Eufrásia Teixeira Leite: conheça a brasileira que foi pioneira nos investimentos no século 19

Se hoje o mercado financeiro brasileiro cresce diariamente, com mais e mais investidores buscando diversificar sua carteira e mais rentabilidade, podemos ter a impressão que esse é um fenômeno recente.

No entanto, estamos longes de ser jovens nesse sentido, já que uma brasileira nascida em 1850 já rentabilizava seu capital antes até da bolsa brasileira nascer. Eufrásia Teixeira Leite foi a primeira investidora brasileira, reconhecida pela ONU e pela B3, inclusive.

Herdeira de grande fortuna familiar, oriunda da época de ouro do café brasileiro, Eufrásia investiu por mais de 50 anos em 13 países e 7 moedas diferentes, incluindo as bolsas de Nova Iorque, Paris e Londres, as maiores do mundo no momento.

Conheça um pouco da história dessa pioneira brasileira:

História

Neta dos barões de Itambé e Campo Belo e sobrinha dos barões de Vassouras, Eufrásia nasceu em uma das famílias mais ricas do Brasil no século XIX. Grandes plantadores de café, também fundaram a Cada Teixeira Leite & Sobrinhos, que emprestava dinheiro a juros e outras negociações financeiras dentro do ramo do café.

Nascida em Vassouras, a “princesinha do café” da região serrana carioca, Eufrásia herdou junto de sua irmã Francisca Bernardina uma fortuna avaliada em 767 contos de réis após a morte precoce de seus pais, no intervalo de dois anos.

Um ano depois em 1873, herdou mais 106 contos de réis dos seus avós. Com a decadência da região de Vassouras, pelo esgotamento do solo, a riqueza das irmãs se concentrou em uma casa e notas promissórias da empresa de comissário do pai.

Quer saber o que fazer com o seu dinheiro? Baixe o relatório "Onde Investir 2024"

Clique aqui

Então, venderam alguns de seus capitais e no mesmo ano foram morar em Paris, principal centro europeu da época e onde iniciaria sua jornada como investidora.

Descobrindo o mercado europeu

Com muito dinheiro guardado, as irmãs chegaram em Paris com uma mentalidade diferente. Ao invés de comprar imóveis e ativos produtivos, começaram a investir no mercado financeiro. Seus primeiros ativos foram ações de empresas tecnológicas, que forneciam máquinas e soluções para as principais fábricas da fervorosa Revolução Industrial.

Diversificando em empresas de diferentes países e moedas, esteve presente no forte movimento de globalização produtiva e de capital que a marcaria o começo do novo século. Seguiu investindo no Brasil, principalmente em bancos como o Banco do Brasil e o Mercantil do Rio de Janeiro, indústrias têxteis, a Antártica – antiga Ambev – e as primeiras companhias responsáveis pela construção de ferrovias no país.

Investia também em títulos públicos, moedas e debêntures, mas com foco sempre nas ações. Seu patrimônio final acumulava ações de quase 300 empresas diferentes.

Primeira mulher a entrar na Bolsa de Valores de Paris, Eufrásia enfrentou grandes desafios com seus investimentos, incluindo a Primeira Guerra Mundial, o difícil pós-guerra, além da Grande Depressão de 1929.

Volta ao Brasil e legado na educação

Sua irmã faleceu em 1899, decorrente de uma deformação na bacia. Solteira e envelhecendo sozinha em Paris, retornou ao Brasil definitivamente em 1928. Passou algum tempo em sua chácara em Vassouras, a famosa Casa da Hera, mas logo mudou-se para um apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro.

Com problemas recorrentes nos rins, faleceu no dia 13 de setembro de 1930 em seu apartamento no Rio de Janeiro. Sem filhos, sobrinhos ou herdeiros próximos, destinou sua fortuna avaliada em 37 milhões de réis para instituições educacionais e de caridade em sua cidade Natal, Vassouras.

A Casa da Hera virou um dos principais museus da era do café do sudeste brasileiro e sua herança construiu instituições como o Instituto Feminino, o Colégio Regina Coeli, o SENAI da cidade além do Hospital Eufrásia Teixeira Leite.

Invista melhor diante dos diferentes cenários em 2024. Baixe agora o relatório XP e saiba como!