Já não é uma novidade que às sextas, um novo episódio do Outliers é divulgado nos agregadores de podcasts e que nosso time de analistas da XP passou a cobrir esses episódios através de relatórios como esse, em que aprofundamos ainda mais com informações e detalhes sobre as temáticas, gestoras e/ou fundo(s) discutido(s) em cada episódio.
Outra coisa que não é novidade, é que a inovação faz parte do DNA da XP. E após um episódio especial de 2 anos do Outliers que reuniu Guilherme Benchimol, fundador da XP, e Romero Rodrigues, um dos fundadores do site Buscapé e hoje sócio principal da gestora de Venture Capital Headline, nada mais justo do que apresentar um “Indo a Fundo no Outliers”, diferente do que costumamos trazer aqui.
Nesta versão, discorreremos com mais detalhes sobre os desafios e oportunidades dos investimentos em Startups, com foco principalmente em Venture Capital (“VC”). O VC é uma modalidade de investimento ainda não tão conhecida no Brasil, mas que oferece excelentes oportunidades pelo estágio das empresas investidas. Dessa forma, montamos um manual com as principais informações que o investidor precisa saber antes de colocar esses investimentos na carteira.
Pequenas empresas, grandes oportunidades
Antes de mais nada, para investir em Startups o investidor precisa entender o que as diferenciam das empresas tradicionais. A começar pelo fato de que as Startups reúnem três elementos básicos: escalabilidade, inovação e tecnologia. Além disso, estamos falando de empresas que estão em sua fase inicial, e por esse motivo oferecem grande potencial de crescimento e, consequentemente, maiores riscos.
O nascimento de uma Startup passa por algumas etapas: começa com o surgimento da ideia, seguido da criação do conceito (produto/serviço), tração, formulação do modelo de negócios, desenvolvimento de uma máquina de vendas, escalabilidade para receitas e vai até o período da expansão, onde a Startup começa a mudar sua estrutura e perder a característica de “fase inicial”, podendo crescer a ponto de se tornar um unicórnio (startups avaliadas em pelo menos US$ 1 bilhão).
Quando falamos em investimentos em Startups que ainda estão na fase de “criação de conceito”, ou seja, estão ainda formulando o produto ou serviço que vai oferecer ao mercado, podemos dizer que se trata de um “Investimentos Anjo”, sendo essa uma das várias modalidades de investimentos em Startups. Essa é uma fase consideravelmente arriscada, já que o negócio está começando a ser estruturado.
Quando avançamos em termos de maturação de negócio, chegamos no VC, também conhecido como capital de risco. Aqui temos investimentos em empresas que estão em sua fase inicial, mas que possuem ao menos um modelo de negócio definido.
Aqui vale um ponto de destaque importante, recentemente abordamos com maiores detalhes os investimentos em Private Equity (“PE”), para falar sobre o foco dos gestores de PE que é investir em empresas com grande potencial de crescimento. Dentro do ciclo de vida de uma empresa, existem diversos pontos de entrada e oportunidades, dessa forma, o que diferencia o PE do VC é o ponto de entrada, sendo reservado ao VC a fase inicial das empresas.
Com a evolução do mercado financeiro, hoje temos modalidades de investimentos segmentados por rodadas, que são divididas de acordo com a fase que a empresa está. Confira a seguir com mais detalhes as diferentes rodadas para a fase inicial da empresa.
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Para cada rodada, um desafio
As rodadas de investimentos servem para segmentar o interesse e perfil de risco de cada tipo de investidor. Em linhas gerais, dentro do VC temos o capital semente, série A, B e C, que está explicado com mais detalhes a seguir, restando claro do que se trata cada rodada, desde o nascimento da empresa.
F&F: “Family and friends”, basicamente é a etapa onde os fundadores da empresa, em seu desejo de empreender buscam pessoas para agregar e apoiarem a iniciativa. Sendo a fase inicial, são os fundadores responsáveis pela concepção da ideia que ficam com a responsabilidade de levantar o capital inicial.
Aceleradoras Anjo: aqui estão os já conhecidos “Investidores Anjo”. Onde são realizados investimentos para levantar a concepção do negócio, em resumo, tirar a ideia do papel, criar soluções efetivas e que sigam as características básicas de uma Startup: inovação, tecnologia e escalabilidade.
Early Seed e Late Seed: aqui temos os chamados “capital semente”, recurso destinado a bancar, estruturar e dar tração ao modelo de negócio da Startup. Assim como os “investimentos anjo” também temos alto risco atrelado, dadas as inseguranças inerentes dessa etapa da empresa, que ainda está no chamado “Vale da Morte” (zona que é conhecida pela falência da empresa em seu estágio inicial e que comentaremos com mais detalhes a seguir).
Série A: contratar um time qualificado, implementar avanços tecnológicos, acelerar o que já faz bem. Aqui na série A existe o desafio de escalar o negócio.
Série B: o objetivo de expansão segue na série B, mais focada em receitas, encontrando formas de aumentar os ganhos sem necessidade de injetar mais recursos.
Série C: por último, tirando as empresas da sua fase inicial temos a expansão não apenas das receitas, mas pode ser geográfica, de produto ou de cliente. O que importa é garantir o crescimento do negócio.
O Vale da Morte das Startups
Não podemos falar sobre investimentos em empresas em sua fase inicial sem falar do já citado aqui “Vale da Morte”. O nome por si assusta, mas não é por menos: é um dos momentos mais críticos da existência de uma empresa, onde os riscos de chegar à falência são altos. Esses riscos são oriundos de fatores como: endividamento – decorrente da necessidade de investimentos consideráveis para dar início a disponibilização de produtos e serviços que demandam constante aperfeiçoamento, levando-se em conta a existência de concorrentes potenciais, entre outros.
Uma pesquisa realizada pelo Insper, Spectra e Abvcap para avaliar o desempenho dos investimentos em PE e VC no Brasil, mostrou que dentro dos negócios investidos e desinvestidos entre 1984 e maio de 2021, predominam 5 principais rotas de “saídas”: (i) a “estratégica” ou seja, venda para outra empresa ou venda comercial; (ii) o “patrocinador para patrocinador”, que trata da venda para outro fundo ou venda secundária; (iii) a “recompra”, que trata da venda para o proprietário; (iv) IPO, que é a abertura de capital da empresa na bolsa de valores e, por último, através das (iv) “baixas” ou seja, falência das empresas.
A pesquisa chegou a números que demonstram na prática os riscos de se investir em empresas em sua fase inicial. Do total das investidas analisadas, 55% das “saídas” foram realizadas através da venda do negócio para outra empresa ou venda comercial. Por outro lado, em 24% dos casos a saída foi através da “baixa” da empresa, ou seja, falência.
Quando segmentamos as empresas por tipo, existe uma diferença considerável entre as chamadas empresas “tecnológicas” e não tecnológicas”, onde 41% das empresas denominadas “tecnologias” tiveram saída decorrente da “baixa”, contra 14% das empresas não tecnológicas.
A fragilidade desses negócios está diretamente atrelada aos desafios encontrados por essas empresas. Por este motivo, para investir em Startups é necessário ter a diversificação como pilar estratégico, e realizar uma seleção de gestores experientes que saibam lidar com os desafios desse mercado.
Diversificação como pilar estratégico
Sabemos que a palavra diversificação sempre aparece em todas as classes e oportunidades apresentadas. Mas vale lembrar que essa é uma forma eficaz de trazer ao investidor excelentes retornos com um risco reduzido. E isso se aplica aos investimentos em Startups, que como já comentamos anteriormente possui diversos riscos atrelados.
Dessa forma, na hora de compor um portfólio com esse tipo de investimento, o investidor precisa levar em consideração o tamanho da parcela de risco disponibilizada e em como essa posição está estruturada em termos de alocação. Idealmente fazer uma boa seleção faz diferença, mas diluir o risco através de diversos investimentos vai garantir ao investidor potencializar seus retornos.
Durante o episódio #58 do Outliers, Romero Rodrigues reforça a importância da diversificação nesse tipo de portfólio e comenta que o tamanho da exposição em um fundo vai depender da rodada de investimento em questão. Ainda de acordo com o gestor, quando se trata de Investimento Anjo, para compensar o excesso de risco é ideal ter de 50 a 70 empresas investidas. Já quando avançamos para empresas entre o “capital semente” e a série A, o recomendado fica entre 20 e 25 empresas no portfólio.
Invista com especialistas
Investir em negócios que se encontram em sua fase inicial pode ser uma excelente oportunidade para investidores que desejam alavancar sua rentabilidade. E se esses negócios forem escaláveis, poderão se tornar um verdadeiro motor de crescimento, e consequentemente gerar bons retornos.
Nesse momento, o “timing” de investimento faz toda diferença, pois na medida que essas soluções aparecem e atraem atenção, deixam de ser exclusivas e começam a perder o potencial retorno ao longo do tempo. Para entender essa relação de timing x retorno nos investimentos, basta olhar para uma empresa de grande capitalização negociada na bolsa de valores, até chegar ao seu valor de mercado ela começou pequena, e aqueles que acompanharam seu crescimento, viram o patrimônio crescer – e seus investimentos renderem consideravelmente.
Por outro lado, como “não existe almoço grátis” o investidor que deseja alavancar sua rentabilidade investindo em Startups precisa estudar bem o negócio de interesse, entender o mercado, levar em consideração o estágio de investimento, alinhar de acordo com a tolerância e horizonte de investimento e dedicar o tempo necessário para acompanhar as investidas.
Se você é do tipo de investidor que prefere terceirizar essa gestão, pode contar com a XP que vem trabalhando cada vez mais para oferecer um ecossistema completo de soluções de investimentos adequadas a cada perfil de investidor. Contate seu assessor de investimentos e descubra as melhores oportunidades de investimentos em Startups.