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Unipar (UNIP6) | Explorando caminhos de crescimento

ealizamos um NDR (non-deal roadshow) com a Unipar e investidores para explorar as perspectivas da empresa. Veja nossos comentários.

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Feedback do NDR (non-deal roadshow) com investidores brasileiros

Realizamos um NDR (non-deal roadshow) com a Unipar com investidores brasileiros para explorar as perspectivas da empresa. O atual ciclo de crescimento da empresa tem consistido em múltiplas camadas: (i) projetos de autoenergia renovável; (ii) projetos de expansão: escalada da expansão da unidade de Santo André e nova unidade em Camaçari; (iii) substituição da produção baseada no mercúrio, o que facilitará a exportação a melhores preços e reduzirá custos. O crescimento baseado principalmente em cloro/soda cáustica é justificado pelo potencial de demanda decorrente da baixa penetração de saneamento básico no Brasil. Para os próximos passos, a Unipar acredita na combinação do crescimento orgânico e na busca de oportunidades de M&A para trazer diversificação e alcançar uma estrutura de capital mais equilibrada ao longo do tempo.

Realizamos um NDR (non-deal roadshow) com o CFO da Unipar, o Sr. Marco Rabello junto a investidores brasileiros, para explorar as perspectivas da empresa.

Sinais para um fim deste ciclo? 2023 tem sido um ano difícil, como esperado: assim como discutimos em nosso início de cobertura para o setor petroquímico (aqui), a indústria tem enfrentado um momento desafiador de preços/spreads baixos. No entanto, a Unipar vê os primeiros sinais potenciais de estabilização. Os preços do PVC mostraram uma recuperação, e a Soda Cáustica encontrou um platô (embora em níveis baixos). No entanto, ainda é cedo para classificar como uma melhoria estrutural. Dito isso, a empresa vem entregando resultados saudáveis apesar desse ambiente difícil (margem Ebitda no 1S23 em 31%) e prevê um ano melhor em 2024, com recuperação a partir do segundo semestre.

A alocação de capital foi tema recorrente nas discussões devido: ao sólido histórico da companhia (historicamente apresentando níveis impressionantes de ROIC), às metas de crescimento, à posição líquida de caixa e à participação no processo de aquisição da Braskem. Quanto ao último ponto, o momento e os resultados do processo em curso da venda da participação da Novonor na Braskem são ainda muito incertos, de modo que a Unipar está ativamente buscando outros caminhos para o crescimento. A empresa acredita na combinação de crescimento orgânico (focado em Soda Cáustica/Cloro), bem como na busca de oportunidades de fusões e aquisições, para alcançar uma estrutura de capital mais equilibrada ao longo do tempo.

Muitos caminhos reforçam a posição competitiva da Unipar no mercado de soda cáustica/cloro. O atual ciclo de crescimento tem muitas camadas diferentes. Primeiro, os projetos de autoenergia renovável, que estarão totalmente operacionais em 2024, fornecerão ~80% da energia elétrica necessária para as operações brasileiras e devem adicionar uma economia anual no EBITDA da empresa de ~R$ 100 milhões. Em segundo lugar, a empresa acaba de iniciar o processo de ramp-up para uma adição brownfield na unidade de Santo André (+30kty em Cloro e +33kty em Soda Cáustica) e uma nova unidade em Camaçari (+20kty em Cloro e +22kty em Soda Cáustica) que devem entrar em operação no 3T24. Uma terceira avenida está na substituição da produção baseada na rota do mercúrio pela rota da membrana na unidade de Cubatão (com início de operação em 2025) e a empresa deve fazer um movimento semelhante na unidade argentina antes de 2030. Tais investimentos permitirão que a empresa exporte produtos a preços melhores (já que alguns países proíbem produtos fabricados à base de mercúrio), além de reduzir custos, consumo de energia elétrica e capital de giro. A Unipar também vê potencial para mais projetos na Argentina com o objetivo de suprir a crescente necessidade de soda cáustica e cloro por um mercado nascente (e em expansão) de mineração de lítio no país, embora a empresa ainda espere por uma melhor visibilidade sobre as políticas econômicas futuras antes de decidir por um novo projeto.

Por que Cloro/Soda Cáustica e não PVC? A Unipar gosta do negócio de PVC, quando combinado com Cloro/Soda Cáustica, para se beneficiar de sua correlação negativa histórica nos preços. A nova fase de crescimento busca um mix mais equilibrado em termos de receita/EBITDA entre os três produtos. Além disso, o Brasil tem um potencial de demanda muito promissor decorrente da penetração baixa de saneamento básico (tendo um impulso do Marco Legal do Saneamento), impactando principalmente o Cloro (mas em alguma medida também a Soda Cáustica e o PVC). Note-se, que o Brasil é um forte importador líquido de Soda Cáustica (~3,5x a quantidade produzida no país). Quanto ao cloro, suas propriedades corrosivas o tornam um produto perigoso (e caro) para se transportar por longas distâncias, o que poderia dar às empresas um poderoso poder de precificação (por exemplo, nos EUA, a Olin aproveitou regras mais restritas para o transporte do cloro e implementou uma estratégia de “value over volume” que fez os preços internos dispararem). Isso explica a decisão da Unipar de investir na nova unidade de Camaçari, um novo desenho para um projeto greenfield, que se assemelha a uma “ilha química”, que consiste em plantas menores, com rápido prazo de construção (18 a 24 meses) e baixo capex (~R$ 250 milhões), aproximando a produção de cloro de seus clientes. A Unipar pretende fazer mais projetos como esse. Ainda assim, a implementação pode depender de como a demanda se consolidará ao longo do tempo, o que definirá o momento e o local de novas unidades.

Preços do cloro (USD/t)

Fonte: Visible Alpha, Unipar e Research XP

As fusões e aquisições podem trazer diversificação, e a alavancagem cai mais rápido do que o crescimento orgânico. Por isso, a Unipar busca a combinação dessas duas vias de crescimento. A internacionalização pode estar nos planos da empresa, mas agora, as oportunidades no Brasil parecem muito mais atraentes. A Unipar vê isso devido a  um ambiente de juros altos por um tempo prolongado aliado a preços/spread baixos no setor petroquímico. Devido à sua expertise, escala e posição de caixa líquido, a empresa está muito bem posicionada para consolidar o setor químico do Brasil e sua equipe de M&A está procurando oportunidades onde a Unipar possa colher sinergias e se beneficiar de alta TIR/ROIC.

A estrutura de capital é subótima, mas as perspectivas de investimento e gestão de passivos justificam-na a curto prazo. A administração da Unipar reconhece que a empresa opera atualmente com uma estrutura de capital abaixo do ideal, mas que se adequa à dinâmica de perspectivas de crescimento da companhia. Caso essa condição persista, na ausência de um movimento de M&A ou de algum dispêndio de capital intenso, a Unipar pode precisar explorar alternativas para ajustar sua posição de caixa, por meio de dividendos ou outras iniciativas. A Unipar pretende explorar oportunidades de gestão de passivos e, eventualmente, deve acessar mercados internacionais: seu perfil de receita atrelada ao dólar fornece um hedge natural para os títulos atrelados ao dólar.

Nossa opinião: Vemos a Unipar como um caso único de crescimento e resiliência em meio a um negócio volátil. Apesar do historico comprovado da empresa, ainda é um caso de investimento ao qual a maioria dos investidores institucionais locais só agora começa a prestar mais atenção. Vemos a companhia em um processo de aumento de liquidez e conscientização que pode resultar em um re-rating futuro. Mantemos nossa recomendação de compra.

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