Chegamos ao fim da temporada de resultados do 2T24, e dentre as empresas cobertas pela XP, 40% superaram nossas estimativas de receita, 14% ficaram aquém e 46% ficaram em linha das projeções dos nossos analistas. Quanto ao EBITDA (lucros operacionais), 36% superaram nossas expectativas, 49% vieram em linha, e 14% ficaram abaixo. Por fim, olhando para o lucro líquido reportado, 49% superaram nossas estimativas, 18% ficaram em linha e 33% ficaram aquém.
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A temporada de resultados do 2T24 chegou ao fim. Quase todas as ~150 companhias sob cobertura do nosso time reportaram, assim como quase todas as 81 empresas que compõe o Ibovespa. Esse relatório contém uma análise consolidada dos resultados, juntamente com os principais destaques das empresas da nossa cobertura.
Desde o início da temporada de balanços, as ações brasileiras desempenharam acima dos seus pares globais. Entre 11 de julho e 19 de agosto, o Ibovespa teve retornos de +6,7% em reais e +7,1% em dólares, enquanto que o MSCI ACWI (índice de ações globais) teve um retorno praticamente de lado durante o mesmo período. O desempenho é principalmente explicado por uma melhora do cenário macro global, com dados indicando uma atividade econômica resilientes nos Estados Unidos e uma tendência de desinflação, consolidando o cenário de “pouso suave”. Domesticamente, uma descompressão de riscos, como a redução nos ruídos fiscais, causaram uma melhora do sentimento em relação ao Brasil.
Nós vemos a temporada de resultados do 2T24 como mais positiva que o esperado. Dentre as empresas cobertas pela XP, 40% superaram nossas estimativas de receita, 14% ficaram aquém e 46% ficaram em linha das projeções dos nossos analistas. Quanto ao EBITDA (lucros operacionais), 36% superaram nossas expectativas, 49% vieram em linha, e 14% ficaram abaixo. Por fim, olhando para o lucro líquido reportado, 49% superaram nossas estimativas, 18% ficaram em linha e 33% ficaram aquém.
No geral, as receitas reportadas pelas empresas sob nossa cobertura vieram 2,2% acima das estimativas da XP, enquanto o número agregado do EBITDA foi 3,0% acima e a surpresa do lucro líquido foi de 5,6%. Olhando para os setores, observamos que Commodities tiveram surpresas positivas de EBITDA, enquanto Cíclicos Domésticos reportaram em linha com as estimativas da XP.
Mas olhando para o crescimento A/A, nós vimos uma recuperação nesses últimos trimestres. Em relação ao 2T23, as companhias sob cobertura da XP apresentaram um crescimento de receita e EBITDA consolidados de 15,3% e 5,0%, respectivamente. Quanto ao Ibovespa, as receitas e o EBITDA se contraíram após um crescimento em termos anuais no trimestre passado, caindo 4,2% A/A e 2,3%, respectivamente, enquanto os lucros contraíram 9,2%.
Com uma temporada de resultados sólida no geral, a reação do mercado foi positiva. Nós vemos a alta recente no Ibovespa como sendo parcialmente explicada por uma melhora no macro, mas com uma leitura positiva nos resultados das companhias.
A tabela abaixo mostra que a maioria dos setores do Ibovespa tiveram, em média, uma reação positiva no dia posterior a divulgação de resultados. Bens de Capital (10,2%), Instituições Financeiras (9,9%), Alimentos e Bebidas (3,4%) foram os setores com a reação de mercado mais forte, enquanto Transportes obteve a reação mais negativa.
Olhando para frente, estamos vendo as expectativas de lucros pelo consenso sendo revisadas para cima. Desde o começo da temporada em julho, as projeções de lucro por ação para os próximos 12 meses, e também de 2024 e 2025 tem sido revisadas para cima por 0-1,5%.
Em termos de setores, Tecnologia da Informação e Consumo Discricionário foram os setores que mais tiveram uma revisão positiva de lucro por ação pelo consenso, enquanto Energia e Saúde foram os setores que tiveram as revisões mais negativas.
ESG | Review da temporada do 2T24: Maior divulgação de dados relacionados à agenda climática como principal destaque
A temporada de resultados do segundo trimestre para as empresas brasileiras listadas ofereceu uma boa oportunidade para as companhias (i) anunciarem o lançamento do Relatório Integrado ESG ou do Relatório de Sustentabilidade, cobrindo as principais iniciativas desenvolvidas e marcos alcançados em 2023 (para aquelas que ainda não haviam publicado no 1º trimestre); e (ii) publicarem dados ESG coletados ao longo do ano, incluindo metas de curto e médio prazos para monitorar o progresso em relação às metas de longo prazo.
De forma geral, seguimos vendo as empresas comprometidas com a agenda ESG, particularmente à medida que os reguladores pressionam por maior divulgação e transparência das informações relacionadas ao clima. Além disso, eventos climáticos extremos cada vez mais severos afetaram o Brasil no 1º semestre de 2024, destacando-se as chuvas torrenciais e inundações sem precedentes que levaram a uma situação crítica em Rio Grande do Sul (RS). Nesse sentido, vimos um número crescente de empresas relatando os efeitos dos eventos climáticos no RS, com destaque para a divulgação de doações financeiras e materiais, além de planos e atividades de adaptação e mitigação.
Sob uma perspectiva por empresa, é válido mencionar os principais anúncios divulgados por algumas das empresas que fazem parte da nossa carteira recomendada ESG para agosto (acesse aqui):
(i) Equatorial (EQTL3): compartilhou avanços na agenda de segurança da empresa, incluindo o desenvolvimento de 33 ações segmentadas monitoradas mensalmente por um Comitê de Segurança, com o objetivo de reduzir a frequência e gravidade dos acidentes envolvendo funcionários e terceiros;
(ii) Telefônica Vivo (VIVT3): demonstrou continuidade na expansão da estratégia ESG da empresa, divulgando novas metas corporativas para 2035, com destaque para a antecipação da meta de emissões líquidas zero em 5 anos (de 2040 para 2035);
(iii) Totvs (TOTS3): destacou o lançamento da 8ª edição do Relatório Integrado 2023 da companhia, aprimorando a transparência e comunicando o desempenho em sustentabilidade e ESG aos stakeholders, incluindo uma revisão bienal dos temas materiais;
(iv) Suzano (SUZB3): divulgou avanços em finanças sustentáveis, encerrando o 2º trimestre de 2024 com 44% da dívida total vinculada a instrumentos ESG; e
(v) Orizon (ORVR3): apresentou os principais resultados do segmento de biogás e créditos de carbono da empresa do ponto de vista financeiro, atualmente operando em ~R$ 25 milhões/trimestre com alto potencial de crescimento segundo a monetização de biogás, biometano e créditos de carbono.
Destaques dos setores
Agro
Em Açúcar e Etanol, foi um trimestre marginalmente negativo para os players refletindo custos mais altos e a estratégia de comercialização de postergar as vendas para os próximos trimestres, tanto no Açúcar quanto no Etanol. Em Grãos, o trimestre foi fraco principalmente devido aos preços mais baixos das commodities. Os players de serviços agrícolas tiveram trimestres mistos, mas com todos refletindo o atraso na compra dos insumos por parte dos produtores.
Alimentos e Bebidas
Foi uma temporada de resultados mista entre os setores. O destaque positivo ficou com os frigoríficos uma vez que as margens estão fluindo na cadeia devido a grãos mais baratos. Além disso, a demanda de exportações e doméstica continua forte, principalmente no Brasil e nos EUA. Em Alimentos, a M. Dias Branco reportou um trimestre fraco principalmente devido a preços mais baixos, enquanto que a Camil reportou um trimestre forte refletindo preços mais altos de arroz. A AmBev reportou um trimestre neutro.
Bancos, Mercados de Capitais, e Neo-banks & Fintechs
A temporada de resultados do setor financeiro foi, em mais um trimestre, positiva. No geral, os grandes bancos melhoraram a rentabilidade com aumento da concessão de crédito e menor inadimplência. Em pagamentos, a dinâmica competitiva se manteve saudável, o que fez com que o crescimento das receitas mais que compensasse o crescimento das despesas comerciais. Em mercado de capitais, apesar do nível de atividade ainda abaixo do ideal, as empresas foram capazes de compensar isso com outras fontes de receitas e rígido controle de custos. Em seguros, vimos alguns impactos não recorrentes afetando o trimestre, mas acreditamos que o nível de lucratividade deva se recuperar nos próximos trimestres. Para os neobanks e fintechs, a tese de alavancagem operacional continua evoluindo, assim como o patamar dos ROEs.
Bens de Capital
Vimos resultados melhores do que o esperado para (i) WEG, o principal destaque no 2T24, com crescimento orgânico e inorgânico da receita e sólidos números de lucratividade, apesar das expectativas consensuais de normalização; e (ii) Marcopolo, com melhores volumes, mix e a recuperação das operações internacionais impulsionando uma rentabilidade melhor. Ainda no lado positivo, vemos uma melhora nos resultados da (iii) Tupy e da (iv) Iochpe-Maxion, com a recuperação gradual do mercado doméstico e os esforços de eficiência em ambas as empresas apoiando melhores números de rentabilidade (e indicações positivas à frente dos novos contratos anunciados da Tupy). Embora reconheçamos o ambiente operacional positivo da Embraer (com um melhor mix na aviação comercial impulsionando o crescimento da receita), os níveis de rentabilidade recorrente ficaram estritamente em linha com nossas estimativas (margem EBIT recorrente de 6,7% em linha com a XPe, quando excluídos os itens não recorrentes). Vemos tendências de mudança entre os negócios da Randon, com agora um cenário melhor para Implementos Rodoviários e Autopeças (após a recuperação do mercado) compensando os números abaixo do esperado da Frasle (ofuscados por operações de reestruturação, custos de frete mais altos e efeitos hiperinflacionários). Vimos resultados neutros da Kepler Weber, com a receita melhorando em A/A, como esperado, porém em um trimestre sazonalmente mais fraco. E, finalmente, saudamos os esforços da Aeris para ajustar sua estrutura de custos para atender à menor demanda dos clientes (impulsionando a melhoria dos resultados, mas continuamos a ver um cenário desafiador à frente.
Construtoras
As construtoras de baixa renda foram o destaque da temporada, graças a um sólido aumento de lançamentos que impulsionou as vendas líquidas. Isso, combinado com níveis de produção positivos, resultou em um forte crescimento da receita líquida no trimestre. CURY e DIRR mantiveram margens brutas robustas, apoiando a expansão significativa do lucro líquido. A Tenda foi uma surpresa positiva em termos de margem, embora o lucro líquido tenha permanecido sob pressão. A MRV continuou sua recuperação de lucratividade, mas o lucro líquido e a geração de caixa continuaram pouco animadores. No caso das construtoras de média/alta renda, observamos um impacto significativo nos volumes de lançamento devido a atrasos nas aprovações de projetos em São Paulo. No entanto, as vendas líquidas permaneceram resilientes, uma vez que as fortes vendas de estoque compensaram parcialmente os lançamentos mais baixos A/A. Isso favoreceu o crescimento da receita para quase todos os nomes devido a um PoC mais alto, apesar do cenário de lucratividade mista. A Cyrela foi a empresa que mais se destacou, superando significativamente o consenso no lucro líquido. Em seguida, a Moura Dubeux apresentou um crescimento sólido no segmento de condomínios e margens brutas robustas, o que levou a uma forte expansão do lucro líquido e ao fortalecimento das perspectivas de dividendos.
Educação
Para as empresas de ensino superior, os 2Ts normalmente refletem os números do 1T, no qual ocorre a maior parte dos ciclos de captação. Durante o 2T24, observamos resultados de neutros a negativos, com o crescimento da base de alunos seguindo o forte desempenho de captação do 1T24, em conjunto com taxas de evasão de certa forma estáveis, além do momentum positivo dos segmentos premium. Por outro lado, observamos pressões de ticket médio e números mistos de PDD, dependendo da empresa, o que pode estar parcialmente relacionado à maior participação de calouros nas bases de alunos das empresas. Por fim, observamos que a alavancagem financeira (considerando os aluguéis e excluindo as opções de renovação) continua consumindo o lucro das empresas, acima de 3x o EBITDA ajustado XP em alguns casos.
Elétricas e Saneamento
Os resultados no setor de utilidades foram em geral bons refletindo o forte consumo de energia no trimestre devido às fortes temperaturas do período – isto também foi positivo paras as empresas de saneamento. Em geral as empresas de geração de aproveitaram para reduzir sua exposição energética se aproveitando da volatilidade apresentada em preços no trimestre. Houve alguma decepção com geração de energias usinas eólicas.
No setor de transmissão, resultados em linha com nossas estimativas.
Imobiliários e Shopping
Os shoppings apresentaram uma forte perspectiva operacional no 2T24, impulsionada por (i) um crescimento de um dígito médio nas vendas dos lojistas, o que contribuiu para novas quedas nos custos de ocupação, (ii) uma sólida taxa de ocupação A/A, e (iii) uma dinâmica favorável de inadimplência líquida devido ao momento positivo da demanda dos lojistas. Na linha superior, observamos um trimestre de crescimento modesto, embora os segmentos alternativos de receita tenham compensado ligeiramente os efeitos do leve crescimento da receita de aluguel. A Multiplan foi o destaque, com um crescimento mais forte da receita líquida impulsionado pelas vendas de terrenos. Com relação à lucratividade, as margens EBITDA permaneceram sólidas, apoiadas por despesas de propriedade mais baixas, resultantes de uma combinação de altas taxas de ocupação e inadimplência líquida controlada. O Iguatemi teve um desempenho de destaque, apresentando uma expansão robusta da margem A/A, uma vez que o segmento de varejo se manteve em breakeven. No geral, os shoppings apresentaram um sólido crescimento do FFO no 2T24, também impulsionado por melhores resultados financeiros. Quanto às propriedades logísticas, os resultados foram mistos. Do lado positivo, o desempenho operacional foi forte, graças a entregas sólidas e taxas de vacância saudáveis e estabilizadas, juntamente com uma significativa desalavancagem financeira impulsionada por um volume robusto de vendas de ativos. Por outro lado, o desempenho da receita e do FFO continuou sob pressão, afetado por níveis mais baixos de ABL.
Mineração e Siderurgia
Vimos resultados mistos para os nomes de Mineração e Siderurgia sob nossa cobertura no 2T24, com resultados relativamente melhores para as empresas de mineração e um ambiente prejudicado para as siderúrgicas no Brasil. Do lado da mineração, temos a CSN Mineração como destaque positivo, compensando um ambiente de commodities mais fraco com um controle de custos mais rígido (C1/t -10% T/T) e volumes sazonalmente melhores (embarques +18% T/T), enquanto a Vale reportou resultados fracos refletindo um desempenho de custos pressionado (C1/t +6% T/T), em parte devido a um mix de volume mais pobre, atividades de manutenção e maior consumo de estoque durante este trimestre (esperado para se recuperar no 2S24E com maior produção em o Sistema Norte). Para as siderúrgicas, apesar de um cenário doméstico ainda pressionado, vimos os números da Gerdau abrindo caminho para um melhor 2S24E, dado um melhor ambiente de custos (ajudado pelos ajustes de capacidade), expectativas de aumento de preços a partir do 3T24E e um desempenho resiliente na América do Norte; A CSN também reportou melhores resultados, com números positivos nas operações de mineração, melhora do desempenho do aço e mais um trimestre forte para a divisão de cimento; enquanto a Usiminas reportou resultados pouco inspiradores, refletindo um fraco desempenho na divisão de aço, parcialmente mitigado por melhores resultados de mineração, apesar das indicações limitadas de melhorias de custos para o 3T24E como destaque negativo. Por fim, a Aura relatou resultados sólidos, com outro desempenho de custo decente, volumes de vendas mais altos e preços do ouro ainda em níveis sólidos (em ~ US$ 2.400/onça); e a CBA também relatou números melhores, impulsionados por uma recuperação de custos e preços.
Papel e Celulose
Observamos resultados positivos no 2T24 para as empresas de Papel e Celulose sob nossa cobertura, impulsionados por preços mais altos de papel e celulose, juntamente com iniciativas do lado micro. A Suzano reportou um resultado sólido, com destaque positivo para a divisão de celulose, impulsionado principalmente por preços de venda mais altos (+18% T/T em BRL) e volumes (+6% T/T), além de uma robusta estrutura de custos, a aproximação do projeto Cerrado e a um real depreciado mitigando uma maior preocupação à respeito da duração da desaceleração do ciclo de celulose. A Klabin também reportou resultados fortes, impulsionados por um sólido desempenho de custos em todos os segmentos (custos caixa consolidados -3% T/T), com indicações de um tom geral positivo para os preços e a demanda de papel e embalagem. Por fim, a Irani reportou resultados decentes, apoiados principalmente por outro desempenho de custo decente, compensando o aumento de 29% T/T no custos de aparas (mas que deve se normalizar nos próximos trimestre).
Petróleo e Gás
De modo geral, os resultados reportados pelas empresas de petróleo estiveram em linha com nossas expectativas. As altas do Brent e do dólar no trimestre beneficiaram os resultados operacionais das empresas de petróleo no 2T24. No entanto, alguns efeitos, apesar de antecipados, chamaram a atenção do mercado: (i) queda nos resultados financeiros, devido a ajustes de variação cambial, sem efeito caixa; (ii) resultado líquido fraco da Petrobras, que reflete mais fenômenos não caixa, como o acordo tributário (positivo, em nossa visão) e a própria variação cambial, o que nos deixa confortáveis em manter uma visão positiva sobre a empresa. As paralisações do regulador ambiental continuam afetando o setor, especialmente as empresas júnior, mas há uma perspectiva de que a situação se resolva em breve.
O setor de distribuição, por sua vez, ficou bastante em linha com nossas expectativas, com resultados neutros, de modo geral, mas uma geração de caixa decepcionante tanto da Ultra quanto da Vibra. Há boas perspectivas para o setor em 3T24, no entanto, devido às expectativas de maiores margens, em um contexto de mercado subofertado. No setor petroquímico, vimos um cenário de recuperação, devido aos maiores spreads, o que resultou em um desempenho melhor do que o esperado para a Braskem.
Saúde
Serviços de saúde: Durante este trimestre: (i) Hapvida e SULA apresentaram um desempenho positivo, com aumentos de preços e utilização controlada continuando a contribuir com a sinistralidade; (ii) Os prestadores de serviços hospitalares continuam pressionados pelos pagadores, com altas taxas de glosas e prazos de pagamento ainda longos compensando o crescimento do volume – com exceção da Rede D’Or, que reportou fortes resultados de sua operação hospitalar; (iii) Fleury apresentou resultados levemente positivos, com diluição de custos e despesas, bem como um ciclo de capital de giro, que impulsionou a conversão de caixa; e (iv) Odontoprev apresentou resultados neutros, com um leve aumento na receita a partir das adições líquidas do Corporativo e PMEs sendo parcialmente compensado pela redução da carteira de planos Individuais, em conjunto com ticket médio e sinistralidade consolidados estáveis.
Farmacêuticas e Distribuição: Observamos resultados mistos para as empresas do setor farmacêutico, uma vez que: (i) a Hypera apresentou resultados mistos, com uma redução na receita e compressão da margem, mas com uma maior geração de caixa; (ii) a Blau apresentou números ligeiramente positivos, aumentando a receita por meio do crescimento orgânico e da aquisição do Bergamo, com uma melhoria sequencial da margem, mas observamos o impacto negativo sobre a PDD; e (iii) a Viveo apresentou resultados negativos, uma vez que um mix de vendas pior, uma concorrência mais acirrada no mercado e ajustes menores de CMED impactaram negativamente as margens, enquanto a alavancagem consistentemente alta consumiu o lucro.
Transportes
Para o setor de Transportes, destacamos os resultados positivos de: (i) Rumo, impulsionados por um crescimento de yield mais forte que o esperado, levando a uma surpresa positiva no EBITDA no trimestre. Além disso, a empresa atualizou seu guidance para 2024, aumentando o EBITDA para níveis ainda mais acima das estimativas de consenso; e (ii) Movida, que reforçou sua confiança no atual nível de depreciação, pois espera preços estáveis de carros novos para o mix de veículos da empresa. Adicionalmente, a empresa reportou importantes aumentos de tarifa tanto no RaC quanto no GTF, um passo fundamental para continuar a reconstrução dos níveis de rentabilidade.
Por outro lado, observamos um desempenho mais fraco em: (i) Localiza, com desenvolvimentos negativos no trimestre, nomeadamente: (a) as margens EBITDA de aluguel caíram significativamente T/T em ambos os segmentos, apesar do desempenho positivo da receita; e (b) a relatou um grande impairment em sua base de ativos de aproximadamente R$ 1,8 bilhão; e (ii) Azul, reportou resultados mais fracos, afetados principalmente pela catástrofe no Rio Grande do Sul, levando a menores yields globais e RASK. A empresa também revisou para baixo seu guidance de EBITDA para o ano de 2024, refletindo o desempenho do 1S24 e atualizando os níveis de câmbio e combustível.
Telecom, Mídia e Tecnologia
Telecomunicações. No geral, consideramos a temporada de resultados da Telecom do 2T24 positiva e em linha com nossas estimativas. Entre as grandes empresas de telecomunicações (Vivo e TIM), vimos um crescimento robusto de receita e sucesso no repasse de preços, com a receita de serviços móveis da Vivo e da TIM crescendo 8,8% e 7,3% A/A, respectivamente. Em relação aos ISPs, vale ressaltar que os resultados também ficaram em linha com nossas estimativas, que foram em sua maioria neutras, devido à concorrência acirrada no mercado de FTTH no Brasil e aos problemas da empresa para aumentar as adições líquidas. O destaque positivo do trimestre vai para Desktop, com a empresa entregando expansão da margem EBITDA de +140bps A/A em 51,3%. Do lado negativo, a Brisanet reportou queda na margem EBITDA devido aos investimentos em 5G e a empresa também revisou seu guidance.
Mídia e Tecnologia. Em geral, consideramos a temporada de resultados de Tecnologia/Mídia no 2T24 neutra. Dentre os desempenhos positivos do setor, destacamos: (i) Bemobi, dada sua estratégia bem-sucedida de combinar soluções de pagamento e plataformas SaaS, já representando ~57% do faturamento da empresa a partir do 2T24; (ii) e Eletromidia, devido a uma melhoria no mix de vendas, com crescimento significativo na receita de 34% A/A. Por fim, o destaque negativo vai para a Allied, com a receita recuando -15% A/A, principalmente devido ao fraco desempenho da distribuição internacional no trimestre.
Varejo
As varejistas apresentaram resultados do 2T24 melhores do que o esperado, pois, apesar da demanda e crescimento de receita ainda estarem pressionados pelo cenário macroeconômico, a expansão de margens sustentou um EBITDA acima do esperado para a maioria das empresas que cobrimos.
Quanto aos diferentes segmentos, as varejistas de vestuário de média renda foram o destaque, com as empresas entregando um sólido crescimento de vendas mesmas lojas (principalmente CEAB e GUAR) e expansão de margens, mesmo diante de dinâmicas climáticas desafiadoras (temperaturas mais altas e enchentes na região Sul) e um cenário macro ruim. No segmento de alta renda, SOMA e VIVA apresentaram crescimento acelerado de receita, com margens melhorando, enquanto o desempenho das marcas principais da ARZZ permaneceu fraco. No varejo alimentar, o Atacadão apresentou o melhor desempenho de vendas mesmas lojas, embora preocupações sobre o cenário competitivo e a sustentabilidade da oferta de parcelamento “3x” da empresa tenham ganhado destaque. Por fim, a receita do e-commerce permaneceu pressionada devido a uma demanda ainda fragilizada, mas o foco na rentabilidade sustentou um EBITDA acima do esperado, enquanto um reajuste CMED menor impactou as margens das farmácias no trimestre.