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BRF (BRFS3): resultados sólidos no 2T20, mas mais fracos do que o esperado

A BRF reportou resultados sólidos, mas mais fracos do que o esperado no 2T20, com um EBITDA ajustado de R $ 1 bilhão 7,7% abaixo do nosso.

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A BRF reportou resultados sólidos, mas mais fracos do que o esperado no 2T20, com um EBITDA ajustado de R $ 1 bilhão 7,7% abaixo do nosso e 3,5% abaixo do consenso. A margem EBITDA consolidada de 11,3% também ficou abaixo da nossa estimativa de 12,2% e abaixo dos 14,6% do 2T19. Isso aconteceu, em grande parte, porque os custos continuam pressionados - o CPV cresceu +14% A/A.

Já os preços médios aumentaram apenas 10% no mesmo período, de R$ 7,65/kg no 2T19 para R$ 8,41 / kg no 2T20. Ou seja, os preços não aumentaram o suficiente para compensar a tendência de alta dos custos. Vale destacar, ainda, que a dívida líquida / EBITDA ajustado foi de 2,9x, vs. 2,7x no 1T20 e vs. 3,7x no 2T19.

A empresa destacou que este foi um trimestre marcado pelo Covid-19, que demandou investimentos em suas operações além de proteção às comunidades. Esse investimentos totalizaram R$ 218 milhões no 2T20. Caso os desconsiderássemos, a margem EBITDA ultrapassaria 14%, em linha com o 1T20, mas ainda 330 pontos base abaixo do 2T19 (margem de 14,6%).

Do lado positivo, as mudanças nos hábitos de consumo em função da pandemia ajudaram as vendas de alimentos processados ​​no mercado interno, aumentando as margens e levando a receita líquida para R$ 9,1 bilhões (+ 9% A/A). Em resumo, embora um pouco mais cautelosos, mantemos nossa classificação de Compra, visto que vemos as ações da BRF sendo transacionadas a um patamar ainda atrativo de 8,5x EV / EBITDA 2021.

Brasil: bons resultados com destaque para o desempenho de alimentos processados

O EBITDA ajustado do Brasil atingiu R$ 544 milhões e veio 10,2% acima das nossas expectativas. A margem EBITDA de 11,7% ficou acima da XPe de 10,8% (+39 bps A/A, mas -141 pontos-base T/T). Apesar das mudanças impostas pelo Covid-19, os preços médios aumentaram. Isso aconteceu porque eles foram impulsionados tanto pela mudança nos canais comerciais (menos foodservice, mais varejo) quanto pela mudança nos hábitos do consumidor (mais cozinhar em casa, menos comer fora).

No trimestre, aves in natura tiveram um desempenho mais fraco, com queda de volume da ordem de -13,8% A/A). Já a carne suína in natura e alimentos processados ​​tiveram desempenho positivo (+7,9% e 12,9% A/A, respectivamente). Bons resultados como esses podem ajudar a empresa nos próximos trimestres, mas o market share da empresa segue menor na comparação anual, apesar da força das marcas BRF, como Sadia e Perdigão.

A inovação pode desempenhar um papel estratégico nesse sentido. A mudança de hábitos de consumo intensificada pela quarentena pode abrir novos segmentos de mercado. Consequentemente, alguns novos produtos já apresentam boas perspectivas, como as linhas Sadia Bio e Veg&Tal. O aumento da presença online também foi destacado como estratégico para a empresa se adaptar ao “novo normal".

Mercado Internacionais foram pressionados principalmente por Exportações Diretas

O EBITDA ajustado dos mercados internacionais de 468 milhões ficou abaixo da nossa expectativa de R$ 588 milhões, além de ter caído -31% tri contra tri e -32% versus 2019. A margem EBITDA de 11,1% também fiou abaixo da expectativa da XP de 13,8%. Na comparação anual, os preços médios (em R$/kg) subiram 15% (+3,5% T/T), superando nossas estimativas em +3%. Por outro lado, os volumes caíram -8% A /A e ficaram 4% abaixo da XPe. Assim, a receita líquida ficou em linha com o esperado, e o o lucro bruto de R$ 920 milhões ficou -1,5% abaixo de nossas expectativas.

O mercado Halal responde por pouco mais da metade do volume do segmento de Exportações Diretas. Tal divisão foi o grande motivo de frustração das nossas expectativas neste tri. A receita líquida do segmento caiu 23% A/A, refletindo tanto os menores volumes (-22% A/A) quanto os menores preços (-2% A/A). A BRF mencionou três grandes motivos para a performance negativa do segmento:

  • menor poder de compra dos clientes nos principais mercados;
  • paralisação temporária da fábrica de Lajeado;
  • demanda mais fraca de restaurantes (foodservice)

Além disso, a menor alavancagem operacional e os maiores custos de produção também impactaram negativamente a lucratividade do segmento de Exportação Direta. Olhando para o futuro, a empresa acredita que, com a retomada da atividade econômica globalmente, a demanda deve melhorar.

Mercado Halal: significativamente impactado pelo Covid-19 durante o Ramadã

O EBITDA ajustado do Halal de R$ 101 milhões encolheu 63% A/A (-39% T/T). A margem EBITDA de 5,6% caiu vs os 17,4% no 2T19 e também vs os 9,7% no 1T20. Anualmente, os volumes caíram 4%, mas foram mais do que compensados ​​por preços 20% mais altos. No entanto, o CPV cresceu 34% A/A (+10% T/T), em um ritmo mais forte que o esperado, levando a uma redução da margem bruta para 22,1%. A empresa listou como principais motivos para isso os efeitos de hedge e os maiores custos de grãos, produção e frete. Além disso, os gastos do segmento relacionados ao Covid-19 totalizaram R$ 43 milhões. Excluindo tais efeitos, o EBITDA ajustado totalizaria R$ 144 milhões, com uma margem de 7,9% ao invés dos 5,6% realmente registrados.

Vale ressaltar que o covid-19 impactou a demanda exatamente no Ramadã, período sazonalmente mais forte. Medidas de distanciamento social afetaram principalmente o canal de foodservice. Tal efeito foi apenas parcialmente compensado pela maior demanda do canal de varejo. Segundo a BRF, a paralisação temporária das fábricas que exportam para a Arábia Saudita, nas cidades de Dois Vizinhos e Kizad, também prejudicou tanto volumes quanto preços. Do lado positivo, na Turquia, a participação de mercado da BRF cresceu para 24,3% no 2T20, como resultado da estratégia da empresa de fortalecer a marca Banvit e redirecionar canais durante a pandemia.

O mercado asiático segue forte, ainda impulsionado pela Peste na China

O EBITDA ajustado da Ásia de R$ 334 milhões cresceu 34% A/A, mas caiu 18% T/T. A margem EBITDA ficou em 23,4%, vs 21,5% no 2T19 e 30,7% no 1T20. Na comparação anual, os volumes aumentaram 3,5% (+7% T/T), enquanto os preços aumentaram +19% (estáveis T/T). Consequentemente, a receita atingiu um patamar forte de R$ 1,4 bi. O custo também cresceu significativamente (+18% T/T e + 16% A/A). Ainda assim, a margem bruta da Ásia permaneceu em saudáveis ​​27%. Por fim, os gastos do segmento relacionadas ao Covid-19 totalizaram R$ 31 milhões. Excluindo tais efeitos, o EBITDA ajustado totalizaria R$ 365 milhões, com uma margem de 25,6% ao invés dos 23,4% realmente registrados.

A empresa destacou, ainda, que na China os volumes cresceram 70% no 2T20. Tais volumes foram impulsionados pelo maior número de plantas licenciadas durante o segundo semestre de 2019. No Japão, por outro lado, devido ao adiamento dos Jogos Olímpicos, os preços caíram fortemente. Tal queda foi apenas parcialmente compensada por Cingapura, onde a demanda por produtos congelados cresceu. No médio prazo, esperamos que a demanda asiática permaneça robusta, uma vez que os efeitos da Peste Suína Africana devem permanecer relevantes pelos próximos dois anos, pelo menos.

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