O que há de novo para as ações da Petrobras?
Em 30 de novembro de 2020, a Petrobras publicou seu Plano Estratégico para 2021-2025, com os principais destaques sendo:
- Investimento total estimado de US$ 55 bilhões, dos quais US$ 46,5 (84%) serão alocados no segmento de exploração e produção (E&P). Isso se compara ao investimento total de US$ 75,7 bilhões projetado no Plano Estratégico 2020-2024 (US$ 64,3 bilhões em E&P) e nossa estimativa de US$ 63,7 bilhões (US$ 53,8 bilhões referentes ao segmento de E&P);
- Produção de petróleo e gás estimada para 2025 de 3,3 mboed (milhões de barris de óleo equivalente ao dia) comparados a 3,5 mboed estimado anteriormente para 2024 e nossa projeção de 3,17 mboed. Isso implica em uma taxa de crescimento anual de produção de 4,7% em 2021-2025 em comparação com 6,7% no plano anterior e nossa estimativa de 2,69% ao ano. A produção total esperada de 2021 é de 2,75 mbpd (milhões de barris ao dia) produção de óleo de 2,23 mbpd, que se compara às nossas projeções de 2,88 mboed e 2,27 mbpd, respectivamente;
- Um custo de extração de US$ 3,8/boe (barril de óleo equivalente) no pré-sal e US$ 5,2/boe no segmento de E&P ao longo de 2021-2025E (excluindo arrendamentos e royalties);
- A meta do plano de desinvestimento de US$ 25-35 bilhões para 2021-2025. Isso se compara aos US$ 20-30 bilhões projetados no Plano Estratégico 2020-2024 e nossa estimativa de US$ 29 a US$ 35 bilhões para o plano de venda de ativos da Petrobras (ou R$89 a R$115 bilhões);
- Uma meta de alavancagem de US$ 67 bilhões de dívida bruta em 2021 (US$ 43 bilhões sendo dívida financeira de fato) e US$ 60 bilhões em 2022 (US $ 37 bilhões de dívida financeira);
- Um preço de petróleo de equilíbrio (ou seja, sem geração ou queima de caixa) de US$23/barril em 2021.
Nossa opinião: é mais prudente prometer menos e entregar mais; Reiteramos COMPRA nas ações da Petrobras
Temos uma avaliação geral neutra do Plano Estratégico da Petrobras para 2021-25, uma vez que a maioria das metas anunciadas estão em linha com as nossas projeções e refletem diversos pontos já comentados pela adiminstração da companhia ao longo do ano.
Por outro lado, acreditamos que o mercado deve ter uma interpretação ligeiramente negativa da previsão de produção de petróleo em 2021E, que foi impactada por menores expectativas de crescimento de produção de petróleo de novas unidades de produção. Notamos que esse aspecto não nos causa preocupação, tendo em vista que acreditamos que o mercado deve prestar mais atenção na maior geração de caixa e sustentabilidade financeira da Petrobras do que simplesmente um crescimento de produção de petróleo a qualquer custo.
Destacamos também como positivo que a empresa forneceu metas mais tangíveis e claras na frente ESG, visto que, em última instância, deve levar a um maior interesse em ações por parte dos investidores focados em tais métricas.
Em nossa opinião, as metas estabelecidas pela Petrobras em seu Plano Estratégico 2021-2025 são razoáveis e viáveis , e seu atingimento deve contribuir para a valorização das ações daqui em diante. Nesse sentido, consideramos a evolução das métricas de endividamento (ou alavancagem) como as mais importantes a serem monitoradas, visto que a companhia poderá distribuir mais dividendos a acionistas conforme atinge um certo patamar de dívida bruta.
Mudanças em nossas estimativas e metodologia de preços-alvo de PETR4 e PETR3
Ajustamos nossas estimativas para a Petrobras, principalmente realizando ajustes relacionados a (i) uma curva atualizada de preço Brent atualizada (US$ 48,2/barril em 2021-22E) e (ii) mudanças em nossas estimativas no segmento de E&P (principalmente relacionadas ao recente aquisição da participação minoritária na P-71 e implantação da plataforma no campo de Itapu).
Dito isso, apresentamos neste relatório uma mudança em nossa metodologia de definição dos preços-alvo de PETR4 e PETR3. A mudança reflete (i) declarações recentes dos executivos da companhia de que pretendem realizar a mesma distribuição de dividendos para ambas as classes de ações (PNs e ONs) daqui para afrente, bem como (ii) a incorporação no nosso modelo dos efeitos da nova política de dividendos da Petrobras, segundo a qual a companhia distribuirá 60% da geração de caixa da companhia (fluxo de caixa operacional subtraído de investimentos) a partir do momento que alcançar o patamar de US$60 bilhões de dívida bruta (incluindo arrendamentos).
Dessa forma, não vemos motivo matemático que justifique que uma das classes de ações da Petrobras valha mais do que a outra, pois as distribuições de dividendos a ambas as classes serão iguais e ambas as ações já desfrutam de alguns mesmos direitos segundo o Nível II de Governança da B3.
Como resultado, a partir de agora nossos preços-alvo de PETR4 e PETR3 serão os mesmos. Atualizamos nossos preços-alvo em um horizonte de 12 meses de PETR4 e PETR3 para R$32/ação, o que se compara a R$30 para PETR4 e R$29 para PETR3 anteriormente. A metodologia de definição do preço-alvo permanece a mesma (50% baseado em um fluxo de caixa descontado e 50% baseado na aplicação de um múltiplo de 5,5x sobre o EBITDA dos próximos 12 meses).
Principais destaques do Plano Estratégico 2021-2025 da Petrobras
1. Premissas de preços de petróleo
Apresentamos no quadro abaixo a premissa do preço do petróleo presente no Plano Estratégico da Petrobras de 2021-2025 e comparamos com nossas estimativas. A administração afirmou que as novas premissas de preço do petróleo (US$ 45/barril nos primeiros 2 anos e US$ 50/barril no longo prazo) refletem uma abordagem mais conservadora, dado o ambiente ainda incerto para preços de petróleo devido a pandemia da COVID-19. Além disso, a companhai deverá ser ainda mais seletiva em suas decisões de investimentos e apenas aprovará projetos que sejam viáveis a preços de petróleo de US$35/barril.
2. Investimentos estimados
A Petrobras estima investimentos totais de US$ 55 bilhões entre 2021 e 2025, dos quais 84% (ou US$ 46,5 bilhões) serão alocados no segmento de E&P (Exploração e Produção de petróleo e gás), o que está alinhado com os comentários recentes da administração de focar nas atividades mais rentáveis para a companhia (ou seja, Produção de petróleo e gás em águas profundas no pré-sal).
Esta projeção se compara aos (1) US$ 75,7 bilhões estimados no plano anterior da empresa para o período entre 2020-2024 (US$ 64,3 bilhões em E&P) e (2) nossa estimativa de US$ 63,7 bilhões (US$ 53,8 bilhões em E&P).
Atribuímos nossas projeções de investimentos mais baixas a uma abordagem mais conservadora (isto é, maior) em nossas estimativas de investimento de E&P, refletindo uma maior previsão de custos de novas plataformas e investimentos e, novos de poços, além do fato de que ainda não consideramos o impacto da venda de ativos de E&P em nossas estimativas.
3. Produção estimada de petróleo e gás
Em termos de estimativas de produção de petróleo e gás, os principais destaques do Plano Estratégico 2021-25 da Petrobras foram:
- A Petrobras projeta para 2021 uma produção de petróleo de 2,23mbpd contra nossos 2,27mbpd. Em relação à produção total de petróleo e gás, a Petrobras projeta uma produção de 2,72 mboed em 2021E, que se compara à nossa estimativa de 2,86 mboed e uma taxa de crescimento anual em 2021-25 de 4,7%, que se compara à nossa projeção de crescimento anual de 2,69% no mesmo período. Em 2025E, a Petrobras prevê uma produção total de 3,3 mboed antes dos desinvestimentos, enquanto projetamos 3,17 mboed.
- Em relação à diferença entre as nossas projeções e as da empresa em 2020, acreditamos que reflitam nossa expectativa de um crescimento mais gradual da produção de novas unidades produtivas do pré-sal, bem como o fato de não incorporarmos os impactos dos desinvestimentos ainda não concretizados em nossas estimativas.
- Em uma perspectiva de longo prazo, acreditamos que as diferenças entre as nossas projeções e as da empresa provavelmente refletem a projeção da Petrobras de 13 novas unidades de produção dentro do horizonte do plano, que se compara à nossa projeção de 7 plataformas, dado que só incorporamos em nossas projeções unidades de produção já em construção por conservadorismo.
Em nossa opinião, embora à primeira vista a previsão de produção da Petrobras não pareça ambiciosa, elogiamos a empresa por fornecer metas mais realistas e que implicam em maior geração de valor para os acionistas.
4. Geração de caixa das operações, estimativas para o plano de venda de ativos e destinação dos recursos
Em termos de fontes de recursos e destinação do fluxo de caixa gerado, destacamos as seguintes projeções da Petrobras:
- Fonte total de recursos entre US$ 140 e US $160 bilhões, divididos em (i) US$ 115-US$ 125 bilhões de geração de caixa operacional e (ii) US$ 25-US$ 30 bilhões de gestão ativa de portfólio (ou seja, execução de plano de desinvestimento de ativos);
- Isso se compara à nossa (i) projeção de US$ 122,3 bilhões para geração de caixa no mesmo período e (ii) nossa estimativa de US$ 29 - US$ 35 bilhões de geração de caixa a partir da execução do plano de venda de ativos da Petrobras;
- Quanto ao uso dos recursos, estamos alinhados com as projeções da Petrobras em uma base consolidada, destacando-se diferenças pontuais relacionadas a (i) nossas estimativas de investimento mais altas, refletindo maiores premissas de aplicação de recursos no E&P e (ii) estimativas de distribuição de dividendos mais baixas.
5. Metas de endividamento
Em termos de previsões de alavancagem e metas no Plano Estratégico da Petrobras 2021-25, destacamos:
- Projeção de dívida bruta de US$ 67 bilhões em 2021E, dos quais US$ 43 bilhões correspondem a dívida financeira (isot é, títulos de dívidas e dívidas bancárias0:
- Projeção de dívida bruta de US$ 60 bilhões em 2022E, dos quais US$ 37 bilhões correspondem a dívida financeira (isto é, títulos de dívidas e dívidas bancárias)
6. Metas ESG
Finalmente, destacamos que a Petrobras forneceu detalhes adicionais sobre iniciativas e metas do âmbito ESG (sigla em inglês que abrange iniciativas relacionadas ao meio ambiente, de cunho social e de maior governança). Dentre elas, destacamos:
- A introdução de 10 metas de sustentabilidade que dizem respeito a: redução de emissões, menor consumo de água, menor produção de resíduos e investimentos sociais;
- A inclusão de metas de emissão como um dos fatores de remuneração dos colaboradores;
- Reduções na intensidade de gases de efeito estufa na produção de O&G e vazamentos de petróleo e derivados;
- Investimentos em iniciativas como o diesel renovável e outras, com um investimento planejado de US$ 1 bilhão para projetos de sustentabilidade.
Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!