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São Martinho (SMTO3): no 1T22 fiscal, preços mais altos compensam clima desafiador; reiteramos Compra

Confira os detalhes do resultado do 1T22 fiscal da São Martinho. Mantemos recomendação de Compra para o papel.

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Diante de uma das piores secas dos últimos anos, além do trimestre mais curto devido ao início tardio da colheita, a São Martinho divulgou um trimestre robusto com EBITDA crescendo 40,1% A/A e EBIT +99,4% A/A, sanando qualquer dúvida sobre o momento positivo para o setor de açúcar e etanol.

A alta dos preços do açúcar e do etanol deve sustentar a briga pelo ATR no mercado, o que mais do que compensa os efeitos negativos na produtividade devido a uma das piores estiagens em muito tempo, somando ainda plantações queimadas pela geada que afetaram inúmeras empresas do setor, felizmente a São Martinho não foi uma delas.

Continuamos otimistas com o setor de açúcar e etanol e esperamos que o preço médio para o 2T22 fique acima do 1T22, com isso mantemos nossa recomendação de Compra para SMTO3 com preço-alvo de R$ 38/ação para março/22. Aguardamos mais detalhes na teleconferência de resultados da empresa, realizada no dia 10/08 às 15h (BRT).

Destaques Financeiros: receita aumenta 29% A/A diante de preços mais altos

A Receita Líquida da São Martinho aumentou 28,8% no 1º trimestre da safra atual (21/22) em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, apesar da queda de 12,9% na moagem de cana-de-açúcar. A queda foi parcialmente compensada por um ATR mais alto, mas o destaque fica por conta do bom momento para os preços do açúcar (+28,3% A/A) e etanol (+87,7% A/A); os preços da energia proveniente da cogeração também subiram de maneira expressiva (+24,9% A/A).

Entretanto, vale destacar que o clima não foi o único problema que desafiou os resultados da SMTO, com o CPV aumentando 19,0% A/A, principalmente devido aos custos agrícolas mais elevados, principal razão para nossa divergência nas projeções de EBITDA.

Destaques Operacionais: clima desafiador impacta moagem de cana (-13% A/A)

Conforme mencionado acima, devido às condições climáticas adversas, a maioria das indústrias do setor de açúcar e etanol do Centro-Sul do Brasil deve apresentar perda de produtividade nesta temporada. No 1T22, a SMTO moeu 8,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar (-12,9% A/A), enquanto o ATR aumentou de 131,2 no 1T21 para 135,0 neste trimestre (+2,9%), reduzindo a perda total de produção para 10,4%.

A seca no Centro-Sul do Brasil deu o tom para os resultados do 1T22, situação que prevalece desde 2020 e ainda não sinaliza melhoras. Por um lado, levou à queda no processamento de cana-de-açúcar: desde o início da safra até 16 de julho, a região Centro-Sul do Brasil registrou queda de -7% em volumes (~256,7 milhões de toneladas), com a produção de São Paulo diminuindo cerca de ~13%.

Por outro lado, o clima mais seco também levou a um ATR maior (+3% A/A), mitigando parcialmente os menores níveis de moagem. Por fim, a São Martinho afirmou ainda que as geadas ocorridas durante o mês de julho não devem afetar significativamente o seu guidance oficial divulgado em junho.


Glossário: Entenda o básico do setor de açúcar e álcool

Açúcar VHP

Açúcar Refinado

Açúcar Orgânico

Etanol Anidro

Etanol Hidratado

ATR

Esse é o açúcar bruto; quando o açúcar é exportado, geralmente ele é transportado nesse formato. Seu nome vem da sigla em inglês para “Polarização Muito Alta”, o que indica que ele contém alto teor de sacarose em sua composição.

Esse é o açúcar que passou pelo processo de refino químico e que costuma ser vendido em pacotes de 1kg nos supermercados. Durante seu processamento, ele perde grande parte de suas características nutricionais, no entanto.

O açúcar orgânico não leva nenhum ingrediente artificial em sua produção, do plantio à industrialização. Ao invés de usar agrotóxicos, eventuais pragas na cana-de-açúcar são combatidas com predadores naturais como vespas, por exemplo.

Esse é o etanol em sua versão praticamente pura, com mais de 99% de álcool. Essa é a versão que é misturada na gasolina, conforme determinação do governo, com o objetivo de baratear o combustível e reduzir sua emissão de poluentes.

Esse é o etanol em sua versão misturada com a água (cerca de 95% de álcool e 5% de água). Essa é a versão que é vendida nas bombas de combustível espalhadas pelo País e que pode ser utilizada no caso dos carros flex.

Essa é a sigla para Açúcar Total Recuperável, ou seja, a quantidade de açúcar (em quilogramas) que de fato sai da cana colhida (em toneladas). Nessa conta, por exemplo, é excluído o bagaço da cana, que pode ser reutilizado de outras formas.


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