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Economia em Destaque: Volatilidade de mercado e demanda aquecida desafiam Fed e BCB

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Leia o relatório em PDF.


Resumo

A economia dos Estados Unidos criou 303 mil empregos em março, bem acima das expectativas. Outros indicadores do mercado de trabalho apresentaram sinais mistos. A expectativa do mercado para corte de juros em junho recuou.   

No Brasil, o Banco Central anunciou a primeira intervenção no mercado de câmbio para evitar maior desvalorização da moeda, que chegou a R$/US$ 5,05. Os primeiros sinais indicam arrecadação tributária mais fraca em março, dificultando o ajuste fiscal do governo. Publicamos nosso relatório Brasil Macro Mensal, indicando viés altista para as nossas projeções de taxa de câmbio, déficit público e taxa de juros.

Cenário internacional

Resultado de inflação benigna alimenta as expectativas de cortes de juros nos EUA

O núcleo do deflator dos gastos de consumo nos EUA (deflator PCE) – o indicador de inflação preferido do Fed, o banco central local – avançou 0,26% em fevereiro, em linha com as expectativas (consenso: 0,3%). A variação anual recuou para 2,78% em fevereiro, ante 2,88% em janeiro.

Entre seus componentes, o índice de bens aumentou ​​0,49% ante janeiro, depois de ter registado quatro leituras negativas consecutivas - e, portanto, não representa grande problema. Já o índice de serviços – que tem sido a principal fonte de preocupação do Fed – ficou em 0,26%, desacelerando de 0,65% no mês passado. A taxa anual caiu de 3,95% para 3,80%.

Mercado de trabalho aquecido nos EUA diminui a probabilidade de corte de juros no primeiro semestre

O principal relatório do mercado de trabalho dos EUA registrou criação de 303 mil empregos em março, bem acima das expectativas de mercado (de 214 mil). O salário médio por hora aumentou 0,3% e a variação acumulada em 12 meses passou de 4,28% para 4,14%, acima do nível consistente com a meta de inflação (entre 3,0% e 3,5%). A taxa de desemprego caiu de 3,9% para 3,8%, permanecendo em níveis historicamente baixos.  

Outros indicadores do mercado de trabalho apresentaram sinais mistos. Por um lado, a consultoria privada ADP reportou ganhos de emprego no setor privado acima do esperado em março. Por outro lado, os pedidos de auxílio de desemprego subiram na semana, e o índice ISM de emprego no setor de serviços veio com surpresa baixista.

No balanço, os dados mostram que o mercado de trabalho segue firme, e pode pressionar a inflação adiante, reduzindo as chances de uma queda de juros no primeiro semestre. O mercado atribui probabilidade ao redor de 60% para o primeiro corte em junho, abaixo dos 70% da semana passada.

Projetamos a primeira redução de juros em julho – um cenário que se está se tornando mais provável na margem.

China parece reagir aos estímulos fiscais do governo

A atividade industrial da China em março expandiu-se pelo ritmo mais forte em mais de um ano. A sondagem empresarial (PMI Caixin) do setor industrial chegou a 51,1 em março – o patamar mais elevado desde fevereiro de 2023 – após ter atingido 50,9 em fevereiro. Os economistas esperavam 51, de acordo com uma pesquisa da Reuters. A marca de 50 separa expansão de contração. A economia chinesa parece estar finalmente reagindo aos estímulos fiscais e monetários fornecidos pelo governo nos últimos trimestres.

Inflação na zona do euro reforça processo de desinflação

A inflação ao consumidor na zona do euro ficou em 0,8% em março e 2,4% no acumulado em 12 meses. A leitura foi mista. Os números mostram que o processo de desinflação continua, embora com uma composição ainda preocupante: queda nos preços de energia, bens e alimentos compensaram a aceleração nos preços de serviços. Ainda assim, com a economia perto da recessão, é provável que o Banco Central Europeu comece a cortar as taxas de juros ainda no primeiro semestre.

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Enquanto isso, no Brasil...

Elevação da incerteza reforça risco de alta para nossa projeção de taxa Selic

Divulgamos nosso relatório mensal sobre o cenário macro do Brasil. A publicação ressalta que a volatilidade externa e pressões locais desafiam o Copom. Globalmente, as expectativas para início do afrouxamento monetário pelo Fed ficaram para junho/julho. Além disso, houve depreciação adicional da taxa de câmbio nas últimas semanas e vemos a demanda interna aquecida – o que pressiona a inflação de serviços. Em nossa opinião, está ficando ainda mais desafiador para o Copom cumprir sua meta de inflação de 3% no próximo ano.

Embora as projeções para as principais variáveis econômicas tenham sido mantidas, há viés altista na maioria dos casos, com destaque para a taxa de câmbio e taxa Selic.

Para maiores detalhes, veja o relatório completo “Brasil Macro Mensal: Volatilidade externa e pressões locais desafiam o Copom”.

Banco Central anuncia primeira intervenção no câmbio para proteger a moeda de maiores desvalorizações

O Banco Central realizou a primeira intervenção do ano no mercado de câmbio, com leilão de 20 mil contratos de swap cambial, que equivalem a US$ 1 bilhão. A medida foi anunciada para prevenir pressão ainda maior sobre a moeda, que atingiu o patamar de R$/US$ 5,05. Esse aumento decorreu principalmente da postergação da expectativa do mercado para o início do ciclo de corte de juros nos EUA (para junho/julho) e por ruídos políticos no Brasil.

Para reduzir distorções pontuais no mercado, a autoridade monetária anunciou a venda de seus ativos de reserva (por meio dos leilões) para conter o aumento da demanda pelo dólar  Ainda vemos espaço para apreciação ao longo do ano, especialmente no segundo semestre. Mas reconhecemos um viés altista para a nossa projeção de R$/US$ 4,70 no final de 2024.

Governo discute medidas de tarifa de energia

O governo vem sinalizando medidas para o setor elétrico. A primeira delas seria o que chamou de “justiça tarifária” por meio do equilíbrio dado aos consumidores do mercado cativo e do mercado livre de energia, já que os últimos, que são maiores consumidores do bem, estariam pagando a menor parte dos encargos. Outra possibilidade seria o uso de recursos de leilões do petróleo da PPSA, estatal do pré-sal, para reduzir a conta de energia. A terceira opção seria o uso de recursos do Tesouro Nacional para bancar parte dos custos.

A MP enviada à Casa Civil na semana passada, que visa, dentre outros pontos, reduzir a conta de energia em 3,5% ao antecipar as parcelas relacionados à “Conta Covid” e à “Conta Escassez Hídrica” (veja o “Economia em Destaque” da semana passada) também foram temas de reuniões recentes do governo. O impacto dessas medidas é baixista para a inflação no Brasil, embora possa criar distorções para os anos à frente.

Empurrado pelo governo central, resultado do setor público atinge o menor valor da série histórica

O setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 48,7 bilhões em fevereiro (R$ 268,2 bilhões em 12 meses, ou 2,4% do PIB). Com isso, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) aumentou de 75,1% em janeiro para 75,5% do PIB em fevereiro. O resultado deveu-se em grande parte ao resultado do governo central, que foi afetado pelo pagamento antecipado de precatórios. A receita aumentou acentuadamente em fevereiro, refletindo, em particular, a tributação sobre os rendimentos acumulados dos fundos exclusivos e a recomposição do PIS/Cofins.

Olhando adiante, esperamos que o governo central continue a apresentar alguma melhora graças ao aumento da receita, mas não o suficiente para atingir a meta de déficit primário zero este ano. Assim, mantemos nossa previsão de déficit de 0,7% do PIB, sem viés. Para a DBGG, prevemos que ela atingirá 77,1% do PIB no final de 2024.

Receitas tributárias fortes, mas “menos brilhantes” em março

Segundo o jornal Valor Econômico, autoridades do governo se frustraram com os resultados preliminares da arrecadação tributária de março. A despeito do crescimento nominal de 15% na comparação com o mesmo mês de 2023, os números vieram aquém das expectativas iniciais do governo. Sob tal patamar de arrecadação, o atingimento da meta fiscal de 2024 – que atualmente considera déficit zerado – seria muito complicado, segundo a matéria.

A preocupação é que pautas do Ministério da Fazenda para elevação de receitas estão travadas no Congresso, o que gera ainda mais obstáculos. No entanto, vale destacar que o governo segue avaliando como prematura a alteração da meta fiscal.

Produção industrial recua pelo segundo mês consecutivo  

A produção industrial ficou abaixo das expectativas em fevereiro. A indústria extrativa contraiu pelo segundo mês consecutivo, após desempenho mais forte que o esperado ao longo de 2023. Por outro lado, as categorias de bens de capital e bens de consumo duráveis cresceram de forma expressiva no 1º bimestre de 2024. O avanço nos bens de capital representa um sinal adicional de recuperação nos investimentos em ativos fixos no Brasil, que contraíram 3,0% em 2023 (leia nosso relatório “Perspectivas para o Investimento em 2024 e 2025”). Prevemos alta de 2,0% para o PIB de 2024.

Gráfico da Semana

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O que esperar da semana que vem

O destaque para a próxima semana será a divulgação da inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) e da ata da última reunião do Fed – ambas na 4ª-feira. Também em destaque, o Banco Central Europeu terá sua próxima reunião de política monetária na 5ª-feira. A expectativa é de que a autoridade deixe os juros estáveis pela última vez antes de começar um ciclo de cortes em junho. Teremos também a inflação ao produtor nos Estados Unidos (5ª-feira), além de dados de inflação (4ª-feira) e balança comercial na China (6ª-feira). Por fim, índices de inflação ao consumidor serão divulgados em diversos países da América Latina ao longo da semana, com o potencial de influenciar o ciclo de flexibilização monetária nos países vizinhos. 

No Brasil, destaque para a divulgação do IPCA de março na 4ª feira. A leitura deve trazer a dissipação de efeitos altistas em educação e combustíveis, vistos em fevereiro, além da moderação nos preços de alimentos. Na 5ª feira, o IBGE publicará a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) e, na 6ª feira, a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), ambas referentes a fevereiro. Essas pesquisas surpreenderam positivamente em janeiro e o mercado espera sinais adicionais sobre a trajetória da atividade econômica, elemento relevante para inflação e política monetária. Pelo lado fiscal, a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025 será apresentada na semana que vem. Veja as nossas projeções abaixo.

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Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

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