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Estamos revisando nossa projeção para a política monetária nos Estados Unidos após a reunião do FOMC de setembro

Na reunião do FOMC de setembro, as projeções revisadas passaram uma mensagem dura. Acreditamos que o balanço de riscos - que estava se tornando mais equilibrado - voltou a se inclinar para o lado dos preços. Antecipamos um aumento adicional de 0,25pp na taxa de juros americana antes de encerrar o ciclo de aperto monetário. Em 2024, observamos uma margem menor para cortes nas taxas.

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Em sua reunião de setembro, O FOMC (Comitê de Política Monetária do Fed, ou banco central dos EUA) manteve a taxa de juros de referência em 5,25%-5,5%. Essa pausa no aperto da política monetária foi acompanhada por um tom mais rígido (hawkish), sinalizando uma possível postura mais restritiva no futuro. O comunicado foi praticamente inalterado em relação ao anterior, mas destacamos a menção de que a atividade econômica segue "sólida" e o mercado de trabalho "ainda apertado, mas com leve acomodação". No entanto, FOMC trouxe revisões significativas quanto ao relatório de projeções econômicas de setembro (SEP, sigla em inglês), sugerindo que os juros terão que ficar altos por mais tempo.

A estimativa mediana dos membros do FOMC para a taxa de juros no final de 2023 permaneceu estável em 5,6%, sugerindo que as autoridades aumentarão os juros em mais 0,25pp antes de encerrar o ciclo de aperto monetário. O que chamou a nossa atenção foram as revisões para os anos seguintes. As projeções para 2024 subiram de 4,6% para 5,1%, o que sugere cortes nas taxas de apenas 50 pb em 2024. Para 2025, a mediana subiu de 3,4% para 3,9%.

As projeções para o crescimento do PIB aumentaram significativamente de 1,0% para 2,1% em 2023 e de 1,1% para 1,5% em 2024. Para 2025 as expectativas permaneceram em 1,8%. A previsão mediana da taxa de desemprego caiu de 4,1% para 3,8% em 2023 e de 4,5% para 4,1% em 2024 e 2025. Do lado positivo, a projeção de inflação para 2023 caiu de 3,9% para 3,7% e permaneceu praticamente inalterada para os dois anos seguintes (2,6% em 2024 e 2,3% em 2025).

A decisão e o comunicado vieram bastante em linha com as expectativas, embora, na nossa visão, o SEP tenha sido muito hawkish. Os mercados reagiram negativamente, e os juros dos títulos do Tesouro dos EUA com vencimento em 10 anos superaram a marca de 4,5%, seu nível mais alto desde 2007. Após estes acontecimentos, estamos revisando a nossa projeção para a trajetória da política monetária nos EUA.

Acreditamos que o cenário mais provável é que o Fed faça um aumento adicional de 0,25pp antes de encerrar o ciclo de aperto monetário, embora com votos divididos entre os membros do comitê de política monetária. A mudança em nossa projeção foi desencadeada pela avaliação de que o balanço de riscos entre a alta da inflação e a desaceleração da economia - que estava se tornando mais equilibrado - voltou a se inclinar para o lado dos preços. Apesar do processo de desinflação continuar avançando, o recente aumento no preço global dos combustíveis representa considerável risco altista. Enquanto isso, a atividade econômica tem se mostrado muito mais resiliente do que o esperado, e os membros do FOMC estão mais confiantes em relação ao sólido crescimento do PIB em 2023 e 2024.

Ademais, parece que o Fed está mais disposto a correr o risco de apertos excessivos da política monetária do que de altas insuficientes, e, de acordo com o gráfico de pontos do relatório SEP de setembro, 12 dos 19 membros do FOMC veem outro aumento da taxa de referência este ano. Continuamos a acreditar que os dados a serem divulgados serão fundamentais, embora, nesta altura, os dados teriam que enfraquecer consideravelmente e rapidamente para mudar esse resultado. Esses fatores tornaram o aumento adicional mais provável.

Em relação às nossas projeções para o próximo ano, estamos reduzindo nossa expectativa de cortes para 1,00pp a partir do 3T24 (antes, esperávamos 1,50pp a partir do 2T24). Isso implica que o limite superior da taxa de juros de referência terminará 2024 em 4,75% (antes, 4,0%). Essa mudança reflete novas incertezas e pressões inflacionárias, que provavelmente tornarão a fase final da desinflação mais lenta. Destacamos (1) o risco de um aumento adicional nos preços das commodities, (2) o mercado de apertado e atividade econômica resiliente, (3) a greves dos trabalhadores, (4) a possibilidade de uma paralisação do governo, (5) a retomada dos pagamentos de empréstimos estudantis e (6) o processo eleitoral, que tende a aumentar os debates populistas e manter o gasto fiscal expansivo. Estes são todos fatores que adicionam incerteza e podem atrasar o início do ciclo de flexibilização monetária. Também consideramos que, conforme mencionamos anteriormente, muitos membros do FOMC acreditam que as taxas terão que permanecer mais altas por mais tempo nos EUA.

Ainda assim, nossa projeção para o final de 2024 permanece abaixo da estimativa mediana do FOMC (5,25%). Concordamos que a política monetária deve permanecer restritiva por mais tempo, embora nossa visão considere que, à medida que a inflação continua a diminuir, o FOMC terá que cortar as taxas em pelo menos 1,00pp no próximo ano para manter as taxas reais no mesmo nível de restrição. Caso contrário, se os cortes nas taxas forem mais modestos, a política monetária pode se tornar mais restritiva, mesmo com taxas nominais mais baixas (dado que a inflação deve cair ainda mais).

Há muita incerteza em relação à política monetária de longo prazo, especialmente após 2024. O relatório SEP sugere que os membros do FOMC estimam que as taxas cairão apenas gradualmente nos próximos anos e permanecerão restritivas até pelo menos 2026. Ainda assim, há uma grande dispersão entre essas estimativas, refletindo a alta incerteza nessa frente. Um ponto relevante é que cinco membros do FOMC acreditam que as taxas de longo prazo não retornarão ao nível de 2,5%, o que implica uma mudança estrutural e um aumento permanente na taxa de juros real neutra (r*). Esse ainda não é o cenário base, mas intensifica a discussão sobre taxas mais altas por mais tempo.

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