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Intervenção cambial do Banco Central do Chile: Qual o impacto?

A intervenção cambial do banco central do Chile deve reduzir a volatilidade da moeda local apenas no curto prazo, enquanto o valor do câmbio tende a ser determinado por outros fatores.

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Introdução

Após a considerável desvalorização do peso chileno (CLP) de mais de 25% nos últimos meses, o Banco Central do Chile (BCCh) implementou um programa de intervenção cambial no valor acumulado de USD 25 bilhões, como tentativa de estabilizar o valor da moeda nacional. A depreciação foi impulsionada principalmente (1) pelo aumento da aversão ao risco global, que tende a afetar negativamente os ativos dos mercados emergentes, (2) uma queda significativa nos preços internacionais do cobre afetando significativamente os termos de troca no Chile, (3) a deterioração nas contas externas, e (4) incerteza política.

Tal intervenção só aconteceu em cinco ocasiões no passado, sendo as últimas em 2008 (USD 8 bilhões), 2011 (USD 12 bilhões e 2019 (USD 20 bilhões). Conforme ilustrado no gráfico abaixo, os períodos de intervenção cambial não foram acompanhados de uma valorização do CLP. No entanto, os períodos de intervenção ocorreram em momentos de alta incerteza, em que a desvalorização da moeda era inevitável. Neste contexto, realizamos um estudo com o objetivo de identificar se, apesar de não evitar a desvalorização, a intervenção cambial ajuda a suavizar a depreciação e/ou a volatilidade do CLP.

O estudo e principais resultados

Os modelos utilizados para este estudo foram construídos com base em uma análise de regressão múltiplas, que mediu o impacto dos períodos de intervenção no valor e na volatilidade do CLP após o controle dos principais determinantes dos movimentos do câmbio. Estas variáveis incluem o valor do DXY, preços internacionais do cobre, balança comercial, o Índice de Incerteza da Política Econômica (EPU), diferenciais de taxas de juros e o índice de volatilidade VIX – os resultados sugerem que os três períodos de intervenção mais recentes (2008, 2011 e 2019) ajudaram a estabilizar o valor do CLP. O principal determinante dos retornos do CLP incluiu o DXY (impacto negativo), os preços internacionais do cobre (impacto positivo) e o índice EPU (impacto negativo), enquanto a intervenção cambial não apresentou impactos com nenhum nível de significância estatística.

Em relação à volatilidade do CLP, os resultados mostram que os principais determinantes são a volatilidade dos preços do cobre, o valor DXY e o índice de volatilidade VIX – todos apresentando uma correlação positiva. As evidências sugerem que a intervenção foi eficaz em suavizar a volatilidade do CLP apenas durante as semanas iniciais da intervenção, embora o efeito tenha desaparecido durante o restante do período de intervenção. Os gráficos abaixo ilustram uma queda da volatilidade durante a primeira parte das janelas de intervenção, divergindo das tendências de volatilidade do preço do cobre e do DXY. No entanto, o efeito sobre a volatilidade não perdura durante todo o período de intervenção, e o preços do cobre, o DXY e o VIX voltam a ser os principais determinantes da volatilidade do câmbio.

Limitações

Cada intervenção analisada foi realizada em contextos diferentes. Por exemplo, as intervenções de 2008 e de 2011 visaram acumular reservas após períodos de apreciação do CLP ao invés de uma tentativa de estabilizar o câmbio. Além do mais, a intervenção de 2019, que se estendeu até 2020, ocorreu durante o período de choques econômicos da pandemia. Portanto, os períodos de intervenção analisados podem não ser muito comparáveis com a intervenção atual.

Conclusão

Os resultados deste estudo são consistentes com a nossa hipótese inicial e sugerem que a moeda continuará vulnerável e influenciada por condições financeiras globais mais apertadas, preços instáveis do cobre em meio à contínua incerteza política no Chile, inflação alta e, principalmente, a evolução do nível consumo doméstico que ainda mantém o déficit em conta corrente muito alto. Apesar da recuperação parcial do CLP desde o anúncio do programa de intervenção cambial no dia 14 de julho, acreditamos que a moeda terá dificuldade em se recuperar da depreciação mais recente enquanto o consumo privado não mostrar sinais claros de desaceleração e o Chile começar a ver uma melhora na conta corrente.

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