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Petrobras | Expansão para fertilizantes – controversa, mas esperada

A Petrobras anunciou que seu Conselho de Administração aprovou que a empresa avance com o projeto UFN-III, uma fábrica de fertilizantes. Veja nossos comentários.

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A diretoria aprovou a retomada da fábrica de fertilizantes UFN-III, um projeto com retornos menores do que o de E&P

Expansão para fertilizantes. Na sexta-feira (25), após o mercado, a Petrobras anunciou que seu Conselho de Administração aprovou que a empresa avance com o projeto UFN-III, uma fábrica de fertilizantes. Em nossa opinião, o projeto não é relevante para o caso de investimento da Petrobras, com capex remanescente estimado em BRL3,5 bilhões (c.0,7% do mkt cap) até 2028. No entanto, o aspecto qualitativo da decisão de investimento levanta preocupações sobre a futura alocação de capital no próximo plano de negócios. A decisão de investir em fertilizantes é controversa por causa de seus retornos mais baixos, mas não é totalmente inesperada. A Petrobras assegurou aos investidores que a decisão de investimento segue diretrizes de governança muito rígidas para garantir a criação de valor para os acionistas. Ainda estamos otimistas e a PBR continua sendo uma de nossas duas principais opções no setor.

Alocação de capital controversa. A decisão de retomar o projeto é controversa devido aos seus retornos mais baixos em relação ao portfólio de E&P da Petrobras, bem como ao seu histórico de má execução. O projeto foi colocado em hibernação em 2015. Posteriormente, a Petrobras decidiu sair desse segmento de mercado e tentou se desfazer de seus ativos de fertilizantes, sem sucesso. Em nossa opinião, mesmo que o projeto tenha um VPL positivo, investir em fertilizantes não é o melhor uso do foco e dos recursos da Petrobras. Um contra-argumento à nossa opinião é que o negócio de fertilizantes fornece demanda para o gás natural da Petrobras, bem como diversificação e resistência a preços mais baixos do petróleo. Ainda assim, acreditamos que o ativo deve estar em melhor situação nas mãos de um terceiro especializado em fertilizantes, desde que haja um contrato de fornecimento de gás natural de longo prazo.

Governança forte e VPL positivo. Após o anúncio, participamos de uma reunião com a equipe técnica da Petrobras. A Petrobras garantiu que a decisão de investimento está sujeita às rígidas regras de governança da empresa. De acordo com a PBR, a UFN-III produz VPL positivo mesmo em um cenário de estresse sem subsídios cruzados (por exemplo, o gás natural é precificado pelo custo de oportunidade). Como próximos passos, a Petrobras publicará RFPs (request for proposal) para os onze principais contratos necessários para a execução desse projeto. Assim que as propostas forem recebidas, a empresa reavaliará os aspectos econômicos do projeto antes de tomar uma decisão final de investimento.

Os méritos desse investimento. A favor desse projeto estão principalmente os três argumentos a seguir: (i) A fábrica já está em níveis muito avançados de conclusão física e em bom estado de conservação, de modo que o capex restante é substancialmente menor do que em um projeto greenfield. (ii) A planta está localizada próxima ao centro de demanda com vantagens competitivas sobre o produto alternativo, dados os custos substanciais de importação. E (iii) a Petrobras controla a principal matéria-prima, o gás natural. Essas são vantagens competitivas que a Petrobras tem sobre os participantes do setor de fertilizantes e que impulsionam a criação de valor do projeto.

Sobre a UFN-III. A UFN-III é um projeto em andamento para uma fábrica de fertilizantes localizada em Três Lagoas-MS. Uma vez concluída, espera-se que a fábrica produza 3,6kton de ureia (15% da demanda doméstica) e consuma 2,2Mm3/d de gás natural. Os trabalhos de construção foram iniciados em 2011 em um consórcio com a Sinopec e a Galvão Engenharia. Em 2014, o contrato foi rescindido por mau desempenho na execução. Em 2015, o projeto foi paralisado. Em 2017, a Petrobras decidiu sair do setor de fertilizantes e tentou vender o projeto, sem sucesso. No entanto, em 2023, a Petrobras revisou suas diretrizes estratégicas e decidiu buscar novamente oportunidades em fertilizantes. A empresa agora espera tomar uma decisão final de investimento e retomar o trabalho de construção em 2025. O início das operações está previsto para 2028.

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