A renda fixa é uma classe de ativos conhecida por sua segurança. Um investidor, ao optar por investir em ativos de renda fixa, ganha previsibilidade em relação ao tipo de remuneração que esse investimento irá oferecer, e isso pode ser compreendido como uma forma de proteção. Acontece que dentro da renda fixa temos diferentes produtos, subclasses e níveis de riscos. Para se ter noção de que a renda fixa vai muito além dos títulos seguros, a alternativa de investimento que vamos abordar hoje é conhecida por seu maior potencial rentabilidade, maior risco e menor liquidez: hoje você irá compreender o universo dos fundos de crédito privado high yield.
Quando uma empresa deseja captar recursos no mercado financeiro ela pode emitir uma dívida, que será formalizada via contrato e esse contrato irá se transformar em um título de investimento. Essa é uma alternativa mais barata para essas empresas do que os empréstimos bancários, por exemplo. Os custos desse contrato estarão vinculados a fatores como: tamanho da empresa, saúde financeira, histórico de crédito, rating, entre outros. O termo em inglês high yield quer dizer “alto rendimento”. Nesse caso, são ativos de crédito privado que oferecem uma rentabilidade elevada em troca de um maior risco.
Os fundos de crédito privado high yield são responsáveis por financiar essas empresas através da compra de títulos de crédito privado com alto risco. Essa qualidade do crédito é transmitida aos investidores através do “rating” que essa empresa possui, ou seja, uma classificação em forma de notas que busca mensurar a capacidade da empresa em honrar seus compromissos. A nota mais baixa atribuída pelas agências de risco é a “D” (quando a empresa já deu default ou calote) e a mais alta é a “AAA”. Saiba mais sobre como funcionam os ratings de crédito aqui.
Quando falamos em crédito privado high yield em escala global, essa classificação irá abranger todos ativos que não são considerados “Investment Grade”, ou seja, todos os títulos que receberam rating inferior a BBB- ou Baa3 das agências de classificação de crédito. Como o próprio Brasil está classificado com o rating BB-, todos títulos brasileiros se encaixariam na definição high yield no âmbito internacional. O que chama atenção, no entanto, é que nessa classificação estariam grandes empresas locais consideradas seguras e com boa estrutura, mas que não alcançaram o rating dessa escala internacional.
Com o desenvolvimento do mercado de crédito no Brasil, novas emissões de títulos e o refinamento do processo de análise de rating, foi possível estruturar novas operações de crédito com diferentes níveis de risco. Hoje, em escala nacional, para um título ser considerado high yield a classificação deverá estar abaixo do rating AA.
A possibilidade de encontrar bons títulos com prêmios de risco elevados tem atraído muitos gestores. Em um estudo realizado com todos os fundos classificados como high yield da plataforma XP, foi possível notar que 33% deles tiveram início nos últimos 3 anos e quase 70% nos últimos 6 anos, o que demonstra um mercado recente, mas com crescentes oportunidades para o investidor.
Onde está a oportunidade dentro desse nível risco?
Uma característica dos títulos high yield é a baixa liquidez ocasionada pelos seus longos vencimentos. Por isso, quando um gestor de fundos high yield decide colocar esses papeis na carteira, o ganho de capital estará vinculado ao “carrego”, uma vez que o gestor leva esse título até o vencimento e recebe a rentabilidade contratada. Ou seja, quando falamos de ganho de capital nesse tipo de fundo, carregar até o vencimento é a principal fonte de renda. Outra possibilidade de ganho de capital é através da marcação a mercado, que é a precificação diária de um ativo de acordo com a taxa de juros esperada e as condições de mercado. Dessa forma, caso o gestor tenha liquidez para o ativo e valorização antes do vencimento, ele poderá se desfazer de parte ou de toda a posição realizando o ganho da operação. O gestor da XP Asset Fausto Silva, chama atenção para os dois pilares estratégicos desse tipo de papel:
“Essa classe de ativos, partindo da análise inicial, tem como premissa que não é um papel tão líquido. Essa premissa já é colocada no prêmio de liquidez e reflete na taxa de remuneração. A segunda premissa é inerente à renda fixa como um todo – pela falta de liquidez, precisamos fazer uma conta do que vai ser levado até o vencimento. Isso bate no prazo/duration o ativo. Isso reflete como o papel devolve o recurso ao investidor. Seja no pagamento de juros ou na amortização de capital. Por esse motivo existe uma personalização na estrutura do contrato.”
Para fins de explicação, duration é o prazo médio ponderado do fluxo de pagamento de um ativo. Se um ativo não possui pagamentos intermediários, sua duration é igual ao prazo do ativo. Essa é uma importante métrica de risco em relação ao horizonte de investimento do ativo. Quanto menor a duration, menor o risco daquele papel.
Sobre potencial de retorno: as debêntures são um dos principais ativos na composição da carteira desses fundos. E duas das principais métricas para medir o desempenho dessas debêntures são os índices IDA-DI e IDEX-DI. A diferença entre os dois é que enquanto o IDA-DI parte das debêntures precificadas pela Anbima, o IDEX-DI parte de uma cesta de debêntures com maior volume de negociação e leva em conta apenas as ofertas de compra. Dessa forma, o IDEX-DI acaba sendo uma forma de medir um pouco do apetite do mercado.
Vale destacar que além de debêntures esses fundos de crédito high yield também investem em FIDCs, LFs e Bonds, entre outros.
E se houver “calote”?
Caso a empresa passe por dificuldades, pode haver default nos contratos de crédito privado, que é o maior risco inerente a esses ativos. O default é a situação de inadimplência de um emissor ou o chamado “calote”. Nesse caso, para se resguardar, o gestor trabalha com garantias robustas e bem estruturadas, para evitar que haja impacto no resultado da carteira do fundo.
Quando falamos de ativos de alto risco é ideal que seja realizada uma análise caso a caso para identificar onde estão as oportunidades e qual o melhor momento de saída/venda do ativo. Quem explica isso é o sócio da JGP e responsável pelos fundos de Crédito Privado da empresa, Alexandre Muller:
“O high yield na prática tem mais exposição aos cenários macro. O ambiente macroeconômico demanda para o high yield mais cuidado, mais seleção, mais cautela.”
Diferente do mercado acionário, que possui volume e número de negociações diárias elevadas, no mercado de crédito privado, em especial de high yield, existe um número limitado de títulos e emissores, o que acaba trazendo restrições de saída no secundário. Além disso, por característica básica, esses ativos possuem vencimentos mais longos. Dessa forma, além da tolerância a riscos, é essencial que o investidor leve em consideração o horizonte de investimento.
O alto risco somado com a necessidade de monitoramento, exige uma sofisticação na seleção desses ativos. É para isso que alerta Samuel Ponsoni, Gestor dos fundos da Família Selection:
“Pulverização para o mundo do crédito high yield é uma regra. Temos alta remuneração, com alto risco, então a alocação precisa ser feita de maneira diversificada, de forma que o risco de crédito e liquidez sejam mitigados. É pulverização como premissa básica para esse tipo de investimento”.
Um default no mercado high yield vai resultar em um crédito deteriorado. Dessa forma, dificilmente é possível achar um comprador e quando ocorre de o ativo ter liquidez, a remuneração fica prejudicada. Por isso, no momento da seleção, a baixa representatividade de um papel dentro de uma carteira, visando a pulverização de risco, é um fator muito importante.
A sofisticação da gestão especializada:
Os títulos high yield exigem avaliação, monitoramento e gestão mais sofisticada do que os investimentos em renda fixa de baixo risco. Como essas são empresas com menor qualidade de crédito (rating mais baixo), temos aquelas que já estão no mercado e conhecem seu funcionamento, e também aquelas que estão iniciando seu relacionamento no mercado de capitais. Por isso o intermédio dessas operações não é algo trivial. Quando falamos em fundos que investem nessa classe de ativos, é preciso que tenham uma equipe robusta, especializada e que consiga ter o controle da estrutura e negociação das emissões.
Para ativos que apresentam essa dinâmica elevada de riscos e uma margem baixa de liquidez, a gestão especializada irá possibilitar tranquilidade ao investidor em termos de alocação. Dessa forma, a aplicação através de fundos de investimentos vai possibilitar ao investidor com um único aporte o acesso a diversos títulos de crédito com prazos e taxas distintas.
Acessando a estratégia crédito privado high yield através dos fundos de investimentos:
Para investidores que desejam acesso a um gestor profissional selecionando os melhores fundos High Yield do mercado, poderá contar com o fundo Selection RF Plus FIC FIM CP LP. Com uma liquidez atrativa para essa classe de ativos (D+90) o fundo oferece acesso a gestoras e fundos que eventualmente podem fechar para captação. Tudo isso com aportes a partir de R$ 100,00
Já para aqueles investidores que desejam conhecer os ativos de crédito privado, mas sem abrir mão dos títulos de qualidade, a JGP oferece através do fundo JGP Crédito Advisory FIM CP, com liquidez D+45 o fundo fornece o acesso a titulos de crédito privado de empresas com baixo risco de inadimplência.
Para investidores que querem essa exposição de maneira sofisticada aos ativos high yield poderá contar com a família de fundos XPCE, através dos fundos: XPCE 180 FIC FIM CP e XPCE 360 FC FIM CP. Além de poder contar com alternativas como o XPCE 15 FIC RF CP LP (aberto a todos investidores) e a alternativa de previdência: XPCE XP SEG PREV FIC FIRF.
Devido aos riscos explicados anteriormente, a maioria dos fundos High Yield ainda são exclusivos para investidores qualificados.
Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!