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Petrobras (PETR4) | A nova política de dividendos foi finalmente anunciada

A Petrobras finalmente divulgou na noite da última sexta-feira (28) sua nova política de dividendos. Veja nossos comentários.

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Difícil dizer se foi melhor ou pior do que o esperado

A Petrobras finalmente divulgou sua nova política de dividendos. A maior parte da política foi mantida inalterada (incluindo pagamentos mínimos trimestrais), com as principais mudanças como: (i) a recompra de ações foi confirmada como um mecanismo para devolver dinheiro aos acionistas (mas sem detalhes sobre isso); (ii) o percentual de FCO menos CAPEX a ser devolvido aos acionistas foi reduzido de 60% para 45% (esperava-se consenso acima de 40%) e; (iii) a definição de CAPEX agora considera não apenas aquisições de PP&E e intangíveis, mas também participações societárias (portanto, os riscos de M&A agora pesam diretamente na incerteza de dividendos). Especificamente para os dividendos referentes aos resultados do 2T23, agora estimamos um valor um pouco maior a ser declarado, de USD 2,8 bilhões (~R$ 1/ação ou ~3,5% yield sobre PETR4).

A Petrobras finalmente divulgou na noite da última sexta-feira (28) sua nova política de dividendos. Em comparação com a política anterior, destacamos o que foi alterado e nossos comentários sobre cada uma dessas alterações:

  • Permite que a empresa use a recompra de ações como um mecanismo para devolver dinheiro aos acionistas, incluindo qualquer valor junto com o pagamento de dividendos para atingir o pagamento de dividendo mínimo > A Petrobras tem falado sobre a recompra de ações por um tempo, então isso era esperado. No entanto, a falta de detalhes sobre isso (por exemplo, a Petrobras vai comprar ações ordinárias, ações preferenciais ou ambas? Qual será o mix de dividendos/recompras de ações que a empresa buscará?) pode ser visto como negativo pelos investidores.
  • reduziu o percentual de Fluxo de Caixa Operacional (“FCO”) menos CAPEX a ser devolvido aos acionistas de 60% para 45% > A Petrobras também já vem falando nisso há algum tempo, então essa mudança também era esperada pelos investidores. Nas últimas semanas, notamos que o consenso (nós incluídos) convergiu para um novo percentual de 40%, então 45% é ligeiramente superior. Em teoria, poderíamos esperar que os dividendos fossem revisados para cima ​​pelos analistas em cerca de 13%, mas, como mencionado anteriormente, parte desses 45% poderiam ser usados ​​para recompras de ações. No geral, embora esta mudança seja negativa, é ligeiramente positiva face às expectativas anteriores.
  • A definição de CAPEX passou a considerar não apenas aquisições de imobilizado e intangíveis, mas também participações societárias > Essa mudança também era de certa forma esperada pelos investidores, embora essa confirmação possa ser percebida como negativa. Temos falado sobre o risco de fusões e aquisições para o caso da Petrobras por um tempo e, embora a maioria dos casos potenciais que estão sendo discutidos pelos investidores sejam Braskem e Vibra, certamente existem outros alvos potenciais, no Brasil e no exterior.
  • A meta máxima de dívida bruta é definida conforme declarado no último plano estratégico, em vez de ter um número específico na política (atualmente em USD 65 bilhões) e a empresa não fala mais sobre “níveis ótimos” de dívida bruta (USD 60 bilhões antes) > Na prática, o plano anterior foi definido para atingir a dívida bruta na faixa de US$ 60 bilhões a US$ 65 bilhões, embora a Petrobras tenha entregado uma dívida bruta abaixo de US$ 60 bilhões desde o 3T21 (US$ 53 bilhões no 1T23). Ter um número específico na política coloca uma burocracia desnecessária para alterá-la caso um novo plano estratégico estabeleça uma nova meta de dívida bruta. Vemos essa mudança como neutra.

Além disso, a maior parte da política foi mantida inalterada, o que inclui: (i) pagamento mínimo anual de USD 4 bilhões quando os preços médios do Brent estiverem acima de USD 40/bbl; (ii) pagamentos trimestrais; (iii) possibilidade de pagamentos acima do mínimo (se as condições financeiras permitirem).

Difícil dizer se foi melhor ou pior do que o esperado. O fato de os pagamentos trimestrais terem sido mantidos de acordo com uma fórmula pré-definida (e não com diretrizes subjetivas) é positivo, assim como os 45% de FCO menos CAPEX ficar um pouco acima dos 40% que o consenso esperava. Por outro lado, a inclusão da aquisição de participações societárias para a definição do CAPEX e a falta de detalhes sobre as recompras de ações ainda tornam o montante de pagamento de dividendos incerto. No geral, esperamos uma reação neutra dos investidores.

O programa de recompra de ações é o próximo marco importante a ser observado. Ao contrário da maioria dos países, no Brasil os dividendos são isentos de impostos, portanto, há menos incentivo para buscar a recompra de ações às custas dos dividendos. No caso da Petrobras, se o governo optar por focar em ações ordinárias, acreditamos que a reação do mercado será negativa. No entanto, o governo enfrenta uma situação fiscal difícil e, sob essa lente, os dividendos são uma rota preferível. Em suma, nosso caso base é que o governo fará algumas recompras de ações para criar uma narrativa política, mas não o fará de maneira significativa (mas essa possibilidade continuará sendo um risco para o caso de investimento em Petrobras). Especificamente para os dividendos referentes aos resultados do 2T23, agora estimamos um valor um pouco maior a ser declarado, de USD 2,8 bilhões ( ~R$ 1/ação ou ~3,5% yield sobre PETR4).

Mantemos nossa visão de que, aos preços atuais, as juniores brasileiras de O&G sob nossa cobertura são um investimento de risco/retorno preferível. Vemos a Petrobras negociando a ~13% de dividend yield e ~ 22% FCF yield nos próximos trimestres, o que é um bom nível e suficiente para manter nossa recomendação de compra. No entanto, há muitos riscos no horizonte e a Petrobras deve continuar sendo um investimento de “baixo beta para o petróleo” (vemos o recente baixo desempenho das ações, pelo menos parcialmente explicado pela alta nos preços do Brent).

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