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Copom: Ainda há trabalho a fazer

Copom eleva a taxa Selic para 14,25%

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Comunicado do Copom


O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) realizou o amplamente esperado aumento de 1,00 p.p. na taxa Selic - a terceira e última etapa da alta previamente anunciada em sua reunião de dezembro. Com isso, a taxa Selic atingiu 14,25%.

Segundo a nota, o ambiente externo "permanece desafiador em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente pela incerteza acerca de sua política comercial e de seus efeitos". Com relação ao cenário doméstico, "o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo, ainda que sinais sugiram uma incipiente moderação no crescimento". Ademais, a inflação cheia e as medidas subjacentes “mantiveram-se acima da meta para a inflação e novamente apresentaram elevação nas divulgações mais recentes".

Com isso, o comunicado pós-reunião manteve tom vigilante, destacando a "desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”, e concluiu que o cenário "exige uma política monetária mais contracionista".

Parte do mercado temia que o Copom pudesse colocar maior peso na desaceleração econômica. No entanto, a nota abordou essa questão de maneira equilibrada, mencionando apenas “uma incipiente moderação no crescimento”.

As projeções do Comitê sustentam essa decisão. Com a taxa Selic atingindo um pico de 15,00% (projeção mediana do boletim Focus), a projeção para o IPCA no horizonte relevante de política monetária (equivale ao período em que a taxa Selic terá efeito na economia, 3º trimestre de 2026) caiu ligeiramente de 4,0% para 3,9% – um pouco acima da nossa expectativa de 3,8%. Além disso, o Copom continua a enxergar uma “assimetria altista” no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação – ou seja, há mais pressão de alta do que de baixa para a inflação adiante.

Entre os riscos de alta destacam-se: “(i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”. O Comitê também mencionou os riscos de baixa para a inflação: “(i) impactos sobre o cenário de inflação de uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada; e (ii) um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais”.

Em outras palavras, a política monetária precisará de esforço adicional para atingir seu objetivo, sendo necessária uma taxa Selic mais alta que a atual mediana do boletim Focus (15,00%). De forma coerente, o Copom afirmou que “antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião" e reforçou que "a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".

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Nossa visão

Dado o cenário desafiador descrito no comunicado, consideramos a decisão e o comunicado de hoje consistentes com nossa projeção de taxa Selic terminal em 15,50%, após aumentos de 0,75 p.p. em maio e 0,50 p.p. em junho.

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