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Quem mexeu no meu Fundo DI? Entenda o retorno negativo dos fundos mais seguros do Brasil

Saiba as condições de mercado que levaram à rentabilidade negativa dos fundos DI que investem em LFTs

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O ano de 2020 tem sido de muito aprendizado nos mercados financeiros. Alguns eventos inéditos e outros que não eram vistos há muito tempo devem ficar na memória dos investidores.

No mercado de ações, tivemos no mês de março o circuit breaker, evento que paralisa as negociações na bolsa quando se atinge uma queda de 10% no dia, e que não era visto desde o “Joesley Day”, em 2017. Esse ano não foi apenas um circuit breaker, foram 6 em um intervalo de apenas 9 dias.

No mercado de crédito privado, os meses de março e abril foram de muita tensão para investidores, que viam seus fundos, antes tidos como seguros e pouco voláteis, caírem até 7% devido a um movimento de marcação negativa nos papéis.

No mercado de commodities, vimos contratos futuros de petróleo sendo negociados a valores negativos.

E agora, no mês de setembro, as LFTs (“Tesouro Selic”), títulos públicos pós-fixados que são tidos entre os mais seguros do país, apresentaram rentabilidade negativa, algo que não acontecia desde o longínquo ano de 2002. O gráfico abaixo mostra o retorno mensal do IMA-S, índice calculado pela Anbima e que é composto por uma cesta de LFTs de diferentes vencimentos que existem no mercado.

Antes de explicar o movimento atual, é necessário entender que as LFTs são títulos de dívida emitidos pelo Governo Brasileiro e que, caso o emissor não dê calote, o investidor receberá na data do vencimento o retorno contratado na compra do título. É altamente improvável que o governo dê calote na dívida interna, pois no limite poderia imprimir mais dinheiro para pagar sua dívida, logo as LFTs (ou Tesouro Selic), continuam sendo o título de mais baixo risco que o investidor tem à disposição.

Mas por que teve retorno negativo?

O Tesouro Selic é um título pós-fixado, cuja rentabilidade varia junto com a taxa Selic, minimizando o que chamamos de “risco de mercado” (oscilação nos preços dos ativos em momentos de maior ou menor aversão a risco). Porém, quando se investe em tais títulos, existe um pequeno prêmio (% de retorno acima da taxa Selic) que varia conforme a demanda pelas LFTs. Quando há forte demanda por LFTs, as prêmios acima da Selic são baixos e quando há pouca demanda, os prêmios exigidos são maiores. Historicamente, esse prêmio sempre foi bem baixo (no início do ano estava em 0,02%)

Porém, com o forte aumento de gastos do Governo devido à pandemia do coronavírus, a situação fiscal já frágil no Brasil se deteriorou ainda mais.

Esse cenário aumentou a necessidade do governo de se financiar (tomar empréstimo dos investidores), levando o Tesouro Nacional a realizar em 10 de setembro um “mega leilão”, colocando no mercado mais de R$ 46 bilhões de títulos públicos. Esse grande volume impactou negativamente as expectativas do mercado, mostrando que o governo precisava de mais recursos do que o esperado. Por isso, quem aceitava comprar as LFTs exigiu mais prêmio, que saiu de 0,03% no início de setembro para 0,09% e seguiu aumentando ao longo das semanas seguintes.

Esse movimento afetou a marcação a mercado dos papéis, que tiveram um retorno negativo no mês de setembro.

E os títulos podem recuperar o rendimento?

O mesmo desequilíbrio de oferta e demanda na negociação das LFTs que acarretou a desvalorização dos títulos pode levar também à recuperação. À medida que as condições de mercado se normalizem, é esperado que as LFTs passem por um movimento de volta à normalidade, com oscilações muito mais baixas ou até mesmo nulas.

Uma analogia pode ser feita com o que houve com os fundos de crédito privado nos meses de março e abril de 2020, quando tais produtos sofreram quedas expressivas. No início da pandemia, o aumento da percepção de risco de crédito das empresas e, principalmente, a intensificação do fluxo de vendas dos títulos privados, levaram a retornos negativos da classe. Desde então, tais fundos têm apresentado uma recuperação forte, como pode ser verificado pelo índice Idex-CDI, composto pelas debêntures atreladas ao CDI e que nos traz uma boa referência do comportamento desse mercado.

Nesta analogia, a “empresa devedora” (tomadora do crédito) é o governo brasileiro, que possui o melhor risco de crédito do país. O Brasil nunca deu calote em sua dívida pública e é altamente improvável que isso aconteça, muito menos no caso da dívida em posse de investidores locais.

Vale ressaltar que, para as LFTs que apresentaram retornos negativos nas últimas semanas, as perdas dos investidores só serão efetivamente realizadas se os recursos forem resgatados, se houver venda desses títulos no mercado secundário. Em outras palavras, se os títulos forem carregados até o vencimento, o retorno auferido na aplicação será exatamente aquele contratado no momento da compra, geralmente um pouco superior à taxa Selic, independentemente dos solavancos que forem observados no meio do caminho. Analogamente, os investidores que não resgatarem seus recursos dos fundos conservadores (Renda Fixa Simples ou fundos DI), poderão ver a rentabilidade acumulada de seus investimentos retornarem ao terreno positivo ao longo do tempo.

Apesar das oscilações indesejadas que observamos recentemente, as LFTs e os fundos DI ou Renda Fixa Simples (que investem apenas em LFTs) ainda são os produtos que apresentam o menor risco de crédito do país, em conjunto com a flexibilidade da liquidez diária, uma combinação bastante atrativa para a preciosa reserva de emergência ou para investimentos oportunísticos.

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