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Criação de empregos formais (BEm) acima do esperado em fevereiro

Mercado formal de trabalho surpreende positivamente em fevereiro. O programa de manutenção de emprego e renda ainda ajuda. A piora da pandemia deve afetar o ritmo de recuperação, mas o progresso da vacinação e normalização da atividade deve reverter o quadro no 3º trimestre.

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O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) registrou geração líquida de 402 mil empregos formais em fevereiro de 2021, resultado muito acima do consenso de mercado e da nossa expectativa (ambos ao redor de 250 mil vagas). Em termos dessazonalizados, a criação de postos formais subiu de 233 mil em janeiro para 295 mil em fevereiro. A média móvel de 3 meses, por sua vez, mostrou sutil desaceleração no período, ao passar de 310 mil para 290 mil empregos. Em linhas gerais, o CAGED publicou outro resultado bastante sólido, completando o nono mês consecutivo de leitura positiva.

As admissões cresceram 2,6% entre janeiro e fevereiro, totalizando 1,562 milhão de ocupações. Por sua vez, os desligamentos contraíram 2,7% no período, somando 1,270 milhão de postos (nível próximo ao observado nos meses imediatamente anteriores à deflagração da pandemia no Brasil). Olhando para os dados desagregados, todos os principais setores econômicos exibiram criação líquida de ocupações em fevereiro (pelo oitavo mês consecutivo). Destacamos o saldo apresentado pelo setor de serviços, que saltou de 75 mil em janeiro para 110 mil em fevereiro, já descontados os efeitos sazonais. As atividades de Comércio (de 71 para 83 mil), Indústria de Transformação (de 50 mil para 70 mil) e Construção Civil (de 25 mil para 36 mil) também apresentaram maiores gerações líquidas de postos formais. 

Já em relação ao acumulado em 12 meses, o saldo de emprego formal subiu de 474 mil para 687 mil entre janeiro e fevereiro, reforçando a avaliação de resiliência do mercado de trabalho formal brasileiro em meio à pandemia. Neste sentido, cabe mencionar que um número significativo de empregos formais vem sendo preservado pelo programa BEm (Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda), principalmente em relação às micro e pequenas empresas. Esta iniciativa do governo federal provavelmente será renovada em breve, como resposta à deterioração adicional da crise de saúde pública no período recente. De acordo com o Ministério da Economia, o programa BEm abrangeu cerca de 20 milhões de contratos de trabalho e 9,8 milhões de trabalhadores ao longo de 2020.

Adicionalmente, é importante ressaltar que os dados do CAGED têm sido consistentemente melhores em comparação aos da PNAD Contínua do IBGE (considerando apenas as categorias de trabalho formal). Existem muitas controvérsias sobre esta discrepância, o que merece investigação adicional. Em suma, embora reconheçamos possíveis problemas relacionados ao envio de informações referentes a desligamentos de trabalhadores - a pandemia parece dificultar o compartilhamento oficial de informações - julgamos que a pesquisa do CAGED segue como importante ‘termômetro’ para o mercado de trabalho formal.

Olhando para frente, o agravamento da crise sanitária (e consequentemente, restrições de mobilidade social mais rígidas) deve levar a alguma desaceleração no ritmo de criação de empregos ao longo do 2º trimestre deste ano. No entanto, prevemos uma reversão desta tendência já a partir do 3º trimestre, em linha com o progresso da vacinação contra a Covid-19 e reabertura gradual da economia.

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