Pesquisa Mensal do Comércio (PMC): Vendas no varejo crescem moderadamente em julho. Esperamos desaceleração ao longo do 2º semestre

As vendas no varejo ampliado recuaram 0,3% em julho ante junho, resultado um pouco abaixo das expectativas (XP: 0,1%; mediana do mercado: 0,2%). Ainda assim, o indicador avançou 0,4% no trimestre móvel encerrado em julho. Na comparação com o mesmo mês de 2022, o varejo ampliado cresceu 6,6% (XP e mercado estimavam 7,1%). A categoria de “Veículos, Motocicletas, Partes e Peças” explicou a diferença entre nossa estimativa e o resultado efetivo das vendas no varejo total, ao apresentar queda de 6,2% em julho após avanço de 8,8% em junho. Esperávamos que a dissipação dos efeitos do programa temporário do governo voltado ao setor automotivo ficasse mais evidente em agosto. Em outras palavras, nossa projeção para as vendas de veículos em julho apontava para uma queda menos acentuada do que o divulgado. Por sua vez, a categoria de “Atacado Especializado em Alimentos, Bebidas e Fumo” apresenta resultados fortes (expansão de 19,6% ante julho de 2022 e de 9,5% no acumulado do ano) que deverão persistir nos próximos meses. Esta categoria tem sido crucial para evitar uma desaceleração mais pronunciada nas vendas do varejo brasileiro. A categoria de “Materiais de Construção” registrou, pela segunda vez consecutiva, um avanço tímido (0,3% em julho vs. junho; -1,1% t/t) - o que não altera a tendência de enfraquecimento observada desde o final de 2022.        

As vendas no varejo restrito retomaram o crescimento em julho, após três leituras ruins. O resultado veio em linha com as estimativas (observado: 0,7%; XP: 0,6%; mediana do mercado: 0,5%). Os dados desagregados foram mistos, com quatro entre as oito atividades do varejo restrito subindo em relação a junho. Pelo lado positivo, as categorias de “Equipamentos e Materiais de Escritório, Informática e Comunicação” (11,7% jul/jun) e “Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico” (8,4% jul/jun) subiram fortemente em julho, contrastando com a tendência de queda registrada nos meses anteriores. Campanhas promocionais de vendas impulsionaram essas atividades (destaque para o chamado Amazon Day). Portanto, esperamos reversão dos resultados positivos na próxima divulgação mensal. Além disso, as categorias de “Hipermercados, Supermercados, Alimentos, Bebidas e Fumo” (0,3% jul/jun) e “Produtos Farmacêuticos, de Higiene Pessoal e Cosméticos” (0,1% jul/jun) permaneceram em tendência de crescimento moderado. Por outro lado, as categorias de “Móveis e Eletrodomésticos” (-0,9% jul/jun, devido ao fraco desempenho das vendas de mobiliário), “Vestuário e Calçados” (-2,7% jul/jun) e “Livros, Jornais e Revistas” (-2,6% jul/jun) continuam em queda.  

O setor varejista brasileiro deve crescer a um ritmo modesto nos próximos meses. O consumo de bens tende a desacelerar, em linha com a dinâmica recente do mercado de trabalho. Além disso, as condições de crédito ainda apertadas e o alto endividamento das famílias continuam a pesar sobre as atividades ligadas aos bens de consumo semiduráveis e duráveis. Projetamos que o varejo ampliado crescerá 3,5% em 2023. Já o varejo restrito deve avançar 1,8%, segundo os nossos cálculos. Por fim, nossa estimativa para o IBC-Br de julho – proxy mensal do PIB calculada pelo Banco Central – aponta para elevação de 0,9% ante junho (aumento de 1,1% versus julho de 2022). Por sua vez, o XP Tracker para o PIB do 3T23 continua a indica ligeira queda de 0,1% em comparação ao 2T23 (e alta de 2,0% em relação ao 3T22). Prevemos que o PIB do Brasil crescerá 2,8% este ano.

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