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Expresso Alimentos & Bebidas #8

Confira os destaques do setor de Alimentos e Bebidas nesta semana.

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Confira os destaques do setor de Alimentos & Bebidas nesta semana de 5 de outubro: às segundas, falamos dos preços dos animais vivos, para entender como estão as margens dos produtoresÀs terças, abordamos exportações semanais (margens dos exportadores); já às quartas, discutimos o preço da carne (margens dos frigoríficos) . Às quintas, analisamos as margens nos Estados Unidos e, por fim, às sextas, comentamos dados de fluxo e performance das ações.

Confira a edição mais recente do Expresso Alimentos & Bebidas clicando aqui.

Por que esses dados são importantes? Porque eles impactam os preços de ações como MRFG3, BRFS3 e ABEV3. Vale lembrar que, no setor de Alimentos & Bebidas, esperamos performance melhor para frigoríficos expostos às carnes bovina e suína, ao passo que a carne de frango passa por um momento mais delicado em 2020, tanto no mercado interno quanto no mercado externo.

Quaisquer críticas, dúvidas ou sugestões de tema são bem vindas: basta deixar um comentário no final do post.


Quinta-feira: Proteínas nos EUA


Bebidas (ABEV3): Heineken abre CD em Aracaju

De acordo com o G1, a Heineken começou a operar um novo centro de distribuição em Aracaju/SE.  Trata-se do 31º CD da empresa. A unidade deve favorecer o plano de expansão da companhia na região, segundo o jornal. A companhia prevê um aumento de 10% na distribuição de seus produtos na região Nordeste no prazo de três anos.


Quarta-feira: Preços das Carnes

Utilizando os dados de preços das carnes no atacado e no varejo para setembro, enxergamos (novamente) erosão sequencial das margens dos varejistas. Com preços dos grãos e dos animais vivos em alta, os frigoríficos estariam repassando preços no atacado. Já na ponta do varejo, o repasse de preços seria inferior ao do atacado, uma vez que o consumidor final estaria demonstrando resistência em absorver patamares ainda mais elevados de preço.

Na nossa visão, tal situação não é sustentável no longo prazo, uma vez que, com o final do auxílio emergencial, a realização das eleições e a virada do ano, a demanda doméstica deveria desacelerar gradualmente, contribuindo para o arrefecimento da inflação de alimentos. Vale destacar que, no caso do frango, os patamares em 2020 seguem acima dos de 2019, refletindo cenário mais desafiador para preços no atacado para a proteína.


Margens das processadoras de frango estariam sendo comprimidas, segundo o Valor Econômico

Segundo o Valor Econômico: "A disparada dos grãos que compõem a ração achatou as margens de lucro das agroindústrias processadoras de frango, desafiando a capacidade dos frigoríficos de repassar a alta de custos ao consumidor. A explosão dos preços de farelo de soja e milho (...) só será amenizada com a redução da produção, com a queda dos alojamentos de aves nas granjas ou com reajuste de preços. (...) O risco de não ajustar a oferta é que, após a virada do ano, o auxílio emergencial acabe e, como janeiro é um mês de consumo sazonal mais fraco no Brasil e também na exportação à China, a indústria enfrente um quadro de sobreoferta e custos nas alturas - não há qualquer sinal de alívio no preço dos grãos no curto prazo -, espremendo a margem ainda mais"


Terça-feira: Exportações de Proteínas

Utilizando os dados da SECEX de exportação de setembro, enxergamos erosão sequencial das margens dos exportadores, sobretudo em função da alta dos preços da matéria prima. No caso do bovino, enquanto o preço de exportação em reais (tec) aumentou 27% A/A, os preços da carcaça aumentaram 57% A/A, levando a uma compressão de margem de 19%, ficando abaixo dos patamares de 2019 desde julho. No caso do suíno, observamos compressão de margem de 24% em setembro; por fim, para frango, a queda teria sido de 10%, inferior às demais dado que o preço do animal aumentou menos este ano do que no caso do boi e do porco. Na nossa visão, tal normalização nas margens se dá após meses de patamares excepcionais; olhando pra frente, enxergamos ligeira retomada de margens no caso de bovinos e suínos, sobretudo em função de uma potencial desvalorização adicional do câmbio, que elevaria preços de exportação em reais, mas ainda abaixo dos patamares de 2019.


Marfrig (MRFG3): empresa anuncia aquisição de planta de processados na Argentina

A Marfrig anunciou ontem de noite que comprou 100% das ações da Campo del Tesoro, líder na produção de hambúrgueres de carne bovina para o food service na Argentina. O valor total da transação foi de US$ 4,6 milhões, menos de 1% da capitalização de mercado da empresa, atualmente avaliada em R$ 10,7 bilhões.

A empresa Campo del Tesoro opera uma planta em Pilar, província de Buenos Aires, com capacidade de processamento de cerca de 15 mil toneladas/ano de hambúrgueres. Vale lembrar que a Marfrig já tinha capacidade total de 54 mil toneladas/ano de hambúrgueres na Argentina, liderando os canais de varejo e food service com as marcas Paty e Good Mark;

No Brasil, a empresa conta com capacidade de produção de hambúrgueres de 69 mil toneladas/ano. Enxergamos a aquisição, ainda que relativamente pequena, como positiva, na medida em que consolida a liderança da Marfrig no mercado argentino de hambúrgueres e reforça seu portfolio com produtos de valor agregado.


Segunda-feira: Preços dos Animais Vivos

O preço do boi gordo novamente rompeu recordes, atingindo R$ 258/@ na sexta-feira passada. Esperamos que os preços sigam fortes pelo menos até o final de novembro devido à sazonalidade da oferta. Tanto o preço do suíno quanto o do frango vivo observaram ligeira alta de 1% na semana, seguindo em patamares recordes. Mantemos nossa visão favorável a frigoríficos expostos a suínos e bovinos que, apesar da alta dos custos, tem conseguido repassar essa alta nos preços por conta da demanda aquecida.


Bebidas (ABEV3): risco de abastecimento de água pode interromper atividades em fábrica da Heineken

Segundo a revista Veja, o direito de exploração de água que abastece a maior planta da Heineken no País, em Alagoínhas/BA, foi revertido em favor do empresário Maurício Britto Marcellino da Silva e poderia culminar na inoperância da unidade. Em nota enviada à imprensa, a Heineken negou que a possibilidade de encerramento das atividades da empresa na Bahia.

Vale lembrar que a Heineken conta com 15 plantas ao redor do Brasil, o que lhe confere certa flexibilidade em termos de alocação de produção; ainda assim, caso a produção de fato venha a ser interrompida, tal situação poderia dificultar ganho de participação de mercado por parte da empresa em um momento crítico no mercado, diante do cenário de competição acirrada com a Ambev, agravada pela pandemia;

Ainda segundo a Veja, depois de 26 anos, o empresário baiano conseguiu na Justiça uma vitória sobre a Agência Nacional de Mineração que refaz todo o processo de licitação desses direitos de exploração. Consequentemente, a Heineken estaria avaliando três possibilidades:

  • importar água de outro lugar, o que poderia afetar a qualidade do produto e encarecer a operação;
  • tentar reverter a decisão na justiça, o que parece improvável dado que a decisão homologada pelo Superior  Tribunal de Justiça (STJ) deixa claro que a Heineken não faz parte do processo, exclusivo ao empresário e à ANM;
  • comprar os direitos de Marcellino da Silva, que foram estimados em 900 milhões de reais pela consultoria Duff & Phelps - como comparação, a Heineken pagou pela Brasil Kirin — antiga dona da fábrica — cerca de 2,1 bilhões.

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