Neste relatório, apresentamos nossa revisão dos resultados do 1T22 para Melnick, EZTec, Even, Trisul, Plano & Plano e MRV. No geral, vimos a maioria dos nomes relatando queda nas margens brutas, prejudicadas pelos custos sob pressão devido ao aumento dos preços das matérias-primas. Além disso, diante do cenário inflacionário mais desafiador, com juros mais altos, a maioria das empresas teve dificuldade em repassar os preços, dado o poder de compra mais limitado do consumidor.
A Melnick apresentou resultados positivos conforme o esperado no 1T22, impulsionados principalmente pela significativa expansão da margem bruta para 29,1% (+6,4 p.p. T/T e +5,0 p.p. A/A), ligeiramente acima das nossas estimativas de 28,6%. Além disso, o mix de receita da empresa no 1T22, focado em projetos de alta renda, e um preço mais alto impactaram positivamente a margem bruta, em nossa visão.
A EZTec postou resultados recuperando gradualmente após uma base mais fraca no 1T21. A receita líquida aumentou 47,3% A/A para R$287 milhões (+28,6% vs. XPe), impulsionada pela superação das cláusulas suspensivas do Exalt e Expression Ibirapuera (ambos lançados no 1T22) e à campanha promocional, que ajudou nas vendas de estoque pronto no trimestre, atingindo R$ 51 milhões (+89% T/T).
A Even apresentou resultados mistos conforme o esperado no 1T22, explicados pela margem bruta caindo para 27,6% (-0,8 p.p. T/T e -1,3 p.p. A/A), em linha com nossas estimativas. Além disso, a empresa reportou um custo não recorrente de R$ 10 milhões devido a um reforço estrutural realizado no projeto Modo Pompéia, que afetou negativamente a margem bruta.
A Trisul apresentou resultados fracos no 1T22, impulsionados por uma queda significativa de 18,8% A/A na receita líquida, que atingiu R$ 164 milhões (+6,4% vs. XPe). A margem bruta caiu 660bps A/A para 32,1% devido a pressões de custos, abaixo da nossa estimativa de 33,6%.
A Plano & Plano apresentou resultados fracos no 1T22, em linha com nossas estimativas. A receita líquida ficou praticamente estável, em R$316 milhões. Devido a pressões de custo de matéria-prima, a margem bruta caiu 680bps A/A para 29,6%, ligeiramente abaixo da nossa estimativa de 30,3%.
A MRV apresentou resultados fracos no 1T22, prejudicados pela margem bruta abaixo do esperado do core business da MRV (Operações Brasileiras) de 19,4% (-3,0 p.p. T/T e -8,5 p.p A/A), devido aos custos sob pressão. Como resultado, o lucro líquido ficou bem abaixo de nossas estimativas, atingindo R$ 71 milhões (-32,2% vs. XPe; -47,8% A/A)
Melnick (MELK3) – 1T22: Resultados positivos, impulsionados pela expansão da margem bruta
A Melnick apresentou resultados positivos conforme o esperado no 1T22, impulsionados principalmente pela significativa expansão da margem bruta para 29,1% (+6,4 p.p. T/T e +5,0 p.p. A/A), ligeiramente acima das nossas estimativas de 28,6%. Além disso, o mix de receita da empresa no 1T22, focado em projetos de alta renda e preços mais altos, impactou positivamente a margem bruta, em nossa visão. Adicionalmente, a receita líquida acelerou para R$ 207 milhões (+25,4% A/A), e acima de nossas estimativas de R$ 192 milhões. Como resultado, o lucro líquido aumentou na comparação anual para R$22 milhões (+51,8% A/A), praticamente em linha com nossa projeção (-2% vs. XPe). A Melnick também apresentou ganhos de eficiência, com despesas com vendas representando 7,8% da receita líquida (-0,3 p.p. vs. 4T21) e despesas gerais e administrativas representando 5,4% da receita líquida (-0,5 p.p. T/T).
Operacionalmente, a Melnick postou dados mistos. Do lado positivo, os lançamentos aumentaram 23% A/A e 125% T/T, atingindo R$ 578 milhões no 1T22. No entanto, as vendas líquidas caíram (-20% A/A e -53% T/T), atingindo R$87 milhões no 1T22. Como resultado, a velocidade de vendas (VSO) diminuiu significativamente atingindo 7% no 1T22 vs. 12% no 1T21 e 16% no 4T21.
EZTec (EZTC3) –1T22: Recuperação gradual em uma base mais fraca; margens abaixo das nossas estimativas
A EZTec postou resultados se recuperando gradualmente em comparação com a base mais fraca do 1T21. A receita líquida aumentou 47,3% A/A para R$287 milhões (+28,6% vs. XPe), impulsionada pela superação das cláusulas suspensivas do Exalt e Expressão Ibirapuera (ambos lançados no 1T22) e devido à campanha promocional que impulsionou as vendas de estoque pronto no trimestre, as quais atingiram R$ 51 milhões (+89% T/T). Isso fez com que o lucro bruto e o lucro líquido ficassem acima das nossas estimativas, em R$ 113 milhões (+36,2% A/A) e R$ 105 milhões (+10,9% A/A). No entanto, as margens ficaram aquém das nossas projeções. A margem bruta foi de 39,3% (-320bps A/A e -280bps vs. XPe) devido a pressões de custo acima do estimado. A margem líquida ficou em 36,4% (-100bps A/A e -580bps vs. XPe) como consequência dos resultados de equivalência patrimonial abaixo do previsto. Adicionalmente, a empresa anunciou o cancelamento das ações mantidas em tesouraria e um novo programa de recompra de até 4,3% das ações em circulação.
Do lado operacional (divulgado anteriormente), a EZTec registrou lançamentos de R$ 485 milhões no 1T22 (vs. R$ 28 milhões no 1T21), com destaque para os projetos Exalt Ibirapuera (R$ 228,4 milhões em VGV) e Expressão Ibirapura (R$ 176,9 milhões em VGV), já 43% e 51% vendidos, respectivamente. Além disso, as vendas líquidas atingiram R$303 milhões (+29% A/A), resultando em uma velocidade de vendas líquida de 11,1% (vs. 11,6% no 1T21 e 11,4% no 4T21).
Even (EVEN3) – 1T22: Lucro líquido abaixo das nossas estimativas, prejudicado pela compressão da margem bruta
A Even apresentou resultados mistos conforme o esperado no 1T22, explicado pela margem bruta ajustada caindo para 27,6% (-0,8 p.p. T/T e -1,3 p.p. A/A), em linha com nossas estimativas. Além disso, a empresa reportou um custo não recorrente de R$ 10 milhões devido a um reforço estrutural realizado no projeto Modo Pompéia, que afetou negativamente a margem bruta. Adicionalmente, a receita líquida ficou em linha com nossas estimativas em R$ 460 milhões (-2,1% vs. XPe e -32,7% A/A). Além disso, o lucro líquido da Even atingiu R$ 15 milhões (-82% A/A e -63,9% T/T), abaixo de nossas estimativas de R$ 30 milhões, prejudicado pela compressão da margem bruta. A empresa também apresentou uma queima de caixa de R$ 127 milhões, devido à aquisição de terrenos em caixa no 1T22, levando a uma posição de caixa líquido de R$ 500 milhões vs. R$ 628 milhões no 4T21, que consideramos saudável.
Do lado operacional, a Even também divulgou dados fracos, explicados pela queda de lançamentos de -16,5% A/A e -16,0% T/T, atingindo R$778 milhões no 1T22. Adicionalmente, as vendas líquidas atingiram R$252 milhões (-37,6% T/T e -57,0% A/A), levando a uma queda na velocidade de vendas (VSO), atingindo 8% vs. 13% no 4T21.
Trisul (TRIS3) – 1T22: Resultado fraco explicado por lucro líquido tênue e margem bruta pressionada
A Trisul apresentou resultados fracos no 1T22, impulsionados por uma queda significativa de 18,8% A/A na receita líquida, que atingiu R$ 164 milhões (+6,4% vs. XPe). A margem bruta caiu 660bps A/A para 32,1% devido a pressões de custos, abaixo da nossa estimativa de 33,6%. Por fim, o lucro líquido caiu 71,5% A/A para R$10 milhões (-30,2% vs. XPe) como resultado da menor diluição das despesas SG&A e maiores despesas financeiras (aumento de 190% A/A), levando a margem líquida para 6,1% (vs. estimativa de 9,3%).
Do lado operacional, a Trisul teve um desempenho negativo, na nossa visão. As vendas contratadas líquidas caíram acentuadamente (-32% A/A e -27% T/T), atingindo R$120 milhões. Como resultado, a velocidade de vendas (VSO) diminuiu significativamente para 6% vs. 14% no 1T21.
Plano & Plano (PLPL3) – 1T22: Resultados fracos nas margens pressionados pelo aumento de custos, conforme esperado
A Plano & Plano apresentou resultados fracos no 1T22, em linha com nossas estimativas. A receita líquida ficou praticamente estável, em R$316 milhões. Devido a pressões de custo de matéria-prima, a margem bruta caiu 680bps A/A para 29,6%, ligeiramente abaixo da nossa estimativa de 30,3%. Por fim, o lucro líquido caiu 56,0% A/A para R$22 milhões (+5,3% vs. XPe), principalmente devido à menor diluição das despesas SG&A, uma vez que estas aumentaram apenas 6,3% e os resultados financeiros melhoraram 87,4% A/A. Dito isso, a margem líquida ficou em 7,0%, ligeiramente acima do esperado de 6,6%. Do lado positivo, a empresa apresentou números operacionais encorajadores. As vendas líquidas atingiram níveis recordes de R$ 371,5 milhões (+10,8% A/A) e os lançamentos aumentaram 161% A/A para R$ 267,6 milhões, enquanto as vendas sobre oferta (VSO) aumentaram para 41,2% (+240bps A/A e +200bps T/T).
MRV (MRVE3) – Resultados do 1T22: Resultados saudáveis da AHS prejudicados pela redução sequencial da margem bruta
A MRV apresentou resultados fracos no 1T22, prejudicados pela margem bruta abaixo do esperado do core business da MRV (Operações Brasileiras) de 19,4% (-3,0 p.p. T/T e -8,5 p.p A/A), devido aos custos sob pressão. Além disso, a receita líquida atingiu R$ 1,67 bilhão (+4,8% A/A e -12% T/T), em linha com nossas estimativas de R$ 1,6 bilhão (+4,1% vs. nossa projeção). Adicionalmente, a MRV&Co registrou uma margem bruta tênue de 19,8% (-3,1 p.p vs. XPe; -3,6 p.p. T/T). Como resultado, o lucro líquido ficou significativamente abaixo de nossas estimativas, atingindo R$ 71 milhões (-32,2% vs. XPe; -47,8% A/A), explicado pela compressão de margem nas operações brasileiras. Do lado operacional, a MRV&Co registrou vendas líquidas recorde para um primeiro trimestre de R$ 1,74 bilhão (+7,8% A/A e -27,4% T/T), impulsionadas pela venda de projetos da AHS (subsidiária norte-americana) atingindo R$223 milhões (-71% T/T). Assim, esperamos ver uma reação negativa das ações.
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