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Construção Civil | O “Pode Entrar” gera valor para construtoras de baixa renda?

Analisando impactos de alavancagem financeira e rentabilidade para as empresas da nossa cobertura

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Neste relatório, discutimos as expectativas do programa “Pode Entrar” de São Paulo a partir de uma análise mais profunda dos nomes de nossa cobertura (Plano&Plano, Tenda, Direcional e MRV). Listamos duas razões principais pelas quais gostamos do leilão: (i) Instrumentos de pagamento atrativos, levando a um enorme sucesso do programa em termos de demanda (104 mil unidades); (ii) Geração de valor auxiliando na alavancagem financeira. Destacamos Plano&Plano e Tenda como os nomes mais beneficiados pelo maior lance (~7,8 mil e ~7,4 mil), alcançando ~R$ 1,6 bilhão e ~R$ 1,5 bilhão de VGV, respectivamente.

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A demanda do programa foi um sucesso devido aos métodos de pagamento atrativos

O Pode Entrar possui dois principais instrumentos de pagamento: (i) Depósito integral do valor do projeto (preço até R$ 210 mil/unidade) em conta vinculada; e (ii) Cronograma de pagamento definido (15% de entrada; 50% de parcelas mensais; 25% de parcelas trimestrais; 10% de saldo de entrega). Dito isso, vemos o Pode Entrar como menos dependente do orçamento da Prefeitura de São Paulo em relação ao antigo modelo MCMV faixa 1 (Faixa 1) (dependência de financiamento do governo), reduzindo significativamente o risco de não pagamento em caso de revisão orçamentária e alteração do mandato do governo, aumentando significativamente a confiança dos construtores, aumentando a atratividade (104 mil unidades aplicaram para o programa).

Agregando valor com um retorno atrativo

Quatro empresas de nossa cobertura listaram unidades no programa (Direcional: ~3,0 mil unidades; MRV: ~6,0 mil unidades; Tenda: ~7,4 mil unidades; Plano&Plano: ~7,8 mil unidades). Além disso, Pode Entrar parece bastante atrativo para quase todos os nomes do segmento de baixa renda, mas especialmente para Plano&Plano e Tenda devido ao foco na parte inferior do programa (ticket mais baixo), e a relevância do VGV listado ~R$ 1,6 bilhões e ~R$ 1,5 bilhão vs. patrimônio líquido atual, respectivamente. Estimamos uma TIR atrativa (~20% vs. ~17% Ke médio em nossa cobertura) e um NPV positivo (em nosso cenário base), beneficiando principalmente o Plano&Plano (+11,8% do PL atual) e Tenda (+6,0% do PL atual).

Auxiliando no cenário de alavancagem financeira

Vemos espaço para melhorar a alavancagem financeira, com base em dois cenários: (i) Considerando apenas a entrada (15%) como caixa no momento de depósito da conta vinculadas; ou (ii) Reconhecimento integral das contas vinculadas como caixa, o que deve diminuir a alavancagem financeira (Tenda para 29% ND/Patrimônio e MRV para 47%).

O financiamento parece saudável, mas há espaço para recorrência?

O Pode Entrar tem um orçamento de ~R$ 8 bilhões e pode ter três fontes principais de financiamento: (i) Prefeitura do município de São Paulo (~R$ 2 bilhões de orçamento para o programa em 2023 vs. R$ 95,8 bilhões do orçamento total da prefeitura no ano); (ii) FUNDURB (Fundo de Desenvolvimento Urbano); e (iii) FMH (Fundo Municipal de Habitação). Embora acreditemos que o orçamento pareça saudável para 2023/24, vemos que uma recorrência do programa nas mesmas proporções atuais (40 mil unidades a serem entregues em 2 anos), não parece tão óbvio, dado (i) maior demanda orçamento; e (ii) grande número de unidades a serem produzidas vs. nível de absorção na cidade de São Paulo (40k unidades no Pode Entrar vs. ~70k unidades vendidas na cidade em 2022).

Onde estamos agora? As propostas vencedoras serão definidas em breve

O programa está dividido em 4 Fases e encontra-se atualmente nos estágios finais da Fase 1 (definição da lista de propostas vencedoras, que deverá ser divulgada em breve). Após a definição das empresas vencedoras, ainda há um período de verificação da documentação (estimamos entre 3 e 6 meses), o que indica que os depósitos em contas vinculadas podem ser concluídos até o 2S23, a nosso ver.

O modelo poderia ser replicado no faixa 1 do MCMV? Achamos improvável

Apesar de os dois programas terem orçamento inicial semelhante (~R$ 8 bilhões no Pode Entrar vs. ~R$ 9,5 bilhões nos subsídios do MCMV), vemos pouco espaço para a faixa 1 do MCMV replicar o modelo aplicado no Pode Entrar, dado (i) maior interesse de pequenas construtoras pelo MCMV, aumentando a oferta e compensando a potencial baixa adesão de players relevantes ao modelo de operação mais antigo do MCMV, a nosso ver; e (ii) a operação da conta vinculada deve limitar o número de unidades propostas para construção dentro do orçamento.

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