MACRO
Criptoativos registram semana de fortes perdas. No agregado, o valor das criptomoedas caiu para US$ 1,27 trilhões, uma contração de -28,4%, ou aproximadamente US$ 500 bilhões em uma semana.
Volatilidade corre solta
À medida que houve a deterioração do cenário macroeconômico, afetando o mercado global de ações, as criptomoedas vêm passando por um período de alta volatilidade. Segundo o gráfico acima, da Bloomberg, o preço do Bitcoin se tornou mais volátil até mesmo que o índice NASDAQ 100 (índice concentrado em ações de tecnologia americanas), ou seja, a criptomoeda está sofrendo as maiores oscilações de preços desde o final de 2020. O Bitcoin é utilizado de parâmetro acima, mas esta volatilidade tem sido vista em todo o segmento de criptoativos e, principalmente nas moedas alternativas (altcoins).
Analisamos também a correlação do Bitcoin com ambos o Ibovespa e ações globais, medidos pelo MSCI ACWI. O gráfico acima mostra que, ao longo dos últimos 10 anos, a correlação entre criptomoedas e renda variável tem aumentado. Olhando para os retornos desses ativos numa janela de longo prazo, vemos que a correlação era ao redor de 0,1, ou seja, baixíssima. No entanto, à medida que os prazo foi encurtando, como no último ano de 2022, a correlação aumentou significativamente. Isso pode ser explicado pelo aumento da adoção por investidores, principalmente institucionais, no mercado de criptoativos. Além disso, o recente aumento do sentimento de aversão ao risco nos mercados de forma geral pode ter contribuído também para a subida nessa correlação.
Chegamos ao fundo?
Um estudo feito pelo Glassnode sugere que ainda pode haver mais prejuízo pela frente. Como exibido no gráfico, apesar da queda acentuada recente do Bitcoin, a depreciação do topo ao vale encontra-se próxima aos -49,5%, um valor ainda inferior quando comparado às correções anteriores de 2015 (-85,5%), 2018 (-83,4%) e 2020 (-77,2%). Segundo os padrões históricos, o Bitcoin ainda teria espaço para corrigir cerca de 30% da máxima registrada em novembro de 2021.
Stablecoins contribuem para sentimento mais negativo
O gráfico acima mostra a mudança de 30 dias na oferta agregada de stablecoins (azul), o grupo de criptomoedas responsável por grande parte da captação e crescimento do mercado nos últimos meses. Podemos ver que, recentemente, houve uma contração de -US$ 2,9 bilhões da oferta de stablecoins, indicando que estas moedas estão sofrendo resgates de seus colaterais. O movimento acaba afetando negativamente a indústria. Grande parte deste fluxo de saída é consequência do episódio recente ocorrido com o UST, o qual explicamos em detalhe abaixo.
De acordo com a Glassnode, no geral, há vários sinais de fraqueza líquida no espaço, muitos dos quais indicam que o sentimento de risco continua a ser a posição principal do mercado neste momento.
NOTÍCIAS
TerraUSD: a stablecoin não tão estável
A TerraUSD (UST), terceira maior stablecoin do mercado de criptomoedas, com uma capitalização de mais de US$ 18 bi, desenvolvida para manter a paridade com o dólar, vêm despencando desde segunda-feira. A stablecoin chegou a atingir um valor de US$ 0,28, levando um grande número de investidores a venderem suas participações.
Ao contrário da maioria das outras stablecoins importantes, que são apoiadas por outros ativos, o valor do UST é derivado de processos algorítmicos complexos, vinculados a outro token emparelhado chamado Luna, que flutua livremente. Se o preço da UST ficar abaixo de US$ 1, os traders podem “queimar” (burn, em inglês) a moeda, ou removê-la permanentemente de circulação, em troca de US$ 1 em novas unidades de Luna, reduzindo a oferta de TerraUSD e aumentando seu preço. Por outro lado, se a TerraUSD subir para além de US$ 1, os traders podem “queimar” Luna e trocar por um novo TerraUSD, aumentando a oferta da stablecoin e reduzindo seu preço de volta para US$ 1.
Na semana passada, o UST começou a apresentar variações, quando a incerteza do cenário macroeconômico pesou sobre os investidores, com o aumento da taxa de juros realizada pelo Federal Reserve (Fed) nos EUA e os dados de inflação. Diante desse cenário, começou com uma série de grandes saques de TerraUSD, cerca de US$ 5bi, do Anchor Protocol, uma espécie de banco descentralizado para investidores em criptomoedas, construído na tecnologia da mesma rede blockchain Terra na qual o TerraUSD é baseado.
Enquanto isso, o Luna usou toda sua reserva em bitcoin, cerca de US$ 3bi, que serve como um mecanismo de estabilização de preço, em um esforço para tentar trazer liquidez e equilíbrio, contudo mesmo assim, o token viu sua capitalização de mercado cair de US$ 30bi para US$ 10bi. Do Kwon, cofundador da empresa por trás do UST, anunciou um “plano de recuperação” em uma série de tweets, dizendo que a empresa buscaria financiamento externo adicional e “reconstruiria” o TerraUSD para que seja garantido. Isso significa que seria apoiado por reservas em vez de depender de um algoritmo para manter sua indexação de 1:1 dólar.
Efeitos da TerraUSD contaminam outras stablecoins
A Tether, a maior stablecoin do mercado e a terceira maior criptomoeda do mundo, atrás apenas do Bitcoin e do Ethereum, não conseguiu escapar do pânico do mercado com a queda da TerraUSD nesses últimos dias, e acabou perdendo seu lastro do dólar ao cair para cerca de US$ 0,94 nessa quinta-feira. A queda ocorreu quando uma venda maciça de criptomoedas eliminou mais de US$ 200bi em valor do mercado em 24 horas.
O Tether opera de maneira diferente do TerraUSD (UST). A stablecoin diz que apoia seu token com ativos equivalentes ao dólar, embora persistam dúvidas sobre a qualidade de seu estoque. Seu declínio destaca o clima geral de risco que está varrendo os mercados de criptomoedas, disseram analistas, de acordo com a Bloomberg.
Paolo Ardoino, diretor de tecnologia, não disse qual proporção das reservas está atualmente em papel comercial (um tipo de investimento de menor liquidez), mas disse que ainda está diminuindo e que uma atualização trimestral estará disponível no final do mês. Joseph Abate, diretor administrativo de pesquisa de renda fixa do Barclays apontou para a Reuters que os temores com a liquidez da moeda digital podem ser prematuros, porque a maior parte das reservas da Tether, ou 44%, são títulos líquidos do Tesouro. Também possui outros ativos de curto prazo que podem ser facilmente vendidos no mesmo dia, acrescentou.
O Tether também pontuou na quinta-feira que continua honrando os resgates normalmente. Nas últimas 24 horas, a stablecoin honrou mais de US$ 300mi de resgates e já está processando mais de US$ 2bi na quinta-feira, sem problemas.
NFTs estreiam no Instagram ainda nesta semana
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou nessa última segunda-feira que o Instagram começará a testar integrações com NFT ainda nessa semana. No vídeo publicado, Zuckerberg afirma que a empresa está desenvolvendo funcionalidades com NFTs não apenas no metaverso e no Reality Labs, mas também toda a classe de aplicativos da gigante de tecnologia. Um recurso semelhante pode estar chegando ao Facebook em um futuro próximo, e a Meta está considerando habilitar NFTs em seus outros aplicativos, como Messenger e WhatsApp. Também está em andamento uma maneira de as pessoas exibirem NFTs 3D no Instagram Stories usando realidade aumentada. Zuckerberg diz que esse recurso seria construído no Spark AR e permitiria aos usuários “colocar arte digital em espaços físicos”.
O head do Instagram, Adam Mosseri, esclareceu mais sobre como as integrações NFT funcionarão. Os usuários poderão compartilhar NFTs que criaram ou compraram em seu feed, Stories e mensagens. Um número muito pequeno de pessoas nos EUA terá acesso a esses recursos para começar. Os usuários não precisarão pagar nenhuma taxa associada à postagem ou compartilhamento de um colecionável digital no Instagram. Mosseri também sugeriu que as NFTs poderiam fornecer uma nova fonte de renda para os criadores na plataforma. Isso sugere que os usuários poderão comprá-los e vendê-los diretamente no Instagram em algum momento.
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