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Varejo: Uma pausa para repensar nossa visão e riscos do setor

Nós tiramos um momento para reavaliar a perspectiva e os principais riscos do nosso setor frente ao aumento de volatilidade sendo visto no mercado brasileiro. Dado que o setor é altamente correlacionado com o panorama econômico (principalmente taxas de juros) e confiança do consumidor, os papéis do setor tem tido uma dinâmica desafiadora. Mesmo assim, continuamos vendo bons nomes para ter na carteira e reiteramos Arezzo, Vivara e Assaí como nossas preferências da cobertura.

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Nós tiramos um momento para reavaliar a perspectiva e os principais riscos do nosso setor frente ao aumento de volatilidade sendo visto no mercado brasileiro. Dado que o setor é altamente correlacionado com o panorama econômico (principalmente taxas de juros) e confiança do consumidor, os papéis do setor tem tido uma dinâmica desafiadora. Mesmo assim, continuamos vendo bons nomes para ter na carteira e reiteramos Arezzo, Vivara e Assaí como nossas preferências da cobertura.

Uma pausa para repensar nossa visão e riscos do setor

Perspectiva macro roubando as atenções e ofuscando os fundamentos. O aumento dos riscos políticos e fiscais combinados com preocupações de uma inflação mais elevada aumentaram a percepção de risco no Brasil, o que levou a um aumento da expectativa de juros no Brasil. Como resultado, temos visto três principais movimentos em termos de posicionamento:

  1. Diversificação para renda fixa, câmbio e/ou ativos internacionais;
  2. Aversão a risco motiva migração para papéis de maior qualidade e mais seguros, o que favorece empresas com histórico sólido de entregas e uma posição de liderança estabelecida (por exemplo, consolidadores ou líderes de mercado);
  3. Redução na exposição a papéis mais correlacionados com juros, com empresas de e-commerce/tecnologia sendo as que mais sofrem dentro da nossa cobertura devido à sua maior exposição ao valor de longo prazo (nomes de alto crescimento), enquanto empresas do setor de consumo discricionário também sofrem por conta de receios em relação à demandas futura frente a uma menor renda disponível e confiança do consumidor mais baixa.

Curva de juros de 30 anos no Brasil (%)

Fonte: Bloomberg, XP

Assaí como o lugar seguro para se estar; Arezzo e Vivara adicionam um sabor à carteira. Frente a esse cenário, preferimos a exposição a nomes de alta qualidade com um histórico sólido de entregas e um forte posicionamento. Olhando para os segmentos, vemos o atacarejo como um combo de proteção contra inflação, resiliência e crescimento com Assaí sendo nossa preferência. Já no segmento do consumo discricionário, nós esperamos que os resultados continuem a melhorar com a reabertura enquanto empresas focadas em classes mais altas oferecem uma resiliência maior. Aqui, Arezzo e Vivara são nossas preferências. Finalmente, farmácia é um setor resiliente enquanto o ecommerce deve continuar a enfrentar maior volatilidade.

Um rápido olhar em cada segmento

ecommerce é o elefante na sala. Os nomes de e-commerce/tecnologia foram de longe os que mais sofreram dentro da nossa cobertura, sendo este o principal tópico de nossas discussões com investidores nos últimos dias. Além do cenário macro, a competição mais acirrada tem sido uma preocupação crescente no segmento, já que os lucros divulgados recentemente mostraram margens pressionadas e comissões menores, enquanto empresas internacionais como Amazon e Shopee continuam investindo fortemente no país. Acreditamos que a dinâmica de curto prazo deve permanecer pressionada, embora, após a recente venda desses papéis, o valor das ações está mais próximo ou abaixo dos níveis observados no pico da pandemia.

Juros longo do Brasil (30 anos) vs. performance do ecommerce

Fonte: Refinitiv Eikon, XP *curva de CDI está invertida no eixo para ilustrar correlação

Um segmento turbulento à primeira vista, mas com alguns refúgios. O segmento de consumo discricionário é muito dependente da renda disponível e da confiança do consumidor e, portanto, pode parecer um setor complicado para se ter nesse momento. No entanto, acreditamos que existem nomes de alta qualidade com histórico sólido e forte posicionamento (sendo consolidadores e/ou líderes de mercado) para se ter. Além disso, esperamos que os resultados continuem melhorando com a reabertura da economia. Na nossa visão, os principais riscos do segmento são: (i) continuidade de deterioração das perspectivas econômicas e da confiança do consumidor, com empresas focadas em atender classes de renda mais alta oferecendo uma maior resiliência frente às demais; e (ii) uma nova onda da Covid, embora tenhamos uma visão de que, mesmo caso isso aconteça, não deveria ser tão preocupante quanto as ondas anteriores dada a eficácia da vacinação que vem sendo vista no exterior.

Juros longo do Brasil (30 anos) vs. performance de consumo discrionário

Fonte: Refinitiv Eikon, XP *curva de CDI está invertida no eixo para ilustrar correlação

Uma combinação de resiliência, proteção contra inflação e crescimento. Vemos a exposição ao varejo alimentar como uma boa proteção contra a inflação, além de ser o segmento “mais seguro” do setor em termos de resiliência, já que os alimentos são itens necessários e, portanto, só serão reduzidos/cortados das compras das famílias em momentos extremos. Embora acreditamos que os supermercados devem enfrentar uma dinâmica desafiadora no 2º semestre, continuamos construtivos com o formato de Atacarejo uma vez que o mesmo se beneficia da reabertura através da recuperação do canal B2B (bares, restaurantes, utilizadores e transformadores) enquanto esperamos que o formato ganhe participação daqui para frente dada a sua proposta de valor de custo/benefício atrativo, que pode até ser alavancada em um cenário de menor renda disponível. O principal risco que vemos aqui é uma desaceleração relevante da inflação ou até mesmo deflação, o que vemos como improvável dado que a mesma vem até surpreendendo para cima.

Juros longo do Brasil (30 anos) vs. performance do varejo alimentar

Fonte: Refinitiv Eikon, XP *curva de CDI está invertida no eixo para ilustrar correlação

O setor de farmácias é um segmento resiliente para se ter. Saúde e higiene pessoal estão no fim da lista de “corte” de despesas da população, o que torna as empresas do setor mais resistentes frente a um cenário econômico mais desafiador. Além disso, o setor tem enfrentado uma dinâmica positiva com o aumento do fluxo de pessoas nas ruas bem como com o reajuste dos preços de medicamentos, que deve continuar beneficiando os resultados das empresas daqui para frente. Finalmente, um orçamento mais apertado poderia favorecer os conceitos de hub de saúde das farmácias devido à sua proposta de custo/benefício mais interessante, enquanto o plano de benefícios da Pague Menos (Sempre Bem Club) pode servir como uma alternativa interessante aos planos de saúde. Em termos de riscos, vemos a discussão da revisão do reajuste de preços como o principal, embora vejamos uma probabilidade muito baixa de se concretizar.

Juros longo do Brasil (30 anos) vs. performance de farmácias

Fonte: Refinitiv Eikon, XP *curva de CDI está invertida no eixo para ilustrar correlação
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