LIVE: BRF reforça visão para 2030 e foca na diversificação geográfica e de portfólio, incluindo ração animal, para crescer nos próximos 10 anos, diz CEO à XP

Após ajustar o balanço, reduzindo a alavancagem financeira e adotando uma estratégia mais eficiente na compra de insumos, a BRF – dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy –  aposta na diversificação geográfica e de portfólio, com produtos de maior valor agregado, para crescer nos próximos 10 anos, afirma o CEO da BRF Lorival Luz. O executivo e o CFO da empresa, Carlos Moura, conversaram com os analistas da XP Larissa Pérez e Leonardo Alencar sobre os planos de crescimento da empresa, impacto do aumento de custo de insumos e estratégia de internacionalização Veja a live e confira abaixo os principais destaques.

Diversificação de portfólio

A BRF tem o objetivo de triplicar o Ebitda atual para R$ 100 bilhões em receitas anuais como parte do plano “Visão 2030”. “Queremos crescer com disciplina financeira e alavancagem abaixo de 3x,” diz Luz.

O crescimento nos próximos anos, segundo Luz, deve vir principalmente de novas linhas de negócios com foco em produtos de maior valor agregado, do crescimento da linha “plant-based”,  do investimento na produção de ração e alimentos para a indústria pet e do aumento do consumo esperado de carne suína.

Segundo Luz, a BRF já produz ração para todos os animais da cadeia de integrados. “Já temos fábrica de ração. O capex adicional que temos a fazer é marginal”, diz Luz.

Segundo o CEO da BRF, o Brasil é o maior mercado de pet do mundo, com crescimento de dois dígitos, e tem potencial para crescer. A empresa está avaliando como entrar em canais especializados nesse mercado. “A BRF tem condição de ser protagonista nesse segmento”, diz Luz.

A BRF também tem olhado para o lançamento de novos produtos nos segmentos de plant-based, de proteína vegetal, e de industrializados, focando na mudança de hábito de consumo pós-pandemia , que levou ao aumento de compras de produtos com mais praticidade e conveniência. “Mais de 80% do nosso portfólio são de produtos de alto valor agregado e estamos deixando de ser uma empresa ‘commoditizada’, que vende só carne in natura,” diz Luz.

A companhia anunciou, em março, uma parceria com a startup israelense Aleph Farms para produzir “carne cultivada em laboratório”, a partir das células dos animais. A expectativa é de que os produtos cheguem aos consumidores brasileiros até 2024.

Na linha veggie, a BRF já conta com a marca Sadia Veg&Tal.

Líder na venda de frangos, a BRF também quer aumentar o market share no segmento de suínos. “O consumos de proteína suína no Brasil ainda é baixo comparado com a Europa e estados Unidos”, diz Luz. No lado de exportação, a China continua sendo um grande comprador de carne suína em função do impacto da peste suína africana.

Ampliar a internacionalização

A BRF tem buscado oportunidades no mercado internacional que possam adicionar valor agregado, segundo o CFO, Carlos Moura.

A empresa tem forte presença no Oriente Médio, onde chega a ter 80% de market share com a marca Sadia.

Após a aquisição da processadora de alimentos  Joody Al Sharqiya Food na Arábia Saudita, no ano passado, por US$ 8 milhões, a BRF pretende investir mais US$ 8 milhões para ampliar a produção de produtos de maior valor agregado.

A Turquia tem se mostrado um mercado importante para BRF na região, onde a empresa ampliou o market share de 11% para 23%. Hoje a BRF conta com três plantas no país. “Pretendemos investir US$ 40 milhões nos próximos três anos [nas plantas na Turquia], sendo que US$ 11 milhões já estão aprovados,” diz Moura.

O investimento é focado na ampliação da venda tanto em canais tradicionais naquele país, como em food service e catering. “A Turkish Airlines é um cliente importante e temos uma visão de longo prazo para a região,” diz Moura.

Na China, a BRF tem buscado parcerias para processar e distribuir produtos de maior valor agregado.

A BRF também pretende replicar essa estratégia, de usar matéria prima do Brasil para abastecer outros mercados e produzir produtos processados,  em outros mercados como América do Norte, África e Sudeste asiático.

“Vamos trabalhar em diversificação geográfica, para produzir alimentos na China, Europa e Estados Unidos, diz Luz.

Gestão mais eficiente de custo

A BRF aposta na diversificação geográfica, na escala e na vantagem de trabalhar com produtos de maior valor agregado para conseguir repassar o aumento de custo de insumos com alta dos grãos para as vendas e conseguir ter uma “margem sustentável”, diz Luz.

“ Precisamos ser mais eficientes que nossos concorrentes, ter presença em todas as regiões com footprint adequado e ser mais eficiente na compra de grãos,” diz Luz.

Focar no timing certo de compra dos grãos e ter capacidade de estocagem também são essenciais, segundo Luz, para ter um custo mais baixo.

Segundo Luz, a vantagem da BRF é que a maior parte dos produtos da BRF são processados, que têm margem maior, e as carnes in natura são exportadas.

Por fim, nos compromissos de ESG, a BRF pretende implementar 100% de baias de gestação coletiva para matrizes suínas até 2026. “Hoje temos 45% já implantados”, diz Moura.

A empresa também tem focado em práticas de bem-estar animal e de eficiência energética, com a instalação de placas de energia solar nas granjas de integrados, diz Moura.

Veja o relatório dos analistas da XP com análise e a visão da empresa neste link

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