O que você vai encontrar nesse relatório:
- Desde o início de 2021, as taxas de juros de longo prazo têm se elevado no mundo, como consequência das políticas fiscais expansionistas e da recuperação do crescimento econômico no mundo.
- Para as ações brasileiras, isso significa: 1) à medida que as taxas sobem nos Mercados Desenvolvidos e o dólar se valoriza, os fluxos para os Mercados Emergentes podem ser impactados; 2) um dólar forte também pode afetar os preços das commodities; 3) as ações de crescimento parecem mais vulneráveis, além dos setores mais sensíveis a taxas domésticas mais altas, como ações do setor elétrico e consumo básico.
- Com sinais de alta da inflação no Brasil, o Banco Central elevou a taxa de juros em 0,75% na reunião de março. A curva de juros agora se deslocou para cima, precificando a taxa Selic em dois dígitos nos próximos cinco anos.
- Em um cenário de inflação em alta, os ativos em dólares tiveram o melhor desempenho nos últimos 25 anos. Durante este período, os investimentos em ações americanas, ouro, commodities e dólar tiveram retornos superiores em comparação a ações e renda fixa domésticas. Listamos também quais ações comprar nesse cenário.
- Quanto à pandemia, o número de casos e mortes relacionadas à Covid-19 continua aumentando drasticamente no Brasil e a vacinação, que começou lenta, tem acelerado e se mostra crucial nesse momento.
- Embora não tenha como saber exatamente quando a maioria da população será imunizada, sabemos que isso acontecerá em algum momento no futuro. E quando olhamos para os mercados onde a atividade voltou a acelerar, podemos ver que as ações de setores cíclicos e expostas à reabertura se recuperaram fortemente nos EUA e Europa. Listamos quais ações brasileiras se beneficiam da reabertura econômica.
- Nesse mês, estamos fazendo 2 alterações na Carteira Top 10 XP e 1 na Carteira Dividendos: 1) na Carteira Top 10 XP, entra GNDI (GNDI3) e sai Rede D'Or (RDOR3); sai Pão de Açúcar (PCAR3) e Assaí (ASAI3) passa a ter peso de 10% ao invés de 5%; e 2) Na Carteira Dividendos, sai Taesa (TAEE11) e entra AES Brasil (AESB3).
Desde o início de 2021, uma mudança têm ocorrido nos mercados globais. O reflation trade (expectativa de aceleração de inflação) iniciado no começo de novembro que, combinado com estímulos fiscais adicionais, levaram à abertura da curva de juros de longo prazo. Consequentemente, as expectativas de inflação futura também subiram.
A julgar pelo aumento da volatilidade em muitas classes de ativos importantes nos últimos meses, parece que os mercados ainda não estão preparados para uma discussão sobre taxas de juros de curto prazo mais altas, inflação mais elevada e estímulos em dólares que serão retirados em breve.
Os altos valuations para os mercados de ações globais parecem vulneráveis neste novo ambiente com taxas de juros de longo prazo mais altas. Em particular, é o caso de um subsetor do mercado, as ações de crescimento (growth, em inglês), precificadas em um cenário de forte crescimento contínuo e taxas de juros próximas de zero. Se os rendimentos dos títulos de longo prazo permanecerão altos, ou se podem subir ainda mais, não é o foco desse relatório. Nosso foco é: como as ações brasileiras são impactadas por isso?
- O dólar recuperou um pouco de seu brilho - o índice do dólar (DXY Currency) valorizou +4,2% em relação às mínimas recentes, ao passo que o diferencial de taxas de juros perante outras economias desenvolvidas aumenta. Por exemplo, o título alemão de 10 anos está em uma taxa de -0,4% atualmente e, com a taxa de juros do Tesouro americano de 10 anos em 1,6%, há uma diferencial de juros de 2p.p. Se a narrativa do “dólar fraco” mudar daqui para frente, os fluxos para os Mercados Emergentes podem começar a ser impactados.
- Cuidado com os preços das commodities - o índice CRB (índice de commodities) subiu +40% nos últimos 9 meses, e há um grande consenso em manter posições compradas em commodities. Embora concordemos com essa visão, estamos cientes do fato de que títulos com juros mais altos e um dólar forte podem começar a pesar sobre os preços desses ativos, pois eles tendem a se beneficiar do cenário oposto - com o dólar fraco e juros próximos a zero. Os metais preciosos já começaram a sentir os efeitos, com o preço do ouro caindo -10,0% no acumulado do ano e a prata -7,5%. Enquanto isso, os preços de matérias-primas e metais pesados (como níquel e cobre) ainda estão em alta como resultado de uma forte economia global.
- As ações de crescimento brasileiras parecem mais vulneráveis - assim como nos EUA, as ações de crescimento brasileiras sofreram com essa rotação de Growth para Value (ou empresas de valor). Nomes como Magazine Luiza, Mercado Livre (que não é brasileiro, mas tem bastante exposição ao país) e alguns IPOs recentes relacionados à tecnologia viram os preços de suas ações corrigirem -7% a -30% no último mês. Se as taxas globais continuarem a subir, esses nomes podem continuar a ter dificuldades no curto prazo.
- Nomes sensíveis às taxas de juros também - setores que são mais sensíveis à alta nas taxas de juros, como Setor Elétrico e Imobiliário, também têm enfrentado dificuldades ultimamente no Brasil. No entanto, acreditamos que isso seja impulsionado principalmente pelas taxas de juros domésticas mais altas do que pelas taxas globais, como discutiremos a seguir.
Dito isto, o índice Ibovespa subiu +6,0% em reais no mês de março e, com a moeda local mais fraca, +4,1% em dólares. Porém, no ano, a Bolsa brasileira continuou a se descolar dos mercados globais, e acumula queda de -2,0% em reais e -10,8% em dólares.
E quanto às taxas de juros brasileiras, inflação e os impactos sobre as ações?
Recentemente, a taxa de inflação no Brasil voltou a preocupar. O IGP-M, índice mais focado em preços no atacado, já disparou desde o ano passado e agora gira em torno de 30% ao ano (vs. 6,5% em maio de 2020), enquanto o IPCA também começou a dar sinais de que a inflação está acelerando.
Isso levou o Banco Central do Brasil a antecipar o ciclo de alta das taxas de juros, elevando as taxas mais do que o esperado na última reunião de março, +0,75% contra o consenso de mercado de +0,5%. Inicialmente, o mercado reagiu positivamente a essa decisão e as taxas DI de longo prazo caíram, porém isso logo se reverteu. Como resultado, toda a curva de juros DI subiu e agora está precificando a taxa Selic retornando ao nível de dois dígitos nos próximos cinco anos.
Quais ativos comprar em um cenário de inflação mais alta?
Agora, com o mercado precificando um cenário em que o Brasil volta para uma situação com inflação e juros em alta, vale a pena olhar para as melhores oportunidades de investimento e de proteção deste cenário.
Nos últimos 25 anos, os melhores ativos em termos de desempenho quando a inflação subiu foram ouro (+28,0%), ações americanas (+22,1%), dólar (+21,1%) e commodities (+14,9%). Por outro lado, os índices Ibovespa e Small Caps apresentaram desempenho inferiores. Vale ressaltar que olhamos os retornos em reais e o gráfico abaixo sugere que ter investimentos em dólares é a estratégia vencedora quando a inflação está subindo.
Quais ações comprar em um cenário de taxa de juros mais alta?
Mesmo com a alta da taxa Selic acima do esperado na última reunião, o Banco Central indicou que ainda há mais por vir. Apesar do cenário de subida de juros, que geralmente é visto como negativo para a Bolsa, há oportunidades de investimento.
Como mencionamos no nosso relatório Selic a 2,75%: quais ações se beneficiam e pagam dividendos acima da taxa básica de juros?, ações do setor financeiro, seguradoras e empresas importadoras tendem a se beneficiar com a alta na taxa Selic.
Abaixo são as ações que, segundo o nosso estudo, tendem a ter um bom desempenho nessas condições:
A pandemia ao redor do mundo e no Brasil
A vacinação contra a Covid-19 vem se acelerando em todo o mundo, com mais de 14 milhões de doses administradas diariamente. Em comparação, menos de um milhão de doses estavam sendo aplicadas no início deste ano. Isso permitiu que as economias começassem a se reabrir e que as pessoas finalmente pudessem ver uma luz no fim do túnel.
No entanto, a vacinação tem sido desigual ao redor do mundo, com alguns países se saindo melhor do que outros.
No caso do Brasil, o país já distribuiu mais de 18 milhões de doses, o dobro do mês anterior. E o ritmo de vacinação também aumentou, com cerca de 500 mil vacinas sendo aplicadas diariamente hoje. Ainda assim, considerando as doses administradas a cada 100 pessoas, o país imunizou 8,6 para cada 100 brasileiros, atrás de várias outras regiões.
Além de uma vacinação mais lenta, a situação da pandemia continua a piorar. O país ultrapassou 12 milhões de casos de Covid-19 em março e continua batendo recordes diários de mortalidade. Com isso, restrições de mobilidade foram impostas em partes do país novamente, o que deve levar a um recuo atividade econômica nos próximos meses.
Em outros lugares, a pandemia voltou a causar preocupações. Especificamente, regiões da Europa estão vendo uma terceira onda de casos, levando países como a Itália e a Alemanha a reimpor medidas de distanciamento. Isso trouxe preocupações de que a recuperação econômica global pode demorar mais do que esperado.
Como os mercados têm se comportado?
Como mencionamos, o reflation trade (expectativa de aceleração de inflação) tem começado a ocorrer nos mercados à medida que os investidores têm se tornado mais confiantes de que uma recuperação econômica está próxima.
Esse movimento tem sido particularmente forte nos EUA, onde a vacinação contra a Covid-19 avança rapidamente e as atividades estão acelerando. Como resultado, podemos ver que os setores cíclicos no S&P 500, como Energia, Financeiro e Industrial, têm apresentado desempenhos superiores no acumulado do ano.
Por outro lado, quando olhamos para o Brasil, o mercado tem desapontado. Olhando para o índice MSCI Brasil, que acumula baixa de -3,6% no ano, 8 dos 11 setores estão em território negativo, incluindo aqueles que são mais sensíveis à recuperação econômica.
Quais ações se beneficiam da reabertura da economia?
Com partes do mundo ainda atrasadas na vacinação e vendo uma nova onda de casos de Covid-19, preocupações com o retorno à normalidade pesaram nos mercados no mês de março.
Ultimamente, os investidores globais têm oscilado entre a confiança de que as economias estão se recuperando e a incerteza de quando isso finalmente acontecerá.
Embora o mundo ainda esteja longe de imunizar a maior parte da população e alcançar a imunidade coletiva, sabemos que isso acontecerá em algum momento no futuro. E os mercados que estão à frente na vacinação, como os EUA, nos dão uma ideia de como podemos nos posicionar no Brasil quando o país finalmente chegar lá também.
Abaixo, listamos 18 ações que devem se beneficiar em um mundo pós-pandemia:
Nós escolhemos essas ações com base em: 1) maiores descontos em relação ao valor máximo do último ano; 2) valor de mercado acima de R$ 5,0 bilhões; 3) recomendação de Compra pelo consenso segundo a Bloomberg; 4) estar sendo negociada com desconto em relação aos pares de seu setor, com base no múltiplo Preço/Lucro (P/L) de 2022; 5) não ser de setores defensivos, como Telecomunicações, Saúde, Alimentos, Elétricas & Saneamento, ou empresas exportadoras que não devem necessariamente se beneficiar da vacina e da reabertura econômica.
Target do Ibovespa - mantido em 135.000 pontos
Nós mantemos a nossa projeção para o Ibovespa para o fim de 2021 inalterada em 135 mil pontos. Acompanharemos de perto os próximos desenvolvimentos tanto no Brasil quanto no mundo. Os principais fatores que impactam esse valor justo são: 1) lucros das empresas, e 2) taxa de desconto, que por sua vez é relacionada com o risco país e com as taxas de juros de longo prazo. Apesar das taxas de longo prazo terem subido recentemente, as projeções de lucro também subiram, mantendo o target inalterado em 135.000.
Pesquisa: Assessores da XP dão suas visões sobre o que esperar da Bolsa em 2021
Nos últimos dias, realizamos uma nova edição da nossa pesquisa com os assessores da XP Matriz e assessores de investimento de escritórios autônomos filiados à XP Investimentos. A pesquisa mostrou que os assessores e seus clientes estão mais cautelosos em relação ao Ibovespa. A média de palpites calculada para a Bolsa brasileira no final de 2021 foi de 127.756 pontos, o que representa uma queda de -0,7p.p. M/M (128.660 pontos em fevereiro). Tal visão mais cautelosa ocorre principalmente devido ao crescente número de infecções e mortes por conta da Covid-19 e as consequentes preocupações em relação à retomada da economia. No entanto, seus clientes não estão pessimistas a ponto de vender seus posições em ações. A maioria pretende manter seus investimentos (58%, +11p.p. vs. fevereiro). Veja o relatório completo clicando aqui.
Top 10 ações XP
Como foi a performance de cada nome da carteira no mês?
Em março, nossa carteira Top 10 ações XP subiu 8,4%, acima da alta de 6,0% do Ibovespa no mês. Leia abaixo as razões da performance de cada um dos 11 nomes que compunham nossa carteira em março e o que esperamos olhando para frente.
Assaí (ASAI3): o desempenho sólido e acima do Ibovespa nas ações do Assaí pode ser explicado também pela materialização da cisão da companhia da estrutura do GPA, que aconteceu no dia 1 de março, e a consequente reavaliação de suas ações.
B3 (B3SA3): durante o mês de março, as ações da B3 performaram abaixo do índice Ibovespa impulsionado principalmente pelo aumento da Selic acima do esperado. Apesar disso, os dados operacionais referentes a fevereiro apresentaram aumento do volume financeiro médio diário (ADVT) de 34,8% no período e aumento de 6,8% na comparação mensal. O número de investidores ativos seguiu crescendo 3,6% mensalmente e 77,2% anualmente, atingindo 3,5 milhões de investidores. Com isso, permanecemos otimistas com a retomada do mercado de capitais e com as taxas de juros ainda em patamares baixos.
Bradesco (BBDC4): durante o mês de março, as ações do Bradesco performaram acima do índice Ibovespa impulsionado principalmente pelo aumento da Selic acima do esperado. Com isso, mantemos nossa recomendação de Compra baseado em: i) fonte de receitas diversificada e defendida, contando com a maior seguradora e um dos maiores bancos de investimentos do Brasil; ii) grande potencial de ganho de eficiência com redução da operação física e digitalização do banco; e iii) valuation atrativo.
Klabin (KLBN11): vemos a performance negativa das ações da Klabin no mês como resultado de um forte movimento de sell-off com o acirramento da pandemia do coronavírus ao redor do mundo. Esse cenário negativo mais do que compensou a leve alta do dólar no período, além das sucessivas altas no preço de celulose e os fortes números de vendas de papelão ondulado no Brasil. Reiteramos a nossa recomendação de Compra nas ações, uma vez que vemos boas perspectivas em relação ao aumento de demanda pelos produtos da companhia, como a retomada das economias dos Estados Unidos e China, e avanço das vacinações nesses países que são os principais mercados consumidores de celulose. Além disso, acreditamos que papéis para embalagens e papelão ondulado continuarão sendo beneficiados pelo e-commerce no Brasil.
Lojas Americanas (LAME4): atribuímos o desempenho fraco e abaixo do Ibovespa nas ações de Lojas Americanas no mês de março à continuidade do movimento de rotação de investidores para ações de valor. Porém, continuamos a destacar a Lojas Americanas como nossa preferência no setor, com recomendação de Compra e preço alvo de R$36,0 por ação para o fim de 2021, por vermos a empresa bem posicionada e com uma estratégia clara para se tornar um ecossistema, além de estar negociando a um valuation muito atrativo, em 1,0x EV/GMV 2021e. Por fim, reforçamos mais uma vez nossa visão de que esperamos que a B2W seja o destaque da nossa cobertura em 2021 em termos de ganhos de participação de mercado no e-commerce.
Marfrig (MRFG3): entendemos que a performance positiva do papel no mês reflete um resultado robusto no 4T20, que foi divulgado no dia 8 de março. No trimestre, o EBITDA ajustado consolidado foi de R$ 2,1 bilhões, uma expansão de 30% na comparação com o 4T19; adicionalmente, a empresa gerou R$ 1,5 bilhão de caixa livre no período (+165% A/A), surpreendendo positivamente o mercado. Como já dissemos anteriormente, olhando para frente, acreditamos que os resultados da Marfrig em 2021 devem sofrer uma acomodação em relação aos resultados estelares alcançados ao longo de 2020. Dito isso, ainda assim, reiteramos nossa recomendação de Compra, com base em quatro argumentos: (i) nossa visão otimista quanto à operação na América do Norte; (ii) a continuidade das fortes exportações vindas da América do Sul; (iii) a redução do custo da dívida da empresa, processo que deve ser bem vista pelo mercado; (iv) o pioneirismo da Marfrig na frente ESG, sobretudo do lado Ambiental. Enxergamos a Marfrig sendo negociada a pouco mais de 4x EV/EBITDA 2021, patamar que consideramos atrativo – ou seja, apesar da alta recente, ainda haveria espaço para valorização, na nossa opinião. Adicionalmente, entendemos que sua exposição ao mercado externo é interessante, sobretudo em um momento de turbulências políticas domésticas e real desvalorizado (vale lembrar que mais de 90% da receita da empresa é dolarizada), portanto optamos por mantê-la na carteira.
Omega (OMGE3): durante o mês de março, o desempenho das ações da Omega Geração ficou abaixo da performance do índice Ibovespa (-0,6% vs. +6,0%). O desempenho mais negativo das ações do setor elétrico pode ser explicado devido ao efeito do estresse na curva de juros, o que afeta ações do setor elétrico como um todo, e principalmente aquelas que apresentam um perfil longo de fluxos de caixa. Apesar disso, continuamos a acreditar que a Omega é uma das oportunidades de melhor risco-retorno no setor elétrico. Em primeiro lugar, destacamos que o valor atual das ações não reflete os ativos que a companhia já possuí. Além disso, a execução consistente de transações de M&A (fusões e aquisições) tanto dentro do Grupo Omega quanto com terceiros, deve reforçar a confiança dos investidores na estratégia de crescimento da Omega, bem como deve concretizar a visão de que a empresa é uma consolidadora no segmento de energias renováveis. Mantemos recomendação de Compra nas ações, com preço-alvo em 12 meses de R$50/ação.
Pão de Açúcar (PCAR3): o desempenho sólido e bem acima do Ibovespa nas ações do Grupo Pão de Açúcar pode ser explicado (i) pela materialização da cisão do Assaí, que aconteceu no dia 1 de março, e a consequente reavaliação das ações da companhia, e (ii) pelas notícias relacionadas à potenciais desinvestimentos de ativos no GPA e no Casino, principalmente sobre a participação do grupo na Cnova, a empresa de capital aberto que opera a unidade de varejo online Cdiscount. Segundo as notícias veiculadas, a fatia de 65% do Casino na companhia valeria cerca de 1,5 bilhão de euros, de acordo com dados da Bloomberg.
Rede D'Or (RDOR3): em nossa opinião, o desempenho negativo do papel em março reflete dois fatores principais: i) a instabilidade política que afeta as histórias de crescimento em geral; e ii) o impacto negativo da segunda onda da COVID-19 no Brasil para os hospitais, que resulta em um menor número de procedimentos eletivos trazendo pressão na receita e margens. No entanto, é importante notar que vemos esses impactos como conjunturais e não estruturais, portanto, não impactando nossa visão positiva de longo prazo para a Rede D'Or.
Tenda (TEND3): atribuímos a performance das ações da Tenda ao sólido resultado referente ao quarto trimestre de 2020, ao anúncio de uma nova parceria com a Tecverde, e à evolução no modelo off-site (construção remota) com a nova fábrica e certificação DATEC dentro dos prazos estipulados pelos executivos. Mantemos nossa recomendação de Compra e preço alvo de R$37,20/ação. Nossa recomendação se baseia na: i) execução e reputação sólida da companhia; ii) fortes resultados financeiros e operacionais; iii) construção off-site (remota) que pode destravar um crescimento adicional para a companhia.
Vale (VALE3): atribuímos a performance levemente negativa das ações da Vale em relação ao Ibovespa à forte queda dos preços de minério de ferro para US$165,15/t (-6% no mês), mais do que compensando a leve alta do dólar no período. O preço da commodity vem sendo bastante impactado pelas notícias de restrição de produção de aço na China, apesar da alta de 13% A/A na produção de aço no acumulado de janeiro e fevereiro, além de outros sinais de diminuição da demanda por aço, visto que o crescimento no desenvolvimento de propriedades e infraestrutura começou a diminuir, enquanto e os estoques de vergalhão na China começaram a crescer rapidamente. Adiante, esperamos um retorno de dividendos anualizado de 8,8% em 2021.
Abra sua conta na XP Investimentos e conte com o nosso time especializado de assessores.
Alterações da carteira Top 10 Ações
Nesse mês, estamos realizando duas mudanças na nossa Carteira Top 10 Ações XP: Entra GNDI (GNDI3) e sai Rede D'Or (RDOR3); sai Pão de Açúcar (PCAR3) e Assaí (ASAI3) passa a ter peso de 10% (vs. 5% anteriormente).
Estamos retirando a Rede D’Or (RDOR3), pois a segunda onda da Covid-19 deve impactar negativamente as receitas e margens da empresa no curto prazo, com uma possível postergação de procedimentos eletivos (como aconteceu no primeiro semestre de 2020). Estamos adicionando a GNDI (GNDI3) por acreditarmos que, como operadora, a empresa deve se beneficiar de receitas recorrentes e melhores margens devido a menores índices de sinistralidade (custo médico) como resultado de um menor número de procedimentos eletivos. Além disso, estamos otimistas sobre as perspectivas de crescimento para a empresa com uma maior consolidação do mercado pelas vias orgânica e inorgânica. Por último, a fusão, que será provavelmente aprovada, com a Hapvida deve gerar sinergias consideráveis, agregando ainda mais valor a uma história que já é atrativa.
Estamos retirando Pão de Açúcar (PCAR3) e mantendo Assaí (ASAI3), pois, como ressaltamos anteriormente em nosso relatório após a cisão do Assaí, destacamos que há algumas reservas de valor dentro do GPA que podem ser destravadas ao longo do tempo, mas não vemos nenhum evento claro que motive isso (como era o caso da cisão do Assaí). Além disso, (i) ressaltamos que após a cisão das ações do Assaí, nossa carteira “Top 10” ficou com 11 papéis durante o mês de março, e (ii) destacamos as ações do ASAI3 como nossa preferência no setor de supermercados, por conta de um valuation muito atrativo, em 15x P/L 2021e (um desconto de 35% vs. seus pares internacionais), enquanto vemos muito potencial de crescimento a ser entregue. Sendo assim, optamos por retirar as ações do GPA (PCAR3) e manter as ações do Assaí (ASAI3), lembrando que o Assaí é uma companhia focada no segmento de atacarejo, com 184 lojas espalhadas em 23 estados diferentes e contando com 10 centros de distribuição.
Top Dividendos XP
Em março, nossa carteira Top Dividendos XP subiu 12,8%. Leia abaixo as razões da performance de cada um dos 5 nomes no mês e o que esperamos olhando para frente.
Cesp (CESP6): a CESP continua a apresentar um sólido patamar de geração de caixa, conforme demonstrado ao longo dos últimos trimestres. Com isso, acreditamos que a companhia deve continuar a distribuir pelo menos o dividendo mínimo de R$1,85/ação previsto pelo seu estatuto. Em 2020, a companhia atingiu uma distribuição de 49% sobre o lucro líquido, reforçando a nossa visão de que a CESP é uma das nossas preferidas como pagadora de dividendos. Estimamos um dividend yield de 6,6% entre 2021 e 2022. Com isso, reiteramos nossa recomendação de Compra na CESP, com um preço-alvo de R$ 36/ação.
EdP (ENBR3): destacamos como positiva a nova política de dividendos adotada pela companhia em agosto de 2020, segundo a qual a EdP distribuirá a acionistas o maior entre os seguintes valores (i) 25% do Lucro Líquido, (ii) 50% do Lucro Líquido ajustado por efeitos não caixa como os resultados do segmento de transmissão e (iii) R$1/ação. Estimamos um dividend yield de 5,5% em 2021-22 para ENBR3. Mantemos nossa recomendação de Compra na EdP Energias do Brasil, com um preço-alvo de R$ 21/ação.
Engie (EGIE3): a Engie Brasil se destaca por sua capacidade diferenciada de se proteger de efeitos hidrológicos adversos, somada à sua diversificação de portfólio com a entrada nos setores de transmissão de energia e transporte de gás. Acreditamos que a companhia deverá manter uma prática de distribuição de 100% do Lucro Líquido aos acionistas em 2021, assim como ocorreu em 2020. Estimamos um dividend yield de 9,5% em 2021. Temos recomendação Neutra em EGIE3 com preço-alvo de R$ 44/ação.
Taesa (TAEE11): vemos a posição da Taesa como confortável para manter a distribuição de 100% de lucros em 2021. De acordo com o Estatuto Social da Companhia, o dividendo anual mínimo distribuído é de 50% do Lucro Líquido Ajustado do exercício. Entretanto, a companhia tem apresentado um histórico de pagamento de dividendos bem acima da remuneração mínima que consta em seu Estatuto. Estimamos um dividend yield de 6,3% em 2021-22 para TAEE11. Mantemos nossa recomendação Neutra em TAESA, com preço-alvo de R$ 32/unit.
Copel (CPLE6): a companhia divulgou uma nova e robusta política de dividendos em janeiro de 2021. De acordo com a nova política, as propostas de dividendos regulares serão calculadas conforme os critérios: (i) alavancagem abaixo de 1,5x = 65% do Lucro Líquido Ajustado, (ii) alavancagem entre 1,5x e 2,7x = 50% do Lucro Líquido Ajustado e (iii) alavancagem acima de 2,7x = 25% do Lucro Líquido Ajustado. Com isso, estimamos um dividend yield de 10,8% em 2021-22 para CPLE6. Mantemos nossa recomendação de Compra nas ações da Copel, com um preço-alvo de R$ 7,5/ação (destacamos que a companhia realizou um desdobramento de ações na proporção 1:10 em 12 de março de 2021).
Alterações da carteira Top Dividendos
Neste mês, realizamos uma troca na nossa carteira Top Dividendos XP: sai Taesa (TAEE11) e entra AES Brasil (AESB3).
Acreditamos ser um momento oportuno para realizar os lucros da Taesa (TAEE11), dado a recente alta de +6,3% das suas units no dia 29 de março (e +27,4% no mês de março), logo após a divulgação de fato relevante informando que a Cemig (controladora da TAESA) pretende vender sua participação de 21% na companhia. Acreditamos que o patamar em que as ações estão negociando não refletem apenas os fundamentos da empresa, mas também um prêmio associado a expectativas de M&A. Por outro lado, esperamos um dividend yield de 6,9% em 2021-22 para as ações da AES Brasil (antiga AES Tietê, novo ticker AESB3), que recentemente passou por uma restruturação societária (com migração para o Novo Mercado) e é uma das nossas preferidas como pagadora de dividendos.
Abra sua conta na XP Investimentos e conte com o nosso time especializado de assessores.