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Marfrig (MRFG3): Reunião com diretoria; 6 principais destaques

Realizamos uma teleconferência com a Marfrig para entender como a empresa está enfrentando o coronavírus. Confira abaixo os seis principais pontos.

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Na tarde deste sábado (21 de Março) realizamos uma videoconferência com Marcos Molina, fundador e presidente do conselho de administração da Marfrig e Miguel Gularte, CEO da Marfrig América do Sul.  Entre os temas discutidos, a empresa mencionou que a demanda nos Estados Unidos (70% de sua receita) segue pujante, e boas práticas da operação norte-americana têm sido implementadas no Brasil, onde o setor alimentício já está sendo priorizado pelas autoridades, a demanda, principalmente de supermercados, segue alta, e o risco logístico é baixo. Veja abaixo os seis principais destaques da reunião. Mantemos nossa recomendação de compra para as ações da Marfrig.

EUA: operações rodando normalmente

Risco logísitico incorporado e mitigado

China: demanda normalizando

Aumento da demanda nos supermercados

Brasil: medidas sanitárias em prática

Cenário de preços positivo no curto prazo


1) Estados Unidos: operações rodando normalmente 

Cerca de 70% da receita da Marfrig vem dos Estados Unidos, por meio da National Beef, braço de operações de carne bovina norte-americano. Mesmo diante da crise do coronavírus, o presidente do Conselho de Administração da Marfrig, Marcos Molina, e o CEO da América do Sul, Miguel Gularte, reiteraram que as operações nos Estados Unidos estão funcionando normalmente.

Inclusive, algumas plantas estão operando além da capacidade média, devido à forte demanda no país. Vale reforçar que, nos EUA, a indústria de alimentos faz parte do rol de serviços essenciais, e que o governo norte-americano não está poupando esforços para manter o alinhamento entre governos federal, estadual e municipal no âmbito das medidas preventivas do coronavírus. Além disso, 10% das exportações da National Beef vão para o Japão e continuam normais.

2) China: demanda normalizando

Cerca de 6% da receita total (2019) da Marfrig vem de exportações para a China. Em Janeiro, observou-se uma forte demanda por parte do país, muito em função do Ano Novo Lunar, celebrado no final do mês. No entanto, a partir de Fevereiro, com o agravamento da crise do coronavírus, essa pujança se reverteu, com forte queda tanto nos volumes exportados quanto nos preços.

A Marfrig conseguiu se blindar dessa queda pós Ano Novo Lunar ao perceber, por meio de seu sistema proprietário de precificação, que era hora de redirecionar parte dos embarques para os demais países, conseguindo assim sustentar seus preços de exportação. Atualmente, a Marfrig já enxerga sinais de normalização da demanda chinesa, já estão fechando contratos visando os próximos meses.

3) Brasil: medidas sanitárias em prática

A Marfrig não está medindo esforços para garantir tanto a segurança de seus funcionários quanto a manutenção da produção de alimentos. Vale ressaltar que, conforme já era praticado nos Estados Unidos, o governo federal brasileiro recentemente passou o decreto da essencialidade, incluindo o setor alimentício na lista dos setores fundamentais e que, portanto, não devem parar mesmo diante da crise.

Quanto à proteção de seus colaboradores, a Marfrig vem praticando uma série de medidas, que incluem: (i) treinamento dos funcionários sobre medidas sanitárias; (ii) utilização de produtos sanitizantes com maior concentração; (iii) uso de máscaras e medição de temperatura recorrente dos funcionários das plantas; (iv) intercâmbio de melhores práticas de prevenção com a National Beef nos Estados Unidos; (v) distribuição de 10 quilogramas de carne bovina por mês para cada funcionário.

4) Risco logístico: incorporado e mitigado

Diante do cenário de coronavírus, o risco de disrupções na logística aumenta significativamente, tanto no exterior quanto no Brasil. No caso da China, em um primeiro momento houve preocupação quanto à escassez de contêineres, dado que eles não estavam retornando para o Brasil: a prática comum é enviar contêineres com produtos de exportação e trazê-los de volta com produtos importados, mas diante do agravamento do coronavírus no começo de fevereiro, já não havia nem mais capacidade de receber produtos nos portos chineses, nem enviar produtos para o Brasil em contrapartida. Para mitigar tal situação, algumas armadoras já estão voltando com contêineres vazios da China.

Já no caso do Brasil, a Marfrig enxerga o risco logístico como baixo. Em geral, os caminhoneiros trabalham sozinhos levando as carretas com produtos. Além disso, no que tange ao Porto de Santos, como a empresa não utiliza estivadores brasileiros, apenas guindastes para colocar os contêineres direto nos navios, suas operações de exportação seguem normais.

5) Aumento da demanda nos supermercados

Cerca de 7% das vendas totais da Marfrig são para restaurantes (também chamado de foodservice), e de fato esse canal vem observando uma queda relevante na demanda diante do cenário de coronavírus e redução da circulação das pessoas. No entanto, a empresa afirmou que tal queda está sendo compensada pelas vendas para o canal do atacado (principalmente supermercados), e que o aumento das vendas via delivery de seus principais clientes também pode impulsionar a demanda nas próximas semanas, como o McDonald’s, rede da qual a Marfrig é grande parceira.

Sobre possibilidade de faltar proteína nos supermercados no Brasil, a Marfrig mencionou dois pontos: (1) produção deve ser contínua para que não faltem produtos na ponta (diferentemente da China, não há estoque de proteínas pertencentes ao governo, por exemplo). Segundo a empresa, o Ministério da Agricultura tem sido muito atuante e fazendo um ótimo trabalho para manter o bom funcionamento do setor e (2) acredita que diferentemente do que acontece na Europa, no Brasil as pessoas tem menor poder aquisitivo, não conseguindo fazer grandes estoques, o que mitiga de certa forma a potencial falta de produtos.

6) Cenário de preços positivo no curto prazo

No que tange ao mercado norte-americano, a Marfrig vive um cenário bastante positivo, com preços fortes e demanda pujante. No caso do Brasil, embora o cenário não esteja tão positivo quanto nos Estados Unidos em termos de preço da proteína na ponta, a empresa reiterou que o movimento de ajuste do preço da arroba do gado que estamos vendo hoje não está tão relacionado ao coronavírus, e sim à normalização esperada após a disparada dos preços no ano passado. Nesse sentido, a empresa segue com uma visão construtiva tanto para preços e margens quanto para volumes no curto prazo. 

Por fim, vale comentar que a fábrica de sabonetes em Promissão passará a produzir álcool-gel a partir da terça-feira (31), que será distribuído na região, bem como utilizado nas plantas da Marfrig.

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