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Shopee e Shein com dias contados?

Veja nossa opinião sobre a possibilidade de uma tributação sobre plataformas cross-border e o potencial impacto nas ações de varejo.

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Frente às novas notícias indicando uma potencial MP para aumentar a taxação de produtos vendidos em plataformas cross-border, nós revisitamos o tema e trazemos um update com a visão do nosso time de Política sobre o tema. Hoje, a discussão está restrita ao Ministério da Economia, contando com algum apoio interno, apesar de preocupações com o potencial impacto da sua aprovação na imagem do governo. Caso ela avance, nós vemos as varejistas de moda como as mais beneficiadas, uma vez que o modelo de negócios da Shein é essencialmente baseado em importações com a competitividade de preço como um diferencial importante, enquanto acreditamos que o Shopee provavelmente aceleraria operações locais (que hoje já ultrapassam de 85% do GMV).

Maior tributação em vista?

Novas notícias indicam que o governo está preparando uma MP (medida provisória) para aumentar a taxação de produtos vendidos em aplicativos cross-border, como Shopee, Shein, AliExpress e Wish. Essas discussões já estão ocorrendo há algum tempo, uma vez que varejistas e indústrias brasileiras tem demandado uma maior fiscalização dessas plataformas para conter sua escalada impulsionada principalmente pela alta competitividade de preço oferecido. De acordo com a notícia, o governo estaria estudando tributar qualquer mercadoria comprada nessas plataformas em 60%, independente de seu valor (vs. apenas o produtos acima de US$50 como é feito atualmente).

Pauta de fato em discussão, mas estágio parece ainda inicial

Conversamos com o nosso time de Política para entendermos o andamento dessa pauta. A discussão em Brasília ainda está restrita ao Ministério da Economia, na Receita Federal. Há apoio de setores dentro do ministério, mas restam também dúvidas sobre os efeitos que a medida poderia ter para a imagem do governo. Para além do Ministério da Economia, a discussão também precisaria passar pelo corpo técnico do Palácio do Planalto antes de a medida provisória ser efetivamente editada, o que ainda não havia acontecido até esta semana. Não há prazo para essa análise, que acaba tendo seu timing definido principalmente por fatores políticos.

Medida pode ser popular e impopular a depender do ângulo

Conforme discutimos no Carrinho XP sobre esse tema, vemos dois principais desafios para a implementação da medida: i) a vemos como potencialmente impopular por reduzir um poder de compra já pressionado do consumidor médio brasileiro; e ii) vemos desafios na fiscalização do lado da Receita, uma vez que apenas o Shopee foi responsável de 140 milhões de pedidos no 4º trimestre (~1,5mi ao dia). Nosso time de política confirmou que de fato há alguma resistência à medida por conta do primeiro ponto, enquanto uma solução para o segundo seria tributar a compra direto no site. Do lado popular, a medida daria fôlego aos varejistas e indústrias brasileiras, o que poderia potencializar a geração de renda/emprego no país.

Potencial gatilho para as ações; Shein mais impactada na nossa visão

Apesar de enxergarmos desafios para a medida ser aprovada tanto por conta do seu potencial viés impopular como devido à eventuais priorizações do governo em um ano de eleições, acreditamos que ela poderia ser um gatilho positivo para as ações de ecommerce e varejistas de moda, principalmente lojas de departamento. No entanto, vemos um impacto positivo mais estrutural para varejistas de moda uma vez que o modelo de negócio da Shein é essencialmente baseado em importação enquanto seu baixo preço é um diferencial importante. Já no caso de Shopee, acreditamos que o possível aumento de tributação aumentaria o foco da companhia em acelerar a captação de sellers locais, que já ultrapassam 2mi e representam mais de 85% das vendas do marketplace. Dessa forma, seguimos cautelosos com as empresas de ecommerce, enquanto temos uma visão mais construtiva para Lojas Renner (LREN3).

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