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Fed opta por elevar os juros para 5,0% apesar das turbulências no setor bancário

O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) optou por aumentar as taxas de juros em 0,25pp, para o intervalo entre 4,75%-5,00%, apesar das turbulências no sistema bancário global nas últimas semanas. A comunicação pós-reunião foi equilibrada, em nossa opinião, deixando as portas abertas para as próximas decisões.

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Resumo

O FOMC (comitê de política monetária do Fed, na sigla em inglês) optou por aumentar a taxa de juros de referência em 0,25pp, para o intervalo entre 4,75%-5,00%, apesar das turbulências no sistema bancário global nas últimas semanas. O resumo das projeções econômicas do comitê trouxe poucas alterações, refletindo as perspectivas econômicas com elevado grau de incerteza. A comunicação pós-reunião foi equilibrada, em nossa avaliação, deixando as “portas abertas” para as próximas decisões de política monetária. Nosso cenário indica redução gradual das preocupações com o sistema financeiro, o que seria consistente com uma taxa de juros terminal (final do ciclo de aperto) de 5,25% ou 5,50%. Olhando adiante, prevemos início do ciclo de flexibilização – ou seja, corte de juros – no 1º trimestre de 2024, com a consolidação do processo desinflacionário nos Estados Unidos. Ainda assim, os riscos para o sistema bancário seguem presentes e podem forçar o Fed a moderar sua política e cortar juros mais cedo.

Na decisão de política monetária desta quarta-feira (22), uma das mais importantes dos últimos anos, o FOMC optou por elevar a taxa de juros de referência nos EUA de 4,75% para 5,00%, apesar das turbulências no sistema bancário global nas últimas semanas. Essa decisão veio em linha com as expectativas da maioria dos analistas (incluindo as nossas), embora alguns esperassem interrupção do aperto monetário do Fed devido às preocupações com a estabilidade financeira do país. Em linhas gerais, avaliamos que a decisão foi prudente dadas as circunstâncias. Embora os dados recentes de inflação pressionada e mercado de trabalho apertado pudessem justificar um ritmo de aperto maior, uma abordagem mais cautelosa ajuda a diminuir o risco de estresse adicional no sistema financeiro. Ao mesmo tempo, interromper o ciclo de aperto monetário poderia sinalizar aos mercados que o problema é mais grave do que o imaginado, o que também poderia intensificar as incertezas.

No que diz respeito às principais projeções econômicas do comitê de política monetária do Fed, houve atualizações modestas na mediana das estimativas em comparação à última publicação de dezembro. A projeção de taxa básica de juros ficou estável em 5,1% para o final de 2023, aumentou de 4,1% para 4,3% para o final de 2024, e permaneceu em 3,1% para o final de 2025. As previsões de crescimento real do PIB caíram de 0,5% para 0,4% em 2023 e de 1,6% para 1,2% em 2024; para 2025, por sua vez, houve elevação sutil de 1,8% para 1,9%. Já a projeção para a taxa de desemprego ficou estável em 4,5% para 2023 e 4,6% para 2024 e 2025. Por fim, a expectativa para o núcleo do deflator das despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), o indicador de inflação favorito do Fed, subiu ligeiramente de 3,5% para 3,6% em 2023, e de 2,5% para 2,6% em 2024; para 2025, houve estabilidade em 2,1%. Destacamos que os intervalos que contêm as projeções aumentaram um pouco, sugerindo maior disparidade entre as previsões dos membros do comitê de política monetária do banco central. Ao todo, as projeções mudaram pouco em relação à reunião anterior. A nosso ver, isso reforça a postura de “esperar para ver” dos membros do Fed diante do elevado grau de incertezas no ambiente macroeconômico.

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A declaração pós-reunião foi equilibrada e não trouxe comprometimento prévio com as próximas decisões de juros, em nossa opinião. Por um lado, o comitê afirmou que "os desenvolvimentos recentes provavelmente resultarão em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas e pesarão na atividade econômica, nas contratações e na inflação" (tradução própria). Esta parte da declaração sugere que as condições financeiras podem se tornar "suficientemente apertadas" sem aumentos adicionais na taxa básica de juros. No entanto, o comunicado também destacou que a inflação continua elevada e que "um aperto adicional da política monetária pode ser apropriado para atingir um patamar suficientemente restritivo para garantir o retorno da inflação à meta de 2% ao longo do tempo". Com esses comentários, acreditamos que o Fed tentou deixar as “portas abertas” para as decisões de juros futuras em meio ao cenário altamente incerto. O Presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o banco central está preparado para "ajustar a postura da política monetária conforme apropriado".

Na coletiva de imprensa que sucedeu o anúncio de juros, o Presidente Powell tentou aliviar as preocupações em relação ao sistema bancário dos EUA, mostrando-se confiante de que as ações do Fed estabilizaram a crise bancária. Ele destacou que o evento do SVB (Silicon Valley Bank) foi específico e que o sistema bancário continua resiliente e bem capitalizado. Além disso, Powell reforçou que o Fed irá rever o processo de supervisão e regulação, implementando novas políticas para garantir que o mesmo não aconteça com outros bancos. Essa parte da comunicação foi importante para amenizar (ou pelo menos não agravar) as preocupações do mercado, embora acreditemos que os riscos ainda estão presentes.

Ressaltamos que as perspectivas de política monetária ficaram “nebulosas” nas últimas semanas desde o colapso do SVB em 10 de março. Em poucos dias, a precificação dos mercados de juros "mais altos por mais tempo" mudou drasticamente para cortes até 3,75% no final de 2023 (gráfico). Embora as previsões do mercado tenham subido nos últimos dias, as expectativas continuam a apontar taxas mais baixas ante o quadro pré-SVB. Nosso cenário indica redução gradual das preocupações com o sistema financeiro. Nesse caso, a política monetária deve continuar a reagir aos dados de inflação e do mercado de trabalho, como vinha acontecendo. Acreditamos que esse quadro seria consistente com o Fed atingindo a taxa terminal de 5,25% ou (no máximo) 5,5%. Além disso, esperamos que o ciclo de flexibilização monetária – ou seja, corte de juros – comece no 1º trimestre de 2024, à medida que o processo de desinflação avance consistentemente.

No entanto, ainda não está claro se os esforços das autoridades para conter a crise bancária funcionarão no médio prazo, e ainda há a possibilidade de que a aversão ao risco torne os choques iniciais um problema mais sistêmico, o que obrigaria o Fed a moderar sua política monetária e cortar juros mais cedo. Nesse cenário, ainda vemos o processo de desinflação avançando, uma vez que haveria uma deterioração da demanda agregada e as condições de crédito ficariam mais apertadas sem que o Fed precisasse elevar ainda mais a taxa de juros de referência. De qualquer forma, o efeito das altas já implementadas ficará cada vez mais evidente nos próximos trimestres, dado o efeito defasado da política monetária. Portanto, o cenário de “pouso suave” da economia está se tornando cada vez mais improvável, e acreditamos que os EUA entrarão em recessão moderada no final de 2023 ou início de 2024.

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