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Copom: mantendo o plural, mantendo o ritmo

O Copom reduziu a taxa Selic de 12,75% para 12,25%. O comunicado de hoje é consistente com nosso cenário base de que o Copom continuará cortando a taxa Selic em 0,50pp nas próximas reuniões.

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O Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central – divulgou, hoje à noite, redução de 0,50pp na taxa Selic, de 12,75% para 12,25%.

O comunicado que acompanhou a decisão trouxe alguns elementos hawkish (duros) e dovish (suaves) para a política monetária, em nossa avaliação.

Por um lado (hawkish), o Copom acrescentou que “o ambiente externo mostra-se adverso, em função da elevação das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos, da resiliência dos núcleos de inflação em níveis ainda elevados em diversos países e de novas tensões geopolíticas”. O Comitê avalia que o cenário exige atenção e cautela por parte de países emergentes. Além disso, o Copom afirmou que a inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, mas segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta de inflação, enquanto as medidas mais recentes de inflação subjacente ainda se situam acima da meta para a inflação. O Comitê também destacou que “a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária” (chamou a atenção a inclusão do termo “apenas” em comparação ao último comunicado).  

Por outro lado (dovish), os membros do Copom escreveram que “o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres” – notamos a exclusão do comentário sobre “maior resiliência” da atividade.

Em síntese, consideramos que o comunicado que acompanhou esta decisão de juros veio ligeiramente mais hawkish que o anterior.

Conforme antecipávamos, a projeção do Copom para o IPCA de 2023 caiu de 5,0% para 4,7%, em linha com as surpresas baixistas com a inflação corrente e a redução nos preços da gasolina. Enquanto isso, a expectativa para o IPCA de 2024 subiu para 3,6%, ligeiramente acima da estimativa anterior de 3,5%, como reflexo de uma projeção mais elevada para a inflação de bens administrados (5,0% versus 4,5%). Para o IPCA de 2025, por fim, a projeção do Copom subiu de 3,1% para 3,2%, provavelmente devido à maior inércia inflacionária e a uma taxa de câmbio um pouco mais depreciada. O aumento nas previsões de inflação para 2024 e 2025 compreende outro elemento um pouco mais duro da comunicação.

Na parte de sinalização da política monetária, “os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”. A manutenção da forma plural veio em linha com a nossa expectativa. Sua retirada poderia sugerir alguma disposição do Copom em alterar o ritmo de corte de juros no início de 2024.

A nosso ver, se isso tivesse ocorrido, grande parte do mercado consideraria uma maior probabilidade de redução no ritmo de corte da Selic (de 0,50pp para 0,25pp), o que tenderia a afetar os preços de ativos financeiros de forma relevante. Logo, sua manutenção - nas próximas reuniões - reforçou a avaliação do Copom de que 0,50pp é o ritmo apropriado de diminuição da taxa básica de juros, e reduziu o grau de incerteza sobre a condução da política monetária no curto prazo.

Ainda, o comunicado manteve a mensagem de que “tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”. Isto é, nenhuma alteração na parte relacionada às contas públicas.

Portanto, o anúncio do Copom é consistente com o nosso cenário base de redução da taxa Selic em 0,50pp nas próximas reuniões. Olhando adiante, as taxas de juros mais elevadas nos EUA e as incertezas fiscais domésticas tendem a limitar o espaço para cortes em 2024. Reforçamos nossas projeções de taxa Selic a 11,75% no final de 2023 e 10,00% em 2024.

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