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Economia em Destaque: Começa a queda de juros

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

No cenário internacional, dados de atividade econômica e emprego mostram que a economia americana segue mais resiliente do que o previsto. Por outro lado, a indústria global continua em trajetória decliante após forte avanço durante a pandemia. Destaque para a decisão da agência Fitch de rebaixar o rating da dívida americana de longo prazo, citando desequilíbrios fiscais na maior economia do mundo.

No Brasil, o Copom começou o ciclo de corte da taxa Selic com queda de 0,50pp para 13,25% e indicou ajuste de mesma magnitude adiante. O time de Economia da XP publicou seu relatório Macro Mensal de agosto com revisões baixistas para a taxa de câmbio, Selic e inflação. Do lado de indicadores, tivemos a divulgação de mais uma decepcionante leitura da produção industrial brasileira.

Cenário internacional

Atividade econômica desacelera apenas lentamente nos EUA

Os dados de atividade econômica nos EUA vêm mostrando um quadro mais firme do que boa parte do mercado esperava. As sondagens de conjuntura do setor de serviços continuam indicando expansão, ainda que em menor ritmo do que no ano passado. No mercado de trabalho, foram criados 187 mil postos em julho – levemente abaixo dos 200 mil esperados - com desemprego recuando para 3,5% (3,6% no mês anterior). Salários avançaram 0,4% no mês, um pouco acima da inflação.

Com a economia ainda aquecida, os mercados temem que o Fed (banco central do país) volte a subir juros. Ao longo da semana, as taxas de juros dos títulos públicos subiram por lá, gerando queda nas bolsas e desvalorização das moedas emergentes – inclusive o real brasileiro.    

Na mesma linha, BCE sinaliza estar perto do fim do ciclo

O Banco Central Europeu (BCE) voltou a elevar suas taxas de juro em 0,25pp. A principal taxa de refinanciamento atingiu 4,25% a.a., em seu nível mais alto desde que o euro foi introduzido. Para frente, apesar de a inflação ainda estar pressionada, a presidente do BCE Christine Lagarde sinalizou que a decisão está aberta, e não necessariamente haverá novas altas de juros. O BCE acredita que a deflação global de custos, aliada às taxas de juros já elevadas, podem ser suficientes para trazer a inflação para a meta de 2,0% mais adiante.

EUA perde a nota máxima de crédito, segundo a Fitch

A agência de rating Fitch, uma das mais acompanhadas do mundo, rebaixou a nota da dívida soberana de longo prazo dos EUA de AAA para AA+, citando desequilíbrios fiscais recentes e esperados para os próximos anos. No relatório, a agência justificou sua decisão dizendo que “o governo carece de uma estrutura fiscal de médio prazo, ao contrário de seus pares, e possui um processo orçamentário complexo.”.

Produção industrial mundial em queda

A sondagem PMI da indústria manufatureira indicou contração em diversos países economicamente relevantes. Na China, o índice recuou de 50,5 pontos para 49,2 (leituras abaixo de 50 indicam contração). No Reino Unido, o índice caiu de 46,5 pontos para 45,3 pontos, enquanto na Zona do Euro, de 43,4 pontos para 42,7 pontos. Ao todo, o setor manufatureiro continua mostrando sinais de fraqueza ao redor do mundo, especialmente nas economias desenvolvidas. A razão provavelmente é o excesso de estoques gerados na reabertura da pandemia, em meio à demanda enfraquecendo por conta das altas das taxas de juros globais.

Petróleo em alta pode colocar desinflação global em xeque

Na quinta-feira, a Arábia Saudita informou que estenderá o período de redução de produção de petróleo em 1 milhão de barris por dia até setembro. Além disso, em nota, o país anunciou que o corte “poderá ser estendido ou aprofundado”. Como consequência, o barril do Brent, referência global, avançou quase 2% na semana para US$ 86,24. Trata-se de um obstáculo para a desinflação global e para o Brasil, uma vez que a Petrobras se sente pressionada para reajustes nos combustíveis daqui para frente.

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Enquanto isso, no Brasil...

O Copom iniciou o ciclo de corte de juros

O Comitê de Política Monetária do banco central (Copom) cortou a taxa Selic em 0,50pp, em decisão dividida (4 dos 9 diretores votaram a favor de um corte de 0,25). Nós e parte do mercado prevíamos um corte de 0,25pp. No comunicado pós-reunião, o comitê destacou os efeitos defasados ​​da alta de juros e a recente melhora nas expectativas de inflação, o que “têm dado a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização da política monetária”.

Olhando para a frente, acreditamos que o comunicado tentou soar o mais duro possível, reforçando “a necessidade de persistir em uma política monetária contracionista”. E acrescentou que considera o ritmo de 0,50 pp como “adequado” para as próximas reuniões, na tentativa de orientar os mercados futuros a não apreçar cortes mais intensos nas próximas reuniões. Nesse sentido, mantemos nosso cenário de corte de 0,50 pp em cada uma das 3 últimas reuniões de 2023, com a taxa Selic chegando a 11,75% no final do ano (12,00% antes, pois acreditávamos que o ciclo começaria com um corte de 0,25pp).

Indústria de lado

A produção industrial brasileira subiu 0,1% m/m em junho, acima da projeção de mercado, atingindo crescimento de 0,4% no segundo trimestre. Apenas uma entre quatro atividades econômicas cresceram na margem, enquanto bens de capitais seguem trajetória de queda, recuando 4,8% segundo trimestre. No geral, prevemos que a indústria brasileira crescerá modestos 0,8% em 2023. Esperamos que o PIB brasileiro cresça 2,2% no ano.

Publicamos nossa revisão de cenário, reduzindo o câmbio para 4,70 reais por dólar este ano

Como temos apontado em nossos relatórios, o ambiente global tem sido benigno para o Brasil. Parte do desempenho positivo dos ativos brasileiros neste ano está relacionada a isso.

Revisamos nossas projeções de taxa de câmbio para 4,70 reais por dólar no final de 2023 (5,00 antes) e 4,85 no final de 2024 (5,15 antes), em linha com o enfraquecimento global do dólar e o bom patamar dos termos de troca brasileiros.

Com a inflação corrente melhor e a perspectiva de câmbio mais valorizado, ajustamos a projeção de IPCA de 2023 de 4,7% para 4,6%, e de 2024 de 4,1%, para 3,9%. O câmbio mais valorizado permite juros um pouco mais baixos. Reduzimos nossa Selic terminal de 10,50% para 10,00%. Vemos o viés expansionista da política fiscal como limitador para quedas adicionais de juros em 2024.

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O que esperar da semana que vem

No Brasil, a agenda econômica será agitada. Na terça-feira, teremos a divulgação da ata do Copom, após decisão de corte de 0,50pp na taxa Selic para 13,25%. Na sexta-feira, conheceremos o IPCA fechado de julho, para o qual a XP projeta leve alta de 0,01% m/m, condizente com expansão interanual de 3,87%. O mercado aguarda alguma decisão da Petrobras sobre reajustes em combustíveis, que hoje operam com preços cerca de 30% abaixo da paridade internacional. Em nossas contas, uma alta de 1% na gasolina implica impacto de 0,03pp na projeção de IPCA. Além disso, teremos a divulgação pelo IBGE da Pesquisa Mensal do Comércio na quarta-feira e da Pesquisa Mensal de Serviços na quinta-feira.

Na seara internacional, estará no centro das atenções a divulgação do índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos (CPI, sigla em inglês) relativo a julho, na quinta-feira. Na sexta-feira, a inflação ao produtor (PPI, sigla em inglês) também do mês passado será divulgada. Na China, serão divulgadas as leituras da balança comercial (segunda-feira) e a inflação ao consumidor e produtor (terça-feira). Esses dados são referentes a julho. No Reino Unido, destaque para a leitura do PIB do segundo trimestre na sexta-feira.

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