XP Expert

Esquenta do Copom: Se aproximando da pausa, com grande risco fiscal adiante

Os dados desde o último Copom sugerem uma perspectiva de inflação mais equilibrada, embora ainda desafiadora. Os riscos de recessão global aumentaram, o que contribui para diminuir pressões inflacionárias. Porém, a inflação de serviços mantém-se em níveis elevados - sem qualquer sinal de acomodação – e o mercado de trabalho vêm se mostrando bem aquecido.

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no X
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail
Onde Investir em 2025 banner

Destaques

  • Os dados desde o último Copom sugerem uma perspectiva de inflação mais equilibrada, embora ainda desafiadora. Os riscos de recessão global aumentaram, o que contribui para diminuir pressões inflacionárias. Porém, a inflação de serviços mantém-se em níveis elevados - sem qualquer sinal de acomodação – e o mercado de trabalho vêm se mostrando bem aquecido;
  • Nossas simulações replicando o modelo do Copom apontam queda da projeção do IPCA de 2022 de 8,8% para 7,0%; alta em 2023 de 4,0% para 4,6%; e ligeira queda em 2024 de 2,7% para 2,6%;
  • Esperamos alta de 0,5pp na taxa Selic nesta reunião. Acreditamos que o Copom deixará a porta aberta para parar ou continuar em setembro. A incerteza fiscal é o principal risco para a inflação no horizonte relevante.

Hawk-Dove Heatmap: risco de recessão global torna perspectiva de inflação mais equilibrada, embora ainda muito desafiadora

Desde a última reunião do Copom, os riscos de recessão global aumentaram. Os indicadores econômicos nos EUA e na Europa estão desacelerando e os preços das commodities apagaram boa parte dos ganhos de 2022.

Considerando que parte relevante das pressões inflacionárias brasileiras é global, é uma boa notícia para o Copom.

As últimas leituras do IPCA começam a revelar queda na inflação de bens industrializados, possivelmente resultado de uma combinação das menores pressões globais mencionadas acima com alguma desaceleração na demanda doméstica.

No entanto, a inflação de serviços mantém-se em níveis muito elevados, sem qualquer sinal de acomodação. Um mercado de trabalho mais forte do que o esperado sugere que essa tendência será difícil de ser revertida.

As expectativas de inflação continuam em alta, o que também representa um desafio para a política monetária. Há um viés de alta em nossa inflação de preços administrados para 2023, principalmente em planos de saúde. Se confirmado, a projeção do IPCA de 2023 ficaria ainda mais distante do limite superior da meta (em torno de 5,5%, ante 4,75% do topo da banda de tolerância).

Por último, mas não menos importante, o Congresso aprovou a Emenda Constitucional que permite um aumento substancial das despesas acima do teto este ano. E quase não há clareza sobre qual será o arcabouço fiscal a partir de 2023. Este parece o principal risco para a inflação no horizonte relevante do Copom.

Considerando tudo, acreditamos que a entrada de dados desde a última reunião do Copom tornou a perspectiva de inflação brasileira mais equilibrada, embora ainda muito desafiadora e cercada de incertezas.

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

Modelo do BCB: projeção mais alta em 2023 e leve recuo em 2024

Na última reunião do Copom, as projeções de inflação no cenário de referência do BC eram de 8,8% para 2022, 4,0% para 2023 e 2,7% para 2024.

Desde a última reunião do Comitê, as medianas das projeções da taxa Selic na pesquisa Focus subiram de 13,25% para 13,75% em 2022 (final do período), de 10,00% para 11,0% em 2023 e 7,5% para 8,0% em 2024, em 7,5%. A taxa de câmbio se desvalorizou para R$/US$ 5,30, partindo de R$/US$ 4,90 em junho. As expectativas de inflação, também da pesquisa Focus, caíram de 8,5% para 7,2% para 2022, subiram de 4,7% para 5,3% em 2023 e permaneceram estável em 3,3% em 2024.

A depreciação do câmbio elevou a projeção do IPCA, enquanto queda do preço de commodities, política monetária mais apertada e expectativas contribuíram para a queda do número. O efeito líquido sobre a inflação de preços livres em 2022 (75% do IPCA) é de +0,11pp (vide tabela), segundo nossos cálculos. A previsão para a inflação de preços administrados (25% do IPCA) deve cair significativamente este ano, de 7,0% para -0,6%, com efeito da queda de ICMS sobre preços de energia, combustíveis e telefonia fixa.

Tudo considerado, a projeção para o IPCA de 2022 no cenário de referência deve cair de 8,8% para 7,0%.

Para 2023, estimamos que a projeção suba para 4,6%. Embora com contribuição negativa da inércia de 2022 e maior aperto monetário, o aumento das expectativas na pesquisa Focus, e câmbio mais depreciado, contribuem para essa elevação. Além disso, com retorno da tributação de impostos federais sobre gasolina e etanol, inflação de bens administrados também deve se elevar.

Desde junho, o Copom passou a incluir também as projeções para 2024. Esperamos recuo de 2,7% para 2,6% na projeção para aquele ano.

Implementação de Política Monetária e Comunicado: a espera dos dados

Considerando o substancial ajuste monetário já implementado, a comunicação do Copom e a perspectiva de uma recessão global que pode reduzier as pressões inflacionárias, acreditamos que o Copom está se aproximando de um momento de “parar para ver”.

Assim, acreditamos que o Comitê fará o aumento esperado de 0,50pp  esta semana, mas não se comprometerá mais com outro aumento na próxima reunião. O cenário desafiador, no entanto, não permite que o Copom anuncie que está interrompendo o ciclo agora.

Um comunicado pós-decisão tornando a política monetária contingente aos dados que virão até a próxima reunião poderia ser assim:

Cenário XP: pausa agora, com grande risco fiscal adiante.

Com as pressões inflacionárias globais começando a diminuir, acreditamos que o Copom finalmente fará a pausa que vem sinalizando há algum tempo. Em nosso cenário básico, o Copom eleva a Selic em 0,50pp esta semana e a mantém a taxa Selec em 13,75% até meados do ano que vem.

Reconhecemos, porém, que o Comitê pode optar por ir um pouco mais longe, para garantir que o IPCA recue adiante.

Em circunstâncias normais, o Copom deve encontrar espaço para a flexibilizar a política monetária no ano que vem. As taxas de juros reais (considerando as expectativas de inflação) estão próximas de 8%, o que é muito alto mesmo para padrões brasileiros. Especialmente após importantes reformas estruturais aprovadas nos últimos anos, como a Previdência, a TLP, a independência do Banco Central, entre outras.

No entanto, não estamos em circunstâncias normais. Como mencionado acima, quase não há clareza sobre qual será o arcabouço fiscal a partir de 2023. Uma mudança mais profunda e permanente na política fiscal, que torne ainda mais nebulosas as perspectivas de sustentabilidade da dívida, pode alterar completamente os parâmetros da política monetária nos próximos anos.

Este parece ser o principal risco para a inflação no horizonte relevante de política monetária.

E como pensar em seus investimentos nesse cenário econômico? Clique aqui para conhecer as recomendações dos experts de acordo com seu perfil

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.