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Medidas podem adicionar mais de 1,0 p.p. ao crescimento do PIB de 2026

Medidas são elemento importante da estimativa de crescimento no ano que vem. Parte delas, como as anunciadas hoje para o setor imobiliário, ainda não estão contempladas em nosso cenário base, gerando viés de alta para nossa projeção. Esta nota busca listar as medidas, com impactos na atividade e contas públicas. E traz nossa visão sobre a viabilidade política de cada uma das iniciativas.

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A atividade doméstica vem desacelerando, em linha com a política monetária contracionista. Estimamos virtual estabilização do PIB no atual semestre, após forte crescimento na primeira metade do ano. Projetamos crescimento de 2,1% em 2025, com moderação nos setores mais sensíveis ao ciclo econômico.

Prevemos expansão de 1,7% para o PIB em 2026. Medidas governamentais – fiscais e creditícias, listadas na tabela abaixo – são elemento importante da estimativa de crescimento no ano que vem.  Parte delas, como as anunciadas hoje para o setor imobiliário, ainda não estão contempladas em nosso cenário base, gerando viés de alta para nossa projeção. Esta nota busca listar as medidas, com impactos na atividade e contas públicas. E traz nossa visão sobre a viabilidade política de cada uma das iniciativas.  

Medidas já incorporadas ao nosso cenário base 

A reforma do Imposto de Renda Pessoa Física adicionará cerca de 0,35 p.p. ao crescimento do PIB no ano que vem (detalhes aqui), tendo em vista a propensão marginal a consumir substancialmente maior dos beneficiários (isenção até R$ 5 mil e descontos até R$ 7,35 mil por mês) em comparação ao público que terá maior tributação (compensação via alíquota efetiva mínima).

Em relação ao programa Crédito do Trabalhador – novo modelo de consignado para trabalhadores do setor privado –, estimamos impacto líquido de até 0,60 p.p. em 2025 e 2026 (detalhes aqui), com maior proporção no próximo ano (0,45 p.p.). As estimativas incluem tanto o efeito incremental (maior acesso a crédito) quanto o efeito substituição (aumento de renda real disponível devido à troca entre modalidades de crédito mais caras pela nova linha). Concessões recentes mostram ritmo inferior ao inicialmente previsto, mas antecipamos aceleração nos próximos trimestres.

Medidas novas

O conjunto de medidas voltado ao setor habitacional inclui (I) o novo Modelo de Crédito Imobiliário, com destaque à liberação de compulsório sobre os depósitos de poupança; (II) a ampliação do programa Minha Casa Minha Vida (atualização em faixas de renda e teto de preços de imóveis); e (III) Crédito para Reformas. De forma preliminar, calculamos que esse conjunto pode adicionar até 0,25 p.p. ao PIB de 2026.

Para tal estimativa, consideramos a diferença potencial entre as taxas de juros das contratações de crédito – isto é, o efeito de subsídio nas operações – e a expansão do mercado endereçável devido ao aumento do valor máximo dos imóveis que podem ser financiados via Sistema Financeiro de Habitação (SFH), de R$ 1,50 milhão para R$ 2,25 milhões. Esses cálculos ainda serão refinados, uma vez que reconhecemos as incertezas sobre a efetiva tomada de crédito no ambiente de crescente comprometimento de renda das famílias com o serviço das dívidas.   

O teto de 12% nos juros do novo modelo de financiamento imobiliário pode ter efeitos contrários para as operações fora do MCMV (risco de “empoçamento de recursos”). Ressaltamos que as iniciativas terão impacto estrutural, não sendo restritas a 2026. O Banco Central divulgou, hoje pela manhã, uma nota com explicações sobre o novo modelo de financiamento de crédito imobiliário.   

Outras medidas importantes são a criação do programa Gás do Povo (diferença de R$ 1,5 bilhão em comparação ao auxílio anterior, segundo valores oficiais do governo) e a ampliação da Tarifa Social de energia para famílias de baixa renda, com provável deslocamento de custos entre os consumidores. O impacto destas medidas sobre o PIB é mais difícil de calcular, mas o volume sugere efeito líquido marginal. Isto posto, o efeito nos parece expansionista.

 Em resumo, estimamos que medidas governamentais anunciadas (ou discutidas) recentemente podem adicionar mais de 1,0 p.p. ao PIB de 2026 (ver tabela abaixo). Esses cálculos precisam ser interpretados com cautela, entretanto. Além das limitações metodológicas, eles trazem uma visão de “equilíbrio parcial”, já que os métodos empregados não capturam todos os efeitos endógenos na economia brasileira.

De qualquer forma, as iniciativas representam impulsos relevantes sobre a atividade econômica, reforçando nosso viés altista para a projeção de aumento do PIB em 2026. Tudo o mais constante, nossa expectativa de crescimento econômico em 2026 pode se aproximar de 2,0%. Para detalhes, veja nosso relatório Brasil Macro Mensal: Cenário base se mantém, riscos expansionistas aumentam.  

Em termos fiscais, as medidas anunciadas já compõem o orçamento de 2026 (PLOA 2026), portanto não há mudanças em termos de impacto. No entanto, destacamos dois pontos: i) as mudanças realizadas pela Câmara dos Deputados ao isentar de tributação os dividendos cuja distribuição seja definida em 2025 (no âmbito da reforma do IRPF) pode ter um efeito negativo – estimamos uma perda líquida de R$ 5,7 bilhões para o projeto no ano que vem; e ii) o crédito para reformas e a ampliação do MCMV contam com recursos do Fundo Social, que devem ser disponibilizados a uma taxa de juros subsidiada, portanto com efeito sobre a trajetória da dívida pública. O valor disponível no PLOA 2026 é de R$ 26,4 bilhões, adicionais aos R$ 7,5 bilhões disponibilizados e não utilizados em 2025.

Na seara política, as quatro medidas listadas na tabela acima já se encontram bem endereçadas. A única pendente de aprovação no Congresso é a reforma do Imposto de Renda, que depende de aval do Senado. Não antevemos, porém, maiores dificuldades para a aprovação do texto na Casa, na esteira da votação unânime na Câmara e do forte apoio popular à proposta. Assim como a nova política habitacional, o projeto do IR tem como foco primordial a classe média e classe C, grupos nos quais o governo almeja alcançar maior aprovação e aderência, mirando a eleição de 2026.

Na outra ponta, está a ampliação da Tarifa Social da conta de luz, que mira a população de mais baixa renda e já foi aprovada e sancionada pelo presidente Lula, com vigência desde julho de 2025. O impacto da medida em termos de PIB, como já frisamos acima, é considerado marginal e, por isso, não consta da tabela. O que ainda está pendente dentro dessa seara, no entanto, é a compensação à ampliação da tarifa, em termos de Orçamento da CDE – a conta de subsídios. O tema é tratado na Medida Provisória (MP) 1304, que tem vigência até 7 de novembro e deve sofrer modificações relevantes na reta final de tramitação. 

Já em relação ao Gás do Povo – igualmente avaliado como de baixo impacto em termos de atividade em 2026 e, por isso, não inserido na relação acima -, o governo ainda precisa viabilizar a aprovação da MP 1313, cuja tramitação ainda nem foi iniciada no Congresso. Não antevemos grandes dificuldades no andamento da proposta, devido ao forte apelo popular, mas há questionamentos importantes em relação à operacionalização do novo benefício, que triplicará de tamanho até março do próximo ano. 

Por fim, é importante frisar que, após a caducidade da MP 1303, a qual ampliava tributos sobre aplicações financeiras e parte das empresas, o Palácio do Planalto terá de buscar novas fontes arrecadatórias para equilibrar o Orçamento de 2026 e viabilizar o amplo conjunto de investimentos e ações sociais já previstos. Nesse sentido, as próximas semanas serão decisivas em Brasília para que um cardápio de ações seja colocado de pé e levado à análise do presidente Lula.

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