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Ambev (ABEV3): trimestre dá sinais de recuperação; Volume de cerveja no Brasil cai apenas -1,6% A/A

Confira abaixo os destaques do resultado da Ambev no 2T20.

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A Ambev apresentou uma recuperação gradual dos resultados ao longo do trimestre, com um EBITDA Ajustado de R$ 3,3 bilhões, 4,6% abaixo do nosso (-28,6% A/A) mas em linha com o consenso, chegando em uma margem EBITDA de 28,8%, abaixo da nossa expectativa de 32,4% e 980 pontos base abaixo da margem do 2T19 de 38,6%. A principal surpresa positiva veio do volume de cerveja no Brasil, que caiu apenas -1,6% A/A, significativamente abaixo da nossa estimativa de -14,4% e das expectativas do mercado, que variaram entre -15% e -25% A/A. Os maiores impactos sobre os volumes vieram de América Central (-39,4% A/A) e LAS (-16,5% A/A), enquanto o Canadá surpreendeu com +2,9% A/A.

Olhando para a frente, parece haver uma tendência de melhoria. Conforme relatado anteriormente pela empresa, os volumes em abril caíram 27%, mas houve uma recuperação gradual desde então: em maio, os volumes caíram apenas -7% e, em junho, inclusive, eles cresceram 5%. Segundo a Ambev, o maior desafio do 2T20 foi se adaptar à nova dinâmica de canais e ao “novo normal” no comportamento do consumidor, o que acabou afetando os resultados de diferentes maneiras em cada país. Os países em que o canal off-trade prevalece tenderam a apresentar melhor desempenho, com o Canadá liderando enquanto a Bolívia ficou para trás.

A receita líquida consolidada ficou 7,1% acima de nossas estimativas, uma vez que todas as regiões superaram nossas estimativas, exceto o segmento de bebidas não-alcoólicas no Brasil (NAB). O lucro líquido ajustado de R$ 1.373 milhões também veio acima do esperado, mas ainda 49,4% menor na comparação com o mesmo trimestre no ano passado. Mantemos nossa recomendação de Neutro, pois esperamos que as margens permaneçam pressionadas, juntamente com um ambiente econômico e competitivo ainda desafiador. De acordo com nossas estimativas, as ações da Ambev atualmente são negociadas em 20x P/L 2021, o que nos parece justo.

Relevância dos canais on e off-trade para os diferentes países onde a Ambev atua

Cerveja Brasil surpreende e volume cai apenas -1,6% A/A

No segmento de Cerveja Brasil, o maior impacto da pandemia ocorreu em abril, quando o canal de supermercados (off-trade) ganhou em relevância em detrimento do canal de bares e restaurantes (on-trade), desafiando a cadeia de suprimentos e as operações de vendas da Ambev. Nesse sentido, o mercado esperava que os volumes de Cerveja Brasil caíssem algo entre 15% e 25%, sendo que nós estávamos entre os mais otimistas, mas o desempenho do segmento nos surpreendeu com uma queda modesta de volume de 1,6% A/A. Principalmente por esse motivo, a receita líquida veio +14,3% acima das nossas expectativas, apesar de ter reportado queda de -3,2% A/A e de -6,0% T/T.

Os subsídios governamentais seguiram ajudando os resultados neste trimestre. Adicionalmente, o portfólio diversificado da Ambev provou ser um ponto favorável nos pontos de venda tradicionais. Os preços caíram 1,6% A/A, em linha com nossas estimativas, apesar da mudança desfavorável do mix e da escolha de opções mais econômicas (trade-down) por parte do consumidor. Segundo a empresa, a Ambev superou o setor no 2T20.

Brasil Não-Alcoólicos decepciona e preços caem 15% A/A

No segmento brasileiro de bebidas não-alcoólicas (NAB), o volume caiu-13% A/A, em linha com nossas estimativas, enquanto os preços médios caíram -15% A/A e vieram -16% abaixo dos nossos. Dessa forma, a receita líquida ficou -17% abaixo de nossas estimativas (-26% A/A, -32% T/T). O volume de NAB da Ambev foi impactado pela mudança nas ocasiões de consumo devido às restrições da covid-19, e a receita líquida por hectolitro foi prejudicada por mudanças desfavoráveis de canal, marca e mix de embalagens. A empresa também destacou o aumento do peso da embalagem multi-serve versus as embalagens com porções menores, o que está relacionado com o fato de que o canal off-trade prevaleceu em detrimento do canal on-trade.

Internacional: América Central positiva, Canadá robusto e América Latina negativa

Os resultados da América Central e do Caribe (CAC) foram surpreendentemente positivos, com o EBITDA em R$ 553 milhões significativamente acima da nossa estimativa de R$ 410 milhões (-32% A/A).

Tal surpresa aconteceu principalmente por conta de preços acima do esperado (+25% vs XPe e +36% A/A) que compensaram volumes abaixo do esperado (-15% vs XPe e -39% A/A). Como já era sabido, as severas medidas de quarentena postas em prática na região impactaram negativamente os volumes. Apesar desse declínio, a CAC conseguiu entregar 39,9% da margem EBITDA (822 bps acima da expectativa da XP de 31,7%) devido, segundo a Ambev, à execução disciplinada das iniciativas de corte de gastos, conjuntamente com um impacto reduzido da desalavancagem operacional, devido ao alto mix de garrafas de vidro retornáveis na República Dominicana.

Os resultados do Canadá foram robustos, com o EBITDA de R$ 791 milhões, +8,7% acima da nossa estimativa de R$ 728 milhões (+22% A/A)

Com preços 10% abaixo das nossas estimativas, mas com volumes 17% acima, a receita líquida do segmento do Canadá de R$ 2,5 bilhões veio 5,5% acima da nossa expectativa de R$ 2,3 bilhões. A margem EBITDA ficou em 31,5%, um pouco acima da nossa expectativa de 30,6% e -10 pontos base A/A, mas +787 bps T/T. A Ambev atribuiu o crescimento em volumes (+3% A/A e um impressionante +50% T/T) (i) ao aumento da demanda por marcas conhecidas e confiáveis e (ii) ao desempenho de bebidas inovadoras, lideradas pelo portfólio de seltzers. Por outro lado, os preços foram afetados por um mix desfavorável de canais e embalagens - barris, por exemplo, têm melhores margens, e seus volumes foram afetados negativamente por restrições ao comércio.

Por fim, os resultados da América Latina vieram fracos, com o EBITDA de R$ 277 milhões significativamente abaixo de nossa estimativa de R$ 563 milhões (-67% A/A)

Isso aconteceu principalmente por conta de maiores custo-caixa por hectolitro, devido a efeitos de câmbio, desalavancagem operacional e mix de embalagens, de acordo com a Ambev. Os volumes e os preços ficaram em linha com nossas expectativas, com volumes 5,7% acima e preços 2,5% abaixo do que esperávamos. Assim, a receita líquida atingiu R$ 1,8 bilhão (-40% no trimestre, -13% no ano). Na comparação anual, os preços melhoram (+4,3% A/A) e a empresa destacou iniciativas contínuas de gerenciamento de receitas, sobretudo na Argentina.

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