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Economia em Destaque: crise energética traz volatilidade aos mercados globais enquanto inflação surpreende positivamente no Brasil

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

No cenário internacional, o destaque na semana foram dados de emprego nos EUA, a negociação do novo teto da dívida americana e volatilidade nos mercados de commodities energéticas por conta da crise global no setor.

No Brasil, o IPCA veio abaixo do consenso, representando um leve alívio. Na semana também contamos com a divulgação de indicadores de atividade (indústria e varejo), que vieram abaixo do esperado. Também publicamos nosso relatório mensal com revisão de projeção para IPCA e Selic, que pode ser acessado aqui.

Para semana que vem, temos como destaque a ata do comitê de política monetária americano (FOMC), dados de inflação nos EUA, China e Europa, além da divulgação do IBC-Br (proxy mensal do PIB) e da Pesquisa Mensal de Serviços.

Cenário Internacional

Estados Unidos: surpresa nos dados de emprego e acordo sobre o teto da dívida

Nesta semana, dados de emprego foram destaque nos EUA, com a divulgação do Payroll muito abaixo das expectativas por mais um mês, tendo registrado criação de 194 mil novos postos de trabalho (contra consenso de 500 mil). O número fraco foi levado majoritariamente pela queda de empregos no setor de educação pública (afetado por uma questão de sazonalidade causada pela pandemia – com maiores contratações no verão) e setores afetados pela crise de oferta – como de automóveis. Já setores mais relacionados à volta da pandemia, como hospitalidade, registraram aumento de vagas.

Enquanto isso, o índice de gerentes de compras (ISM) de serviços seguiu indicando expansão em setembro, registrando alta acima das expectativas. O indicador, que tem forte correlação com o PIB dos EUA, sugere que a recuperação econômica dos EUA continua sólida até o momento.

Nesse contexto, continuamos a esperar que o Banco Central americano (o FED) anuncie o processo de redução gradual das compras de ativos (tapering) na reunião de política monetária de novembro, com início efetivo da retirada de estímulos em dezembro (US$ 15 bilhões a menos por mês). Além disso, mantemos a projeção de que a autoridade monetária promoverá a primeira elevação de juros apenas no 2º trimestre de 2023, tendo em vista nosso cenário de desinflação significativa ao longo de 2022. Por fim, acreditamos que a taxa de juros de equilíbrio da economia dos Estados Unidos seja inferior a 2,50% (patamar indicado por alguns dirigentes do Fed), ficando entre 1,75% e 2,00%.

Do lado da política, parlamentares americanos chegaram a um acordo durante essa semana para o tema da elevação do teto da dívida soberana (do governo). O valor acordado foi de aumento de USD 480 bilhões, que segundo o Tesouro do país deve ser suficiente para manter a solvência do país até 3 de dezembro.

O anúncio foi sentido com alívio no mercado, uma vez que a falta de consenso para uma elevação no teto poderia significar a piora da avaliação soberana do país por agências de rating diante de um eventual default, além de uma paralização nos serviços públicos e repasses sociais.

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Europa: sinais mistos de atividade econômica e volatilidade no preço do gás natural sinalizam turbulências adiante

Indicadores de atividade econômica na Europa divulgados essa semana indicaram um cenário misto. Por um lado, a semana contou com bons resultados nas sondagens com gerentes de compras de empresas (PMIs) de setembro tanto na indústria como em serviços – com o índice composto registrando expansão no mês.  Por outro lado, as vendas no varejo na Zona do Euro aumentaram 0,3%, abaixo das expectativas (0,8%), enquanto e pedidos industriais na Alemanha caíram 7,7% em agosto (-2,2% esperado).

Também pesaram durante a semana e continuam a afetar as expectativas para a Europa indefinições relacionadas à crise energética global. O preço do gás natural chegou a subir 40% em um dia, o que levou o presidente da Rússia, Vladmir Putin, a oferecer ajuda para estabilizar a situação energética no continente, prometendo volume recorde de exportação e fazendo os preços recuarem.

Nesse contexto de incerteza sobre a recuperação adiante, o Banco Central Europeu indicou planejar a extensão dos estímulos monetários, por meio de um novo plano de compra de ativos, após a expiração do atual - em março de 2022.

China: energia e diplomacia como riscos à frente

Enquanto a situação financeira da incorporadora Evergrande continua a reverberar pelos mercados, a alta dos preços de energia e políticas de racionamento em diferentes regiões do país (impulsionado pela diretriz de redução de poluentes no país) tornam-se risco crescente à atividade econômica chinesa. 

Por outro lado, a semana contou com a divulgação de indicadores de atividade positivos no gigante asiático. O setor de serviços mostrou recuperação firme em setembro, em linha com a flexibilização das restrições de mobilidade para combate à elevação de casos de Covid-19, com o PMI registrando 53,4 pontos em setembro (acima do consenso de mercado estava em 49,2) – indicando expansão.

Os números favoráveis apresentados pela pesquisa, que abrange principalmente empresas de pequeno e médio porte, vieram em linha com os resultados oficiais publicados pelo governo chinês na semana passada. Ao mesmo tempo, o PMI Composto do país (que inclui indústria e serviços) subiu de 47,2 pontos em agosto para 51,4 pontos em setembro.

No campo diplomático entretanto, tensões crescem entre China e Estados Unidos, tendo mais uma vez Taiwan como foco em meio a relatos de que tropas americanas estariam treinando forças locais há anos em caso de eventual ataque chinês. A ilha continua sendo um dos principais riscos de conflito militar entre as nações, apesar deste não ser o cenário-base.

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Enquanto isso, no Brasil...

Brasil Macro Mensal

Nesta semana, publicamos nosso relatório Brasil Macro Mensal, no qual destacamos o crescimento dos riscos no cenário internacional, que se juntam ao cenário doméstico já incerto. Revisamos a inflação novamente para cima, e esperamos agora que a taxa Selic atinja 9,25% ao final do ciclo. Confira mais detalhes aqui.

Tabela projeções: Link

Discussões sobre mudança no ICMS na esteira do aumento dos preços de combustíveis

O Congresso discute a mudança do ICMS sobre os combustíveis com o objetivo de reduzir os preços ao consumidor. A proposta do presidente da Câmara, Artur Lira, inclui usar como base tributária os preços médios dos combustíveis dos últimos 2 anos, ao invés da média dos últimos 15 dias. De acordo com o parlamentar, pode reduzir o preço da gasolina ao consumidor em cerca de 8%.

Também nesta semana, a Petrobrás anunciou aumentos nos preços da gasolina e do gás, o que deve pressionar a inflação.

IPCA de setembro abaixo das expectativas e sinalização de menos pressões sobre serviços

O IPCA registrou alta de 1,16% no mês de setembro (consenso: 1,25%; XP: 1,26%) e de 10,25% no comparativo anual (consenso: 10,33%, XP: 10,35%). O número traz como surpresa positiva aceleração menor na inflação de serviços, porém riscos relacionados a alimentação e combustíveis continuam altos, e industrializados devem permanecer sob pressão. Nossa expectativa para o mês de outubro é 0,74% e 9,0% para 2021.

Anteriormente nesta semana, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, declarou que a inflação do IPCA teria seu pico em setembro, e então começaria a desacelerar gradualmente. Campos reitera que a política monetária será ajustada visando cumprir a meta de inflação para 2022 (3,5%).

Desaceleração na atividade econômica e surpresas negativas na indústria e no comércio

A produção industrial brasileira recuou 0,7% entre julho e agosto, resultado inferior às expectativas (consenso: -0,3%; XP: 0,1%). Em comparação a agosto de 2020, o volume produzido na indústria também declinou 0,7% (consenso: 0,0%; XP: 0,4%). Com isso, o efeito de carrego estatístico (carryover) para a produção industrial no 3º trimestre mostra queda de 1,5% em relação ao 2º trimestre. Projetamos expansão de 5,0% para a produção industrial em 2021 (após retração de 4,7% em 2020).

Os gargalos nas cadeias de suprimentos e a crise hídrica-energética seguem muito preocupantes, e deprimem a atividade industrial. Problemas na oferta de matérias-primas e elevação significativa dos custos vêm reduzindo níveis de produção em diversas cadeias manufatureiras. Muitas companhias sofrem com os prazos mais longos de entrega de insumos, caracterizados por dificuldades adicionais nos serviços de logística internacional e importação de bens intermediários. Em algumas atividades industriais, como fabricação de veículos e produtos eletrônicos, a normalização dos fluxos de suprimentos não deverá ocorrer antes do 2º semestre de 2022. Além disso, o setor industrial enfrenta aumento expressivo nos preços de energia elétrica, combustíveis e resinais plásticas (entre outros), itens que são essenciais na maioria dos processos de produção e distribuição de bens. As restrições na oferta de insumos, a crise hídrica e os patamares elevados das cotações de commodities energéticas (petróleo e gás) tendem a impedir uma recuperação consistente da indústria de transformação brasileira no curto prazo.     

As vendas no varejo, por sua vez, despencaram em agosto – com queda de 2,5% no mês –, resultado muito abaixo das expectativas (consenso: -0,5%; XP: -0,6%). O indicador apresentou queda em 7 dos seus 10 itens, com destaque para a categoria de "outros artigos de uso pessoal e doméstico", setor que tinha sido responsável pela surpresa altista na divulgação do mês anterior. Atribuímos ao número fraco à aceleração da inflação, deterioração das condições financeiras e maior gasto das famílias com serviços. Projetamos para setembro aumento de 1,0% nas vendas ao varejo (ampliado) e queda de -0,9% no comparativo anual.

Esperamos que o IBC-Br de agosto, proxy mensal do PIB divulgada pelo Banco Central permaneça neutra (0,0% no mês e 5,0% no comparativo anual). Para o PIB, nossa estimativa é que no terceiro trimestre a nossa economia tenha crescido 0,5%, e 4,8% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Para 2021, esperamos crescimento de 5,3%.

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O que esperar para semana que vem?

Do lado internacional, destaque para a inflação ao consumidor e ao produtor nos Estados Unidos, além de vendas no varejo e confiança do consumidor. A divulgação de dados de produção industrial na zona do euro e inflação na Alemanha, além de dados de setor externo e inflação ao consumidor na China serão termômetros importantes da recuperação econômica após restrições provocadas pela variante delta.

No cenário doméstico, a CPI da Pandemia se encaminha para um final e a PEC dos Precatórios deve seguir para votação em breve. A proposta de alteração no ICMS deve seguir em discussão. Na seara de indicadores, teremos a divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços, e o IBC-Br (proxy mensal do PIB) referente ao mês de agosto.

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