O retorno dos fundos de debentures incentivadas oscilou negativamente em abril, e fez com que muitos investidores se questionassem sobre o investimento nesses fundos, o movimento aconteceu especialmente nos fundos do tipo não hedgeados, mas muitos investidores estão com duvidas se o momento de investir nesses fundos quem investem em ativos incentivados já passou ou não.
Nesse momento de mercado, em que a volatilidade segue presente em boa parte das classes de ativos, uma das únicas classes das estruturas de fundos de tracionais que segue se destacando é a de crédito. Mês após mês, a geração de alpha em relação ao CDI tem chamado atenção dos investidores, resultando em fluxo, que combinado com um primário robusto e mudanças regulatórias tem aquecido ainda mais esse mercado.
Neste relatório, vamos abordar os principais acontecimentos que afetaram os fundos de debêntures incentivadas, buscando entender o que tem elevado o interesse dos investidores nos investimentos nesses fundos. Porém, antes de entender o comportamento dessas estratégias, é importante entender as diferenças dos fundos com ou sem “hedge” contra as variações da inflação, confira a seguir.
Fundos de Debêntures com proteção (hedge) ou sem proteção?
Não é novidade que a performance dos fundos de crédito tem chamado atenção mês a mês, em especial os fundos incentivados. Porém, quando falamos dos fundos incentivados, é importante segmentar as estratégias com e sem “hedge” na cota. Basicamente, os fundos de debêntures incentivadas “hedgeados” são aqueles que possuem mecanismos de proteção contra as variações da inflação, de forma que tendem a ter maior estabilidade de retorno nas cotas. Por outro lado, os fundos “não hedgeados” possuem sua remuneração atrelada ao IPCA. E essa diferença fica nítida na cota desses fundos ao longo do tempo.
Quando analisamos a performance desses fundos incentivados no mês a mês, fica claro a importância de entender a diferença de alocação entre os dois mecanismos. Se por um lado os fundos atrelados ao CDI tendem a apresentar maior estabilidade, isso não quer dizer que esses fundos não terão oscilações negativas. E vale destaque para dois períodos, que em nossa visão reforçam a diferença entre essas estratégias:
1- Primeiro trimestre de 2023: a reprecificação dos papeis da Americanas somado aos eventos relacionais à Light, e ao fluxo de resgate dos fundos mais conservadores, levou a uma forte abertura de spreads sobretudo nas debêntures mais liquidas e com boas notas de crédito. O alto patamar de juros e aversão a risco impactou no fluxo, nas emissões e consequentemente no retorno dos fundos, que foram se recuperando ao longo do ano com as
perspectivas de queda de juros à diante.
2- Setembro e Outubro de 2023: a forte reprecificação de juros ao redor do mundo levou a um movimento de abertura da curva das NTN-Bs, que trouxe volatilidade para as estratégias não hedgeadas, enquanto as estratégias com proteção de carteira seguiram se beneficiando do cenário positivo e estabilização dos spreads de crédito.
Na hora de investir nesses fundos, muitos investidores se perguntam sobre qual seria a “melhor opção”, em nossa visão, cada estratégia é adequada para um perfil de investidor e uma parcela da carteira. Também já reforçamos nossa visão positiva para os fundos não hedgeados, já que são fundos com duration mais longa dada a característica dos seus ativos em carteira. Dessa forma, os fundos de debêntures incentivadas não hedgeados podem capturar, de forma alavancada, fechamentos das curvas das NTN-Bs, trazendo maiores retornos.
Por outro lado, reforçamos a importância da diversificação de indexadores na carteira de investimentos, e recomendamos acionar nosso time de assessoria em caso de dúvidas sobre como proceder na hora de escolher as estratégias que irão compor a carteira.
De olho no fluxo
Desde 2023, estamos acompanhando uma mudança na dinâmica de captação desses fundos, em especial para os que possuem remuneração atreladas ao IPCA. Após o início do movimento de fechamento de spreads, os fundos incentivados, voltaram a apresentar captação positiva a partir do mês de junho de 2023, e ganhou tração a partir do mês de agosto de 2023, porém, com a volatilidade acompanhada nos mercados, esse fluxo perdeu força e voltou a retomar a partir do mês de março de 2024, após um fechamento relevante nos spreads de crédito.
Quando analisamos a mesma amostra de fundos incentivados ano a ano, fica claro o desafio que esses fundos passaram no ano de 2023, mas também chama atenção o volume de captação até o mês de abril de 2024, que está atrelado à elevação de interesse dos investidores por esses fundos.
O que esperar nos meses adiante?
Em nossa visão, a demanda por esses títulos que compõem a carteira desses fundos segue alta, de forma que pode seguir pressionando ainda mais os spreads de crédito que já apresentaram um movimento importante de fechamento nos últimos tempos, temática que foi pontuada em nosso último relatório sobre o assunto.
Por outro lado, assim como temos destacado em nossos relatórios, a seletividade segue sendo essencial em um patamar de juros ainda elevados. Também acreditamos que é importante que os investidores compreendam as vantagens e os riscos envolvidos na alocação via fundos de debêntures incentivadas, de forma que seja feita uma avaliação cuidadosa a respeito das características e perfil de risco antes de investir. Pensando em contribuir com aqueles investidores que estão procurando diversificação de carteira e isenção de imposto de renda, listamos abaixo as estratégias presentes em nosso Top Fundos:
ARX Elbrus Advisory:
Lançado em março de 2019, o fundo ARX Elbrus Advisory, tem como foco extrair retornos através do investimento em debêntures incentivadas (Lei 12.431/2011). Seu benchmark é o índice de mercado Anbima IMA-B5, composto elas NTN-Bs com vencimento de até 5 anos. O fundo tem aplicação mínima de R$ 500,00 e liquidação + cotização em D+31. O fundo também conta uma estratégia “Pro”, que possui maior potencial de retorno com volatilidade também superior. O fundo ARX Elbrus Pro, tem como benchmark o índice de mercado Anbima IMA-B, composto pelas NTN-Bs de todos os vencimentos. Também é possível acessar a expertise da ARX na gestão de debentures incentivadas em uma versão hedgeada através do fundo ARX Hedge FIC INFRA.
XP Debêntures Incentivadas:
Lançado em 2014, o XP Debêntures Incentivadas é pioneiro do gênero no mercado. A estratégia busca investimentos de crédito privado isentos de imposto de renda, com uma carteira majoritariamente indexada ao IPCA. Em termos de alocação, o fundo conta com uma carteira diversificada em 117 ativos, tendo atualmente 90% do portfólio com rating entre AAA e A-. 80% da carteira está em ativos dos setores Elétrico, Concessões Rodoviárias e Saneamento, considerados bastante defensivos. A duration atual do portfólio é de aproximadamente 5 anos.
O fundo não possui hedge em sua carteira, isso quer dizer que os ativos presentes na carteira do fundo permanecem com o IPCA+ como indexador. Na estrutura hedgeada, os ativos passam a ter sua rentabilidade pós fixada, como no caso do XP Debêntures Incentivadas Hedge. O fundo é aberto para investidores em geral e tem aplicação mínima de R$ 5.000, o fundo possui prazo de liquidação + cotização de D+30 (úteis).
Capitânia Infra Renda:
Lançado em setembro de 2023, o Capitânia Infra Renda se trata de um fundo aberto inovador, acessível com investimento mínimo de R$ 500.00, e que tem como principal diferencial a possibilidade de promover ganhos mensais através da distribuição de rendimentos, algo novo para um mandato não listado. Se trata de uma estratégia hedgeada.
O rendimento será pago aos cotistas que mantiverem posição no fundo até o 10º dia útil de cada mês, sendo o pagamento efetuado no 3º dia útil subsequente. Dessa forma, os cotistas que não tiverem direito ao rendimento do mês em questão irão alocar no fundo com uma cota já descontada do rendimento a ser distribuído. Portanto, é indiferente ao cotista o dia em que ele ingressa no fundo.