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10/07/2025 01:22:26 • Atualizado em 10/07/2025 10:48:51
4 minutos de leitura

Impactos das tarifas dos EUA sobre o Brasil

Impacto macro não é tão significativo, mas vemos um efeito micro e político relevante…

Fernando Ferreira
Fernando Ferreira
Estrategista-chefe e Head do Research
Felipe Veiga
Felipe Veiga
Estrategista de Ações
Raphael Figueredo
Raphael Figueredo
Estrategista de Ações
Júlia Aquino
Júlia Aquino
Estrategista Quantitativo
Lucas Rosa
Lucas Rosa
Estrategista Quantitativo

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Nesta quarta-feira (9), o presidente dos EUA propôs uma tarifa-base de 50% sobre todas as importações provenientes do Brasil, com vigência a partir de 1º de agosto. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, tanto em exportações quanto em importações (12% e 15% do total, respectivamente), totalizando US$ 40,3 bi em 2024 — o equivalente a 1,9% do PIB. Apesar da relevância, a maior parte das exportações brasileiras são commodities, que podem acabar sendo redirecionadas para outros mercados, reduzindo o impacto potencial. Em relação às importações, equipamentos de geração de energia lideram a lista, e a composição é menos concentrada do que a pauta exportadora. Em termos de ações, a Embraer apresenta a maior exposição potencial, seguida por Suzano e Tupy (veja a Tabela 1). Há ainda diversos efeitos indiretos que merecem acompanhamento, como a resposta do Brasil ao anúncio, a possibilidade de escalada para uma crise geopolítica maior ou de um acordo/negociação comercial com os EUA, e os impactos sobre o câmbio, fluxos financeiros, investimento direto estrangeiro (IDE) e sobre as eleições brasileiras de 2026.

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Tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto

O presidente dos EUA anunciou nesta quarta a imposição de tarifas-base de 50% sobre todas as importações originadas no Brasil, com início em 1º de agosto. A carta menciona razões políticas — como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro — e comerciais, destacando barreiras tarifárias que o Brasil impõe sobre produtos norte-americanos. Com isso, o Brasil passa a figurar entre os países com maior tarifa média de importação nos EUA. O presidente Lula respondeu pelo X, afirmando que o Brasil irá responder utilizando a “lei de reciprocidade”.

Exportações: 2% do PIB, 12% do total exportado, 2º maior parceiro

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil tanto em exportações quanto importações. Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,3 bilhões aos EUA (12% do total exportado), enquanto importou US$ 40,6 bilhões (15,5% do total). A pauta exportadora é concentrada em commodities, com destaque para: (i) petróleo bruto e refinado (18,8%); (ii) produtos de ferro e aço (14,7%); (iii) equipamentos de transporte (6,8%). Veja a tabela completa no relatório.

Importações: 15% do total, EUA é o 2º maior parceiro

Nas importações, os EUA respondem por 15% do total. O principal item são equipamentos de geração de energia (15% ou US$ 7,1 bi), seguidos por derivados de petróleo, plásticos, gás natural, equipamentos de transporte e produtos químicos. A pauta é mais diversificada do que nas exportações, o que pode aumentar o impacto caso o Brasil imponha tarifas de 50% como retaliação.

Essas tarifas vão permanecer?

Desde o anúncio do “Liberation Day” em 2 de abril, diversas tarifas impostas pelos EUA foram renegociadas e/ou adiadas, após acordos bilaterais com os países impactados. Isso será essencial de acompanhar — se o Brasil irá retaliar ou buscar uma solução negociada com os EUA.

Impactos macro relevantes: câmbio, IDE, inflação

Além do impacto direto nas exportações, os efeitos indiretos mais relevantes serão no câmbio, na inflação (especialmente em caso de retaliação do Brasil) e no investimento direto estrangeiro. Os EUA detêm a maior posição de IDE no Brasil em termos de participação societária: dos US$ 1,1 trilhão de estoque de IDE no país, os EUA respondem por US$ 280,4 bi (26,7%). As possíveis implicações sobre as eleições de 2026 também merecem atenção.

Nas ações, Embraer é a mais impactada

A Embraer é a empresa com maior exposição potencial, caso tenha que absorver integralmente a tarifa de 50%, sem repassar ao consumidor. Outras companhias com menor exposição são Suzano, WEG, CBA, Alpargatas, Minerva, Jalles, Tupy e outras (veja a Tabela 1). No setor de Óleo e Gás, embora a relevância das exportações para os EUA seja significativa, há possibilidade de redirecionamento para outros mercados. O Brasil também importa dos EUA derivados de petróleo, gás natural e químicos, o que pode ser afetado em caso de retaliação — empresas como a Braskem poderiam se beneficiar com maior preço e participação de mercado nas resinas plásticas no Brasil.

Como se posicionar?

Desde a criação, nossa cesta de tarifas mais altas dos EUA acumula alta de 17,3%, contra 9,6% do Ibovespa. Os nomes da cesta são: Aura, Brasil Agro, SLC Agrícola, Gerdau, Unipar e Rumo.

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XP Expert

09/07/2025 22:22:26 • Atualizado em 10/07/2025 07:48:51
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