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S&P Global revisa perspectiva de rating do Brasil para ‘Positiva’. O que muda na renda fixa?

No dia 14 de junho, a agência de classificação de risco S&P Global alterou a perspectiva do rating soberano para positiva. Veja o que muda.

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No dia 14 de junho, a agência de classificação de risco S&P Global afirmou os ratings soberanos do Brasil em ‘BB-/B”, de longo e curto prazos, respectivamente. A perspectiva, por sua vez, foi alterada de estável para positiva. Foi a primeira movimentação positiva realizada pela agência sobre os ratings do Brasil desde 2019. Veja aqui o que pode mudar para as empresas que tem seus ratings limitados pelo soberano e o impacto sobre a renda fixa.

Confira aqui o que é “rating” e para que ele serve.

O que disse a S&P Global:

A perspectiva positiva reflete sinais, na visão da agência, de maior certeza em relação à estabilidade das políticas fiscal e monetária, aliadas ao crescimento contínuo do PIB – Produto Interno Bruto – previsto, ainda que em baixo patamar. Tais fatores poderiam resultar em uma menor carga de endividamento do país, bem como reforçar a resiliência institucional do Brasil, com políticas estáveis e equilíbrio entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

A afirmação do rating reflete, na visão da S&P Global, a forte posição externa do Brasil, a política cambial flexível e o regime de política monetária baseado em metas de inflação, conduzido por um Banco Central autônomo. Adicionalmente, a agência aponta que os riscos de refinanciamento soberano são mitigados pelo capital doméstico, bem como pelas emissões de títulos públicos no mercado de capitais, majoritariamente denominadas em moeda local (o que permite ao governo manter uma boa composição de sua dívida).

Confira aqui a visão dos economistas da XP para a economia brasileira

O que poderia ocasionar uma elevação (upgrade) no rating?

Quando as agências de rating posicionam as perspectivas em tendência positiva, isto indica uma possibilidade de elevação das notas dentro de um determinado horizonte.

Como indicado no relatório sobre a ação de rating divulgado pela S&P Global, para uma possível elevação da nota de crédito brasileira nos próximos dois anos, as instituições brasileiras precisariam implementar políticas econômicas pragmáticas com a intenção de conter vulnerabilidades nas contas públicas e preparar o cenário para um crescimento econômico melhor. A chave para isso seria a aprovação de reformas adicionais – entre elas uma possível reforma tributária atualmente em debate.

O que poderia levar a uma perspectiva estável novamente?

Segundo a S&P Global, a perspectiva poderia ser revisada de volta para ‘Estável’ dentro dos próximos dois anos caso uma estrutura inadequada de políticas ou uma implementação inadequada resultassem em um crescimento limitado, levando a uma maior deterioração fiscal e a uma dívida maior que o esperado. Nesse sentido, a agência acredita que uma deterioração da sinalização das políticas também poderia afetar os fluxos de investimento estrangeiro e enfraquecer a forte posição externa.

Como a mudança realizada pode impactar as empresas?

Uma parte dos ratings atribuídos a empresas pelas agências possui limitações em relação ao rating soberano vigente. Neste sentido, um movimento para cima ou para baixo no rating soberano pode originar reajustes de ratings corporativos na mesma direção.

Ainda que o rating soberano tenha permanecido o mesmo, a elevação de sua perspectiva para “positiva”, ante “estável”, pode ocasionar também melhora de perspectivas nas notas de crédito detentoras desse delimitador.

Vale mencionar que, do ponto de vista de escala nacional, o rating ‘brAAA’ já é a nota máxima. Sendo assim, somente empresas em escala global limitadas no soberano (‘BB-‘ ou acima*) têm essa possibilidade de melhora no outlook (perspectiva) como resultado da mudança realizada. Veja aqui quais emissores tiveram suas perspectivas ajustadas, no dia 15 de junho.

*Há empresas avaliadas acima do rating soberano?

Sim, existe esta possibilidade. No fluxo da análise realizada pela agência, chega-se a um rating “individual”, ou seja, que reflete o risco de crédito daquele emissor sem considerar riscos ou benefícios externos à operação (como por exemplo boa capacidade financeira de controladores ou risco de calote do soberano).

No entanto, há empresas que individualmente poderiam ser avaliadas com notas mais elevadas do que aquela do soberano. Nestes casos, realiza-se um teste de estresse, considerando cenário consideravelmente deteriorado da economia brasileira, para avaliar se a empresa teria liquidez para honrar com suas dívidas mesmo sob estas condições. Em geral, empresas exportadoras, com receitas em moeda estrangeira, são as que passam no teste.

Em caso positivo, o rating corporativo pode estar acima do soberano, em até quatro degraus, a depender do nível de sensibilidade da indústria ao risco-país. Sendo assim, uma empresa que individualmente pudesse ter rating em escala global ‘BBB-‘, mas está limitada a dois degraus acima do soberano, hoje possui rating ‘BB+’, mas caso haja elevação da nota brasileira, a empresa poderia atingir o rating ‘BBB-‘ (e, por isso, teria sua perspectiva ajustada como resultado do ajuste feito).

Como a mudança realizada pode impactar a renda fixa?

Uma melhora na percepção do mercado em relação ao risco de se investir em títulos brasileiros é refletida na curva de juros futuro. De maneira geral, uma vez que os ratings são considerados “selos” da qualidade de crédito de emissores, um movimento com tendência positiva na classificação soberana reflete menores riscos na visão das agências de rating.

Seguindo uma ação positiva, normalmente é possível esperar alívio nas expectativas de juros, com fechamento da curva DI. De fato, foi o que já ocorreu na tarde do dia 14, com o dólar recuando 1,15% a R$ 4,80 e juros caindo principalmente em prazos médios a longos (que refletem o risco fiscal).

Ressalta-se que no mesmo dia houve também decisão de política monetária nos EUA, com manutenção de juros na faixa de 5,0% a 5,25% e comunicado deixando as portas abertas a novos aumentos nas próximas reuniões do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). – Veja como as taxas de juros americanas impactam os juros no Brasil.

De imediato, o efeito de queda nos juros sobre os ativos de renda fixa, em especial prefixados e atrelados à inflação, seria de valorização (devido à marcação a mercado).

Além disso, caso esse patamar mais baixo se mantenha, a rentabilidade dos ativos de renda fixa passaria a ser mais baixa comparativamente a um cenário de maior risco. Ressaltamos, no entanto, que continuamos a enxergar as taxas como atrativas, tanto dos títulos públicos quanto das emissões bancárias e de crédito privado (cujos prêmios de risco permanecem elevados).

Fonte

S&P Global

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