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BRF (BRFS3): destaques da reunião com CEO e CFO

O impacto do coronavírus no setor de proteínas foi o principal tema discutido, assim como a estratégia da BRF em seus diferentes segmentos de atuação e regiões.

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Realizamos hoje (03/04) uma reunião por Zoom com o CEO e o CFO da BRF, Sr. Lourival Luz e Sr. Carlos Moura. O impacto do coronavírus no setor de proteínas foi o principal tema discutido, assim como a estratégia da BRF em seus diferentes segmentos de atuação e regiões.

A empresa trouxe detalhes de sua operação nesse período, reiterando o compromisso de abastecer a população com produtos de qualidade e priorizando a saúde de seus colaboradores. Mantemos nossa recomendação de Compra para BRF, com preço-alvo de R$ 22/ação. Veja detalhes abaixo.

Impactos do coronavírus

Diante do coronavírus, a BRF estabeleceu há mais de dois meses um comitê multidisciplinar, contando com pessoas de todas as áreas da empresa além de um infectologista. Esse comitê está focado exclusivamente em definir as ações à medida que os eventos de desenrolam. A maior parte da empresa está de home office desde o dia 12 de março, mas todas as plantas e os centros de distribuição seguem operando normalmente. 

Na primeira semana, também fizeram uma gestão muito próxima com as autoridades municipais, estaduais e federais para garantir que o alimento continuasse indo do campo à mesa, gestão que culminou no Decreto da Essencialidade que oficializou a indústria alimentícia como essencial, garantindo que as atividades não fossem interrompidas.

Sobre a questão da produção, há algumas semanas optaram por mover os estoques das fábricas para os centros de distribuição. Já sabiam da experiência com suas operações em outros países que numa primeira semana de quarentena haveria um pico de demanda, então optaram por abastecer os CDs antecipadamente. Assim, conseguiram atender a demanda dos supermercados de maneira adequada e seguem gerindo com cuidado esse canal.

Impactos no foodservice e mudanças no mix

Na China, aconteceu uma queda muito grande no foodservice (restaurantes), então já esperavam que isso acontecesse aqui no Brasil também. Não tem uma linha de produção específica para o foodservice que não possa ser adaptada para o varejo como um todo. Os nuggets, por exemplo, podem ser convertidos naqueles que a Sadia já vende tipicamente.

Neste primeiro momento, houve pico no consumo de congelados, inclusive de frango de bandeja, por exemplo, que costuma se acomodar bem no freezer dos consumidores. Além disso, como se trata de um momento de volatilidade na demanda, pode haver impacto na participação de mercado da empresa.

Cenário doméstico

Em um momento de incerteza, o consumidor brasileiro quer fazer o dinheiro dele render. A BRF pode ser beneficiada desse movimento em busca de melhor custo-benefício, uma vez que o frango é uma proteína mais barata que a bovina, por exemplo. 

No que tange ao relacionamento com os supermercados, a BRF segue acompanhando os movimentos do mercado de maneira cautelosa, pois entendem que se trata de um momento de forte volatilidade: a demanda aumentou significativamente na primeira semana de quarentena mas diminui um pouco na segunda. Acima de tudo, a empresa reiterou seu compromisso de colocar seu produto à disposição, sem realizar aumentos de preço nesse momento de crise.

Quanto ao market share doméstico, é importante lembrar que a leitura da Nielsen não inclui certos canais que são relevantes para a BRF como o foodservice e a rota (supermercados de bairro, por exemplo), embora ela cubra outros integralmente como o cash and carry. A lasanha da BRF, por exemplo, não é inclusa nas leituras da Nielsen. Ou seja, para a empresa é muito mais importante ter o sentimento do indicador do que propriamente o número final.

Além disso, a BRF esclareceu que acredita que uma disputa mais acirrada no market share é pouco provável neste momento. Produtores menores seriam muito prejudicados em um cenário de guerra de preços, uma vez que a BRF tem a vantagem competitiva de ser uma produtora integrada, diminuindo assim seus custos diante dos demais. 

Cenário na China

Todos os produtos enviados pela BRF para a China são in natura, mas eles pretendem começar a enviar processados em breve. O que observaram no mercado chinês é que a demanda por produtos congelados  aumentou no país. Além disso, cresceu a procura por produtos de marca, que passam a noção de segurança alimentar.

Vale ressaltar que o cenário de escassez de proteína na China devido à Peste Suína Africana segue vigente. Por isso, a BRF acredita que a demanda no país deve continuar aquecida, uma vez que o plantel de suínos chinês só deve ser recomposto em 2025. Inclusive, a situação de escassez foi agravada ainda mais agora que o comércio de animais silvestres foi proibido na China, favorecendo o segmento internacional da BRF.

Cenário no Oriente Médio

A leitura inicial da BRF é que a demanda no mercado Halal deve permanecer estável. Com a queda no preço do petróleo e a consequente pressão no déficit primário do país,  poderia inclusive haver uma redução no subsídio que certos países como a Arábia Saudita fornecem para produtores locais de proteínas. Consequentemente, o produto exportado pela BRF poderia ser beneficiado num cenário desses.

Dinâmica de margens

Quanto à preocupação da alta do preço nos grãos, a BRF reiterou que está bem estocada. No primeiro semestre, seus preços já estão dados dentro de patamares saudáveis. Olhando para o segundo semestre, a empresa está monitorando a situação e buscando soluções táticas para mitigar uma potencial alta nos custos. Trouxeram, por exemplo, insumos do Paraguai a um preço atrativo. 

A empresa entende que, olhando para frente, essa alta nos preços não deve se manter. Acreditam que a safrinha deverá vir boa no segundo semestre, ampliando a disponibilidade de oferta. Além disso, reiteraram que os pequenos produtores são os mais afetados – alguns agricultores, inclusive, buscam segurança no pagamento e por isso priorizam a venda aos produtores maiores como a BRF.

Prioridades estratégicas

A BRF afirmou que suas prioridades seguem sendo o abastecimento da população com produtos de qualidade, assim como a manutenção da saúde se seus colaboradores. Nesse sentido, lançamentos previstos para Abril e Maio devem ser postergados.

Visando o longo prazo, a BRF reiterou seu compromisso com a inovação de suas linhas de produtos. Além disso, já existe um grupo focado no retorno à normalidade pós-coronavírus, e as iniciativas de digitalização seguem prioritárias para a empresa.

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