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Bradesco (BBDC4) | Resultados mistos: Recuperação em andamento, mas a trajetória não é linear | Revisão 3T24

Confira aqui nossa análise dos resultados do Bradesco no 3T24.

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O Bradesco reportou resultados mistos, em sua maioria em linha com o consenso. O lucro líquido de R$5,2 bilhões ficou 2% abaixo de nossas estimativas, mas em linha com o consenso. O banco manteve sua trajetória de recuperação da lucratividade, alcançando um ROE de 12,4%. A carteira de crédito voltou a acelerar, crescendo 3,5% T/T e entrando na faixa inferior indicada para o crescimento anual. No entanto, o NII de clientes teve uma recuperação mais modesta, crescendo apenas 2% T/T (-1% A/A), indicando uma reprecificação ainda lenta em linhas com spreads mais altos. Os seguros e as taxas continuam a ter um bom desempenho, contribuindo para a linha superior. O destaque de mais um trimestre foi a queda significativa no custo do risco, que caiu 2% T/T (-13% vs. XPe). Os indicadores de qualidade de crédito continuam melhorando, com os NPLs acima de 90 dias diminuindo em 10 bps. Embora confirmando a tendência de recuperação, a curva de crescimento esperada parece um pouco mais lenta, e o ambiente macro pode atrasar essa recuperação no crescimento do crédito. Avaliaremos o apetite do banco durante o conferência de resultados, mas não podemos descartar um pregão misto hoje.

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Confira todos os resultados do 3º trimestre de 2024

A Carteira de Crédito Expandida totalizou R$943,9 bilhões, crescendo 3,5% T/T e 7,6% A/A. A aceleração durante o 3T (o crescimento A/A no 2T foi de 5,0%) posicionou o Bradesco dentro do guidance sugerido para o ano (entre +7,0% e +11,0%). Esse crescimento mais rápido deveu-se principalmente às pessoas físicas (+3,9% T/T e +10,0% A/A) e às MPMEs (+5,0% T/T e +16,9% A/A). No caso das pessoas físicas, os maiores contribuintes foram os empréstimos rurais (+49,1% A/A), os empréstimos pessoais (+16,7% A/A) e o financiamento imobiliário (+11,2% A/A).

A margem financeira bruta (NII) atingiu R$ 16,0 bilhões (+2,7% T/T, +0,9% A/A, mas 9% abaixo da XPe). Nos 9M24, a NII caiu 4,8% em relação aos 9M23, o que está bem abaixo da faixa do guidance (entre +3,0% e +7,0%). O NII de Clientes do Bradesco foi de R$15,6 bilhões (+2,5% T/T, mas -1,3% A/A), refletindo um saldo médio ligeiramente maior, mas uma queda de -20 bps na NIM Bruta. O NII de mercado atingiu R$364 milhões, R$39 milhões acima do 2T e R$341 milhões acima do 3T23. O Bradesco enfatizou que seu foco está mais voltado para o NII de clientes ajustado ao risco (NII de clientes líquido de provisões para perdas com empréstimos). Nesse sentido, vemos dados um pouco mais encorajadores. No terceiro trimestre, o banco atingiu R$8,5 bilhões (vs. R$8,0 bilhões no trimestre anterior), e o NIM líquido cresceu 10 bps, encerrando o trimestre em 4,5%. Consideramos positivos os esforços do banco para entregar um melhor NII ajustado ao risco, mas entendemos que uma melhora substancial no ROE do banco dependerá de um aumento nos spreads de crédito e, consequentemente, no NIM.

O setor de seguros continuou seu forte desempenho, encerrando o trimestre em R$ 5,0 bilhões (+8,7% T/T e +9,2% A/A). O aumento T/T reflete uma melhora nos Prêmios Recebidos de Seguros, Contribuições para Planos de Pensão e Rendas de Títulos de Capitalização (+7,6% T/T), enquanto os sinistros retidos cresceram em um ritmo mais lento (+4,2% T/T). Como resultado, o lucro líquido dessa unidade de negócios atingiu R$ 2,4 bilhões, implicando um ROAE de 23,7%.

A qualidade do crédito continua a apresentar melhorias. O NPL acima de 90 caiu 10 bps sequencialmente e encerrou o trimestre em 4,2%. A PDD expandida (provisão) também melhorou, caindo 2,2% e 22,4% T/T e A/A, respectivamente, e encerrando o trimestre em R$7,1 bilhões (-13% vs XPe). Consequentemente, a relação entre a PDD expandida e a carteira expandida ficou em 3,0% (20 bps menor sequencialmente). Entretanto, o provisionamento foi, mais uma vez, inferior à criação de NPLs, o que resultou em um índice de cobertura menor, de 169% (-100bps T/T). Vale mencionar a queda significativa nas baixas contábeis (R$7,9 bilhões no 3T24 vs R$11,8 bilhões no 2T24), o que sugere uma melhor qualidade de crédito nas últimas safras de crédito.

Tarifas e Serviços encerrou o trimestre em R$ 9,9 bilhões, +6,3% T/T, +8,7% A/A, e 6% acima de nossas estimativas. Além do impacto do aumento da participação na Cielo, o crescimento apresentado veio de praticamente todas as linhas do segmento. Excluindo o efeito da Cielo, as receitas de tarifas e serviços teriam variado 2,8% T/T e 5,1% A/A. Como resultado do forte desempenho, a receita de tarifas e serviços se aproximou do limite superior do guidance (5,5%) nos 9M24.

As despesas operacionais totais totalizaram R$ 15,1 bilhões, +4,0% T/T, +12,1% A/A, e 2% acima da XPe. O aumento da participação na Cielo também afetou essas linhas. Fora isso, teríamos visto um aumento de 2,0% e 9,9% T/T e A/A, respectivamente. Nos 9M24, e ajustado pela Cielo, houve um aumento de 8,4%, dentro do guidance para o ano (entre +5% e +9%). Do lado de Pessoal, o crescimento em relação ao 3T23 foi de 10,4%, refletindo o fortalecimento da força de trabalho, principalmente nas áreas de tecnologia, dados e inovação, especialistas em investimentos e unidade de crédito, maiores despesas com participação nos lucros, refletindo a melhora nos resultados/rentabilidade, maiores investimentos em treinamento, bem como o efeito do acordo coletivo ocorrido em setembro de 2024, que inclui reajuste de 4,64% nos salários e benefícios (setembro de 2023: 4,58%). Enquanto isso, as despesas administrativas totais aumentaram apenas 1,4% A/A, bem abaixo da inflação, esse desempenho reflete basicamente o controle de custos e a melhoria contínua de nossa rede de serviços. Como resultado, o índice de eficiência trimestral diminuiu 30 pontos-base para 52,0%.

Isso levou a um lucro líquido recorrente de R$ 5,2 bilhões no terceiro trimestre (+11% T/T e 2% abaixo da nossa estimativa). Embora o resultado final tenha apresentado um crescimento significativo sequencialmente, vemos uma contribuição significativa proveniente de um nível mais baixo de provisões (abaixo da criação de NPL) e uma baixa taxa de imposto efetiva (~22%). A rentabilidade mais forte implicou em um ROAE de 12,4% (-80 bps vs. XPe).

O Bradesco registrou um CET1 de 11,2%, 10bps maior sequencialmente. Uma redução no CET2 (-20bps T/T) levou o índice BIS a 15,1% (-10bps T/T). Apesar dessa queda durante o terceiro trimestre, ainda vemos o capital do Bradesco como saudável.

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