- Desde o dia 30 de janeiro de 2023, está disponível no Tesouro Direto um novo título, para facilitar o planejamento da aposentadoria: Tesouro RendA+.
- O Tesouro RendA+ é atrelado ao IPCA, o índice oficial de inflação no Brasil, visando manter o poder de compra ao longo do tempo, além de garantir retorno real de quem ficar com o título até a data de vencimento.
- Os investidores têm à disposição, inicialmente, oito opções de datas de conversão (quando o título passará a pagar rendimentos mensais).
Ao investir, um dos principais objetivos apontados por investidores é a sua aposentadoria. Afinal, como sabemos, é um período em que teoricamente não há mais renda gerada através do trabalho e em que se deseja ter segurança, estabilidade e conforto.
Para alguns casos, há a possibilidade de recebimento da previdência por parte do governo (INSS), mas não é recomendável depender apenas deste recurso, uma vez que o montante dificilmente será suficiente para cobrir, com conforto, as necessidades da fase de aposentadoria. Apesar de saber deste risco, cerca de 75% das pessoas não possuem previdência complementar, de acordo com pesquisa do Tesouro Nacional.
Por este motivo, a busca por alternativas para complementar a previdência tem aumentado nos últimos anos. E uma nova opção foi lançada pelo Tesouro Direto para facilitar este planejamento por parte dos investidores.
Tesouro RendA+: O que é?
O Tesouro RendA+ (NTN-B1) é o nome do novo título do Tesouro Direto, criado pelo Decreto 11.301/2022 e que está disponível desde o dia 30 de janeiro de 2023. O título tem uma estrutura que permite ao investidor obter uma simplificação no planejamento de sua aposentadoria. Assim, poderá complementar sua renda futura.
O foco do título é o longo prazo, podendo assim se beneficiar de uma taxa de retorno em geral mais atrativa. Assim como costumamos indicar para investimentos de prazos mais longos, o Tesouro RendA+ é atrelado ao IPCA, o índice de inflação mais utilizado no Brasil. Desta forma, o investidor poderá manter o poder de compra ao longo do tempo, além de garantir retorno real (ficando com o título até a data de vencimento).
Curiosidade: este título foi criado pelo Tesouro Nacional com base em um estudo de Arun S. Muralidhar, PhD, e Robert C. Merton, Nobel de economia, sobre SeLFIES* – produtos financeiros que facilitam o processo de poupar para uma previdência complementar. O estudo menciona que estes produtos poderiam ajudar o Brasil a criar uma “SUPER” previdência complementar.
*Standard-of-Living, Forward-starting, Income-only Securities
Os princípios “SUPER” por trás do novo Tesouro Renda+ (com base no estudo citado) são:
O que esperar do Tesouro RendA+?
A expectativa do Tesouro Direto com a disponibilização do novo título em sua plataforma é que os investidores:
- Façam o primeiro aporte no Tesouro RendA+, a partir de cerca de R$ 30,00.
- Façam aportes periódicos, no valor que desejarem, até a data de conversão, garantindo, assim, a renda mensal complementar que pretendem obter no futuro.
- É possível realizar simulações na plataforma do Tesouro Direto para definição de quanto investir em cada período para atingir a renda futura esperada: Clique aqui para acessar.
- Mantenham os títulos em carteira ao longo de sua vida economicamente ativa até a data de conversão.
Período de acumulação: Ao escolher um título pela data de conversão, o investidor fará a compra das quantidades, acumulando assim seus rendimentos ao longo dos anos para recebimento de fluxos mensais no futuro.
Data de conversão é a data a partir da qual o título passará a pagar rendimentos mensais. Ou seja, é a data de aposentadoria estimada pelo investidor.
Período de conversão: É o período pós-data de conversão, em que ocorrerão os pagamentos mensais.
Como investir no Tesouro RendA+?
O investimento nos títulos Tesouro RendA+ funciona da mesma maneira que outros títulos do Tesouro Direto. Ou seja, apenas pessoas físicas podem investir, seguindo o horário de funcionamento da plataforma (das 9h30 às 18h em dias úteis).
Há limite de compra, ou seja, no mínimo 1% do valor de cada título, limitado ao mínimo de R$ 30,00 e no máximo R$ 1 milhão por mês.
A liquidação dos resgates ocorre no mesmo dia para pedidos realizados até às 13h e no dia útil seguinte após este horário.
Acesse aqui o simulador do Tesouro RendA+
O que o Tesouro RendA+ tem de diferente de títulos já existentes?
Apesar de, em diversos aspectos, o novo título ser semelhante ao Tesouro IPCA+, existem diferenças importantes que o tornam ideal para a previdência:
Como funcionam as taxas e impostos do Tesouro RendA+?
Assim como os outros títulos do Tesouro Direto, o Tesouro RendA+ tem incidência de imposto de renda (IR), imposto sobre operações financeiras (IOF) e taxa de custódia da B3.
No caso do IR e IOF, nada muda: ambos seguem as mesmas tabelas regressivas – veja aqui como funciona.
Já no caso da taxa de custódia, existem diferenças para o novo título em relação aos já existentes. Sob a nova modalidade, válida apenas para o Tesouro RendA+, o “fato gerador” da taxa de custódia passa a ser o resgate (saída antecipada). Sendo assim, não haverá cobrança semestral (de 0,2% a.a.) sobre o saldo do título.
Além disso, para incentivar o viés de longo prazo do título, a taxa de custódia também passa a ser regressiva para o RendA+. Ou seja, quanto mais tempo o investidor fica com o título na carteira, menor é a taxa, podendo inclusive chegar a zero para quem mantiver o título até o final.
Após a data de conversão, quando se iniciam os pagamentos mensais, há cobrança de taxa sobre a renda mensal, de acordo com a regra abaixo:
Quais são os riscos do Tesouro RendA+?
Os riscos são os mesmos de se investir em qualquer outro título do Tesouro Direto, sendo mais comparável aos títulos IPCA+.
- Risco de crédito: também conhecido como risco de “calote”, é o risco de o governo brasileiro quebrar. Ou seja, é o menor risco dentre emissores brasileiros.
- Risco de mercado: é o risco de oscilações no preço do título antes do vencimento como resultado de variações nas condições de mercado. Quando o risco de mercado sobe (e, portanto, as taxas), o preço desvaloriza e vice-versa. Quanto mais longo o título, maior sua sensibilidade a essas oscilações.
- No entanto, vale lembrar que o objetivo do título é a aposentadoria. Sendo assim, o foco do investidor deveria ser mantê-lo até o vencimento (mitigando o risco de mercado).
- Risco de liquidez: e refere à facilidade para negociações do título no mercado secundário, no qual um título com poucos compradores potenciais pode ser desvalorizado no momento de uma cotação de venda. No caso de títulos do governo, o risco de liquidez é consideravelmente baixo.
O Tesouro RendA+ é melhor do que a previdência pública?
Dados do IBGE mostram que 46% dos brasileiros aposentados não acham o valor de sua aposentadoria suficiente para pagar contas e despesas pessoais. Ao mesmo tempo, 89% concordam que é muito importante investir para ter uma situação financeira confortável na aposentadoria.
Em nossa visão, o Tesouro RendA+ pode ser utilizado como uma nova alternativa para compor a previdência privada do investidor. Ou seja, apesar de ser baseada em títulos públicos, pode ser vista também como uma previdência privada, uma vez que é iniciativa do próprio investidor (diferentemente da previdência pública obrigatória a qual trabalhadores têm direito – o INSS).
Sendo assim, o Tesouro RendA+ deve ser visto como um complemento à previdência pública, e não um substituto.
O Tesouro RendA+ é melhor do que a previdência privada?
Conforme citado, o Tesouro RendA+ pode ser visto como uma forma de previdência privada. Se o compararmos com alternativas mais tradicionais, é possível citar algumas vantagens, como o baixo investimento mínimo, de cerca de R$ 30,00, a facilidade em realizar a aplicação, além de o risco ser conhecido e não haver taxa de administração.
No caso de fundos de previdência, há diversos tipos, com diferentes riscos e níveis de taxa de administração. Isto torna complexa a comparação direta entre as opções de maneira generalizada.
O ideal é buscar diversificar, fazendo uso de diferentes alternativas visando a melhor composição da previdência privada do investidor.
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Fontes: Tesouro Nacional e Tesouro Direto