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Economia em Destaque: Juros seguem em alta no mundo, BC aponta risco fiscal no Brasil

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

Nos EUA, o Federal Reserve sobe a taxa de juro em linha com a expectativa do mercado e a inflação desacelera mais que o esperado. Na Europa, o Banco Central Europeu e Banco da Inglaterra diminuem o ritmo de aperto monetário;

No Brasil, Fernando Haddad anuncia membros de sua equipe econômica, atividade econômica dá sinais de desaceleração, Copom sinaliza preocupação com riscos fiscais.

Cenário internacional

Fed sob juros novamente, inflação começa a ceder

O Banco Central americano (Fed) voltou a elevar os juros, desta vez em 0,50 p.p, levando a taxa básica à 4,5%. O Fed manteve o tom duro ao ressaltar o mercado de trabalho ainda apertado e inflação muito acima da meta. E os juros devem continuar subindo: segundo as projeções da autoridade monetária, a taxa de juro deve alcançar 5,1% (ante 4,6%) e 4,1% (ante 3,9%) em 2023 e 2024.

Paralelo a isso, a inflação medida pelo índice de preços ao consumidor (CPI) de novembro veio em linha com a nossa expectativa (0,1% m/m, 7,1% a/a) e mostra o processo de desinflação em curso.

BCs na Europa também sobem juros

O Banco Central Europeu (BCE) levou a taxa básica de juro na Zona do Euro à 2,5%, alta de 0,5 p.p. No comunicado que acompanhou a decisão, o BCE justificou a decisão pela “piora do cenário inflacionário” e indicou que continuará “subindo a taxa de juros até que a inflação alcance o centro da meta de 2%.” No texto, projetam convergência à meta apenas em 2025.

Por fim, o Banco da Inglaterra também subiu os juros, 3,5%, em linha com as expectativas do mercado. É o maior ritmo de altas sucessivas desde 1989.

Juros em alta reforçam risco de recessão nos países desenvolvidos

Com os juros em rápida elevação, a probabilidade de recessão nos países centrais vai aumentando. Segundo a pesquisa PMI com gerentes de compras de empresas, as condições atuais já indicam contração de atividade nos EUA e Europa, tanto no setor de serviços como nos manufatureiros.

A queda do crescimento global tem trazido volatilidade aos mercados e alguma tendência de queda nos preços de commodities. A perspectiva só não é pior por conta do processo de reabertura pós-Covid da China, que deve sustentar o crescimento em países emergentes e a demanda global por matérias primas.

Enquanto isso, no Brasil...

Ata do Copom aponta para riscos fiscais

O comitê de política monetária do Banco Central do Brasil (Copom) publicou a ata de sua reunião de dezembro, quando manteve a taxa de juros em 13,75%. A autoridade monetária reafirmou que o nível atual de aperto monetário já é suficiente para trazer a inflação para a meta, mas a dinâmica das contas públicas – e seu efeito sobre a inflação – é um risco. Apesar de sinais de desinflação, a volatilidade dos preços de commodities levantam dúvidas sobre o ritmo dessa tendencia, e a desinflação em serviços e no núcleo – itens com grande inercia – demandam atenção e perseverança da política monetária.

Por um lado, a inflação caindo no curto prazo poderia sugerir corte de juros nos próximos meses. Por outro lado, os riscos fiscais podem pressionar a inflação no médio prazo. Assim, nossa projeção é que a taxa Selic permanecerá estável até o fim de 2023.

Ministro Fernando Haddad anuncia membros do Ministério da Fazenda

Fernando Haddad anunciou Gabriel Galípolo e Bernard Appy como um dos membros da equipe econômica do governo eleito. O primeiro assumirá o cargo de secretário executivo, uma espécie de vice-ministro, que coordena as ações das secretarias do ministério. Ele foi CEO do Banco Fator entre 2017 e 2021 e já ocupou alguns cargos em secretárias do estado de São Paulo. Appy, por sua vez, foi secretário executivo da fazenda entre 2003 e 2007 no governo Lula, e será secretário especial da Reforma Tributária. Ele é autor da principal proposta em tramitação no congresso, a PEC 45, considerada uma das prioridades da nova gestão de acordo com Haddad.

Setor de serviços tem queda após 5 meses de alta

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) apontou -0,6% m/m e 9,5% a/a de variação na atividade do setor em outubro, abaixo do consenso de mercado e da nossa projeção (-0,2% m/m e 10,5%). Creditamos esses números à dissipação dos efeitos da reabertura da economia e à política monetária restritiva, cujo efeitos devem aparecer mais intensamente nos próximos meses. A atividade no setor está 10,5% acima do nível pré-pandemia.

IBC-Br praticamente estável

O IBC-Br, proxy do PIB, apontou ligeira estabilidade (-0,05% m/m e 3,8% a/a) na atividade econômica em outubro. Além disso, com a revisão da série histórica do índice – se aproximando da dinâmica observada no PIB – a principal mudança foi a alta da taxa média de crescimento interanual entre janeiro e setembro de 2022 (de 2,9% para 3,4%). O resultado é consistente com nosso cenário de crescimento de 3,0% este ano.

Após 4 meses de queda, IGP-10 volta ao terreno positivo

Em dezembro, o IGP-10 veio acima do consenso (0,30% m/m e 6,08% a/a) em 0,36% após quatro meses seguidos de deflação. Esse número foi puxado por reversão de sinal no IPA, de -0,98% para 0,31%, impulsionado por alta no minério de ferro, deflação menos intensa em derivados de petróleo e aceleração em produtos alimentícios. No IPC, alta na gasolina, eletricidade e etanol não foram suficientes para impedir o número menor em relação a novembro após a deflação em passagem aérea e arrefecimento da alta em artigos de higiene e cuidado pessoal.

Câmara aprova mudança na Lei das Estatais, Senado sinaliza cautela

Após aprovação, na Câmara dos Deputados, da mudança de 36 para 1 mês o período pelo qual um político pode assumir diretoria de uma estatal, quando tenha atuado em campanha ou integrado instancia decisória de partido político, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco anunciou que a medida não deve ser votada antes do recesso de 2022.

O que esperar para a semana que vem?

No cenário internacional, China e Japão devem anunciar suas taxas básicas de juros. Nos EUA, serão publicados o PIB anualizado trimestre a trimestre, dados relacionados ao mercado mobiliário, o PCE (índice de despesas de consumo pessoal), e os índices de expectativas de inflação e sentimento sobre a economia americana elaborados pela Universidade de Michigan.

No Brasil, serão divulgados os dados de contas externas de novembro, na quarta; o IPCA-15 de dezembro, na sexta feira; e a arrecadação federal de dezembro, ainda sem data definida. Na seara política, atenções voltadas para a negociação do governo eleito com o Congresso sobre a PEC da Transição, o julgamento das emendas do relator no STF, e a nomeação dos novos ministros e outros membros da equipe econômica.

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