em 9%. Nossas projeções de IPCA para outubro e novembro são 0,74% e 0,47%, respectivamente.

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