A divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2019 (4T19) das empresas listadas na Bolsa começou na última semana de janeiro e se encerra no fim de março.
Veja no gráfico de barras abaixo qual foi a fração dos resultados reportados acima do esperado, abaixo do esperado ou em linha de acordo com os parâmetros XP, Consenso e XP + Consenso.
Destaques dos Resultados Divulgados:
- C&A (CEAB3): A receita líquida reportada de R$1,7 bilhão veio em linha com a nossa estimativa. O crescimento de vendas no conceito mesmas lojas foi de +1,0% em relação ao 4T18, apenas levemente abaixo da nossa projeção de +1,4%, e também menor em relação aos nove primeiros meses do ano (+2,1%). O crescimento foi principalmente pressionado pelo segmento de eletrônicos (“fashiontronics”; ~15% da receita), que apresentou queda de -4,7% A/A.
- EZTec (EZTC3): apresentou fortes resultados referentes ao 4T19, mas em linha com nossas estimativas, refletindo a recuperação gradual do segmento imobiliário, principalmente na Região Metropolitana de São Paulo. No balanço patrimonial, a EZTec registrou queima de caixa de R$70 milhões no 4Q19, o que não deve ser um obstáculo para a empresa, pois EZTec ainda possui uma sólida posição de caixa de R$1,2 bilhões (vs. Dívida bruta de R$41,5 milhões).
- Cyrela (CYRE3): reportou resultados positivos para o 4T19, em linha com nossas estimativas, refletindo a gradual recuperação do segmento imobiliários nos últimos anos. No balanço patrimonial, Cyrela apresentou uma geração de caixa operacional positiva de R$245 milhões (ajustado pelos R$400 milhões distribuídos no período), levando a empresa a encerrar o ano com uma baixa alavancagem de 16,4% Divida Líquida/ Patrimônio Líquido.
- Movida (MOVI3): Em geral foi mais um trimestre de avanços importantes para a Movida, com crescimento sequencial de volumes, ganhos de eficiência nos segmentos de serviços e breakeven do segmento de Seminovos. A alavancagem de 2,4x permanece em patamar saudável, o que em conjunto com tendências construtivas na parte da demanda permitirá que a companhia acelere o crescimento de forma rentável. Reforçamos nossa recomendação de Compra para as ações. Apesar de acreditarmos que a volatilidade e aversão a risco do mercado deverão continuar no curto prazo, acreditamos que a correção recente tenha aberto uma oportunidade interessante para o médio/longo prazo.
- Azul (AZUL4): A Azul reportou bons resultados no 4T19 em geral, acima das nossas estimativas e também do consenso se considerarmos os números ajustados. Além dos resultados, a companhia optou por suspender temporariamente suas Projeções para 2020 devido às incertezas em relação aos possíveis impactos do surto de coronavírus nas operações, sinalizando que a capacidade internacional será reduzida em relação aos planos iniciais e a oferta doméstica será ajustada preventivamente. Apesar de o ajuste de capacidade ser um sinal positivo de racionalidade, (i) a falta de visibilidade em relação à demanda doméstica em conjunto com (ii) a forte depreciação do Real em relação ao Dólar e (iii) o fluxo negativo de notícias no setor aéreo global deverá continuar pesando no setor. Apesar de mantermos um viés de longo prazo construtivo, mantemos nossa visão cautelosa no curto prazo.
- CTEEP (TRPL4): a CTEEP anunciou seu resultado do 4T19, com EBITDA ajustado de R$ 595,5mi acima (+10%) da nossa estimativa de R$ 537,0mi, principalmente devido a (i) maior devolução de receita via Parcela de Ajuste e (ii) menores custos e despesas operacionais com relação a nossas estimativas.
- AES Tietê (TIET11): temos uma avaliação positiva dos resultados da AES Tietê no 4T19, dado que o EBITDA Ajustado e o Lucro vieram acima das nossas estimativas. Acreditamos que as ações da AES Tietê fornecem uma das melhores histórias de risco-retorno no setor elétrico. Mantemos nossa recomendação de compra e nosso preço-alvo de R$ 17,00/unit.
- CCP (CCPR3): reportou resultados acima das nossas estimativas em boa parte das linhas. O principal destaque em nossa visão foi o portfólio de escritórios, que apresentou um leasing spread nominal de ~24% (leasing spread representa a diferença percentual entre o aluguel médio dos novos contratos em relação ao aluguel do mesmo espaço no contrato anterior).
- SulAmerica (SULA11): reportou bons resultados no último trimestre de 2019 (4T19). O lucro veio em R$453 milhões (vs. R$385 das estimativas), o que implica em um retorno sob patrimônio líquido de 17,6% e um crescimento anual de 15,1%. O resultado foi derivado principalmente de um bom (e controlado) crescimento em saúde, bem como efeitos positivos de impostos. Esperamos que o papel reaja positivamente aos resultados, bem como mantemos nossa recomendação de compra, uma vez que os gestores se mostram capazes de capturar o aumento de empregos formais mostrados pelo CAGED nos últimos meses.
- Carrefour Brasil (CRFB3): resultados sólidos, com destaque para o Atacadão. Os resultados confirmaram que o crescimento da operação do Atacadão, que é a mais representativa, continua forte. Por outro lado, ainda que explicado pelo aumento de investimentos no e-commerce, a contração de margem da operação Carrefour Varejo foi uma surpresa negativa.
- Weg (WEGE3): reportou avanços significativos no 4T19, e vem sequencialmente reforçando sua capacidade de gerar valor tanto via as aquisições quanto de forma orgânica. Apesar de reconhecermos o histórico sólido de execução da companhia, que continua a se reforçar ao longo do tempo, nós mantemos preferência relativa por nomes que (i) negociam em níveis de valuation mais atrativos e (ii) possuem uma alavancagem mais direta à atividade econômica local dentro do universo de cobertura. Assim, mantemos recomendação Neutra para as ações, mas esperamos reação positiva.
- Marfrig (MRFG3): registrou fortes resultados no 4T19, com um EBITDA Ajustado 7% maior que o nosso de R$ 1,6 bilhão (+ 84,5% A/A). A margem EBITDA ajustada de 11,4% ficou em linha com a nossa expectativa de 11,3% e aumentou 332 pontos-base em relação ao 4T18. A forte geração de fluxo de caixa livre foi um destaque positivo do resultado, com a razão Dívida Líquida/EBITDA aumentando apenas 0,3x (versus o 4T18) para 2,7x, apesar das aquisições da Marfrig no último ano: a Quickfood, adquirida por R$ 220 milhões, e o aumento da participação da National da Beef em 31% por R$ 3,5 bilhões. O lucro líquido de R$ 27 milhões ficou abaixo do esperado, devido à baixa contábil de duas plantas. No acumulado do ano, por outro lado, a empresa atingiu integralmente seu guidance de receita líquida, margem EBITDA e fluxo de caixa livre, o que vemos como bastante positivo. Reiteramos nossa recomendação de compra com preço-alvo de R$ 14 por ação.
- Multiplan (MULT3): em geral, nossa percepção é que os números reforçam a dominância e a alta qualidade do portfólio da companhia, mantendo uma performance satisfatória mesmo sem grande tração por parte dos indicadores macroeconômicos até o momento. Além disso, a companhia tem sido ativa em se antecipar à potencial recuperação da atividade a partir do anúncio de expansões em seus ativos. Esperamos reaçao positiva dos papéis. Apesar disso, acreditamos que os níveis atuais de múltiplos já reflitam esses fatores, e dessa forma mantemos nossa recomendação Neutra.
- Engie Brasil (EGIE3): temos uma avaliação positiva dos resultados do 4T19 da Engie, dado que o EBITDA ajustado e o lucro líquido vieram acima das nossas expectativas. Além disso, destacamos como positivo o anúncio dos dividendos complementares pela companhia no trimestre, ilustrando o forte perfil de geração de caixa e retorno aos acionistas da companhia. Entretanto, consideramos que a qualidade da gestão e dos ativos da Engie já está mais do que precificada no preço atual das ações, razão a qual mantemos uma recomendação Neutra.
- Magazine Luiza (MGLU3): o Magazine Luiza (MGLU3) reportou sólidos resultados referentes ao quarto trimestre de 2019 (4T19), com EBITDA e Lucro Líquido 3% e 9% acima das nossas expectativas, respectivamente. Acreditamos que os investimentos contínuos na plataforma de serviços da companhia (Magalu-as-a-service) e na aquisição de clientes devem continuar contribuindo para o crescimento acelerado em 2020. Esperamos que isso seja suportado pela posição de caixa de R$ 4,7 bilhões ao final do ano, e vemos espaço para potenciais surpresas positivas em relação à estratégia de alocação de capital da companhia. Entretanto, nós vemos um potencial de valorização das ações relativamente limitado nos níveis atuais. Portanto, mantemos a nossa recomendação Neutra para as ações da Magazine Luiza (MGLU3). Para mais detalhes, acesse nossa tese de investimento aqui.
- Banco do Brasil (BBAS3): o banco mostra mais uma vez que é capaz de melhorar sua rentabilidade mesmo em um cenário de declínio na carteira de crédito, devido a um melhor mix de crédito e menores despesas com custo de crédito. Não obstante, o banco postou um bom guidance para 2020, com crescimento da carteira e margens, custos controlados e um possível aumento de lucro de 4 a 15%. Mantemos o Banco do Brasil como nosso top pick entre os bancos incumbentes, recomendação de compra e preço alvo de R$ 61,00.
- Suzano (SUZB3): reportou um resultado acima do esperado no quarto trimestre, com EBITDA de R$ 2,5 bilhões, 8% acima do nosso e em linha com o consenso (+3% T/T, -31% A/A). O principal destaque positivo foi a forte redução de 650kt nos estoques, rumo a um nível normalizado ainda no primeiro semestre de 2020. Adicionalmente, a Suzano atualizou suas estimativas de captura de sinergias com a Fibria para R$1,1 – R$1,2 bilhão, vs. R$800 – R$900 anteriormente. Operacionalmente, volumes melhores do que o esperado tanto em papel quanto em celulose e custo caixa em níveis relativamente saudáveis contribuíram para um resultado acima das nossas expectativas. Do lado negativo, seguimos monitorando a alavancagem em nível elevado, com impactos de um dólar médio mais alto no período. Esperamos uma reação positiva para Suzano (Compra; preço-alvo de R$45/ação).
- Itaú (ITUB4): no geral, o banco apresentou boa sustentabilidade nos resultados, mas uma deterioração na qualidade dos ativos. A maioria das receitas e custos surpreenderam positivamente, mas não acarretou em maiores ganhos, uma vez que o banco aproveitou os melhores resultados operacionais para realizar provisões. O lucro líquido foi de R$ 7,3 bi, em linha com nossas estimativas, implicando em um Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) de 23% e um crescimento de 13% A/A e 2% T/T. A administração também divulgou as projeções para 2020, que acreditamos estarem alinhadas às expectativas do mercado. Reiteramos nossa recomendação neutra e preço-alvo de R$ 40,00 para o fim de 2020, pois acreditamos que os múltiplos do banco não são atraentes.
- BB Seguridade (BBSE3): reportou outro trimestre forte, com o lucro vindo acima do consenso em R$ 1,13 bilhão, resultando em crescimento anual de 35% e trimestral de 5%. Os principais pontos positivos que ajudaram o resultado foram: i) melhores receitas operacionais; ii) resultado financeiro acima das expectativas na Brasilprev; e iii) menor alíquota efetiva de imposto. Reiteramos nossa recomendação de compra e preço alvo de R$ 39,00.
- Sanepar (SAPR11): temos uma avaliação positiva dos resultados da Sanepar no 4T19, dado que os resultados da companhia superaram com folga nossas expectativas e as do consenso do mercado. A Sanepar divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2019 (4T19), com o lucro líquido registrado de R$386,3 milhões superando com folga nossa estimativa de R$231,3 milhões e o consenso de mercado de R$236,0 milhões. Na nossa visão, além dos impactos financeiros positivos da decisão do TCE de restabelecer o efeito completo do reajuste tarifário de 2019, ressaltamos o benefício na forma de uma menor percepção de risco de investidores para ação. Isso deve levar a uma redução do desconto que as ações negociam em relação a outras ações do setor de saneamento e de setores regulados, como um setor elétrico.
- Lojas Renner (LREN3): reportou um resultado positivo no 4T19. A combinação de (1) aceleração no ritmo de crescimento de vendas no conceito mesmas lojas (em uma visão média dos últimos dois anos), (2) expansão de margem, e (3) forte crescimento na operação de serviços financeiros traz ainda mais segurança em relação à perspectiva favorável para os resultados da companhia em 2020. O EBITDA da operação de varejo somou R$ 762 milhões, em linha com o esperado, crescendo +15% na comparação anual. Com isso, a margem EBITDA atingiu 26,5% no trimestre, uma expansão de 0,9 p.p A/A. O desempenho foi impulsionado pela sólida expansão de margem bruta na operação de 0,6 p.p no período, atingindo 58,0% (XPIe 57,5%), o maior nível histórico da companhia.
- Klabin (KLBN11): apresentou bons resultados no quarto trimestre de 2019 (4T19), com EBITDA de R$ 965 milhões, -1,5% abaixo do XPe e +10% acima do consenso (-31% na comparação trimestral e -14,7% na anual). O principal destaque foi o volume mais forte de papel, sinalizando uma recuperação da demanda doméstica melhor que o esperado. Além disso, o maior volume de celulose já esperado compensou parcialmente os preços mais baixos. Operacionalmente, os resultados de papel foram o principal motivo para os números acima do consenso, enquanto os números de celulose vieram um pouco melhor.
- Bradesco (BBDC4): acreditamos que a qualidade do ativo e dos lucros melhorou quando comparamos com o último trimestre. O lucro veio em linha com nossas estimativas em R$ 6,65 bilhões, o que acarreta em um crescimento anual de 14% e um retorno sobre patrimônio líquido de 21%. O resultado foi ajudado por maiores receitas, mas prejudicado por uma maior alíquota efetiva de imposto. Melhora na qualidade do lucro. Embora a margem financeira continue crescendo menos que o crédito, mesmo com um mix mais voltado para o varejo, tivemos boas notícias das outras linhas. Seguros e outras receitas de serviços apresentaram bom crescimento trimestral e anual, enquanto os gastos parecem estar mais controlados.
- Copel (CPLE6): temos uma avaliação positiva dos resultados da Copel no 4T19, dado que os números do EBITDA ajustado ficaram acima de nossas estimativas. Continuamos vendo com bons olhos o compromisso contínuo da empresa em ser mais eficiente, com a distribuidora da empresa registrando um EBITDA 5,6% acima do previsto nas contas de luz em 2019, em comparação à ineficiência de 23,4% no ano de 2018. Por fim, observamos que o processo de redução do endividamento da Copel continua avançando, com Dívida Líquida / EBITDA reportada chegando a 2,0x vs. 2,2x no 3T19 e 3,1x no 4T18.
- Via Varejo (VVAR3): os resultados referentes ao quarto trimestre de 2019 (4T19) da Via Varejo mostraram um progresso importante do processo de restruturação da companhia. Em especial, destacamos (i) a forte aceleração da operação de e-commerce, com um crescimento de +34,9% A/A das vendas online, e (ii) a melhora substancial da rentabilidade, com expansão de 3,7 p.p da margem bruta na comparação anual.
- Vivara (VIVA3): a Vivara reportou sólidos resultados referentes ao quarto trimestre de 2019 (4T19), com lucro recorrente 13% acima da nossa expectativa. O principal destaque foi a sólida expansão de margem bruta de 4 p.p na comparação anual, apesar de um aumento médio do preço do ouro de +21% A/A no período, em dólares (+30% em reais).
- JBS (JBSS3): a JBS reportou fortes resultados no quarto trimestre de 2019, com um EBITDA ajustado de R$ 5,7 bilhões, 4% acima do nosso (+67% A/A). Os principais destaques positivos foram a Seara e a JBS USA Pork (operação de suínos nos EUA). A margem EBITDA ajustada de 9,9% veio em linha com a nossa expectativa de 9,8%, mas cresceu significativamente versus a margem de 6,6% registrada 4T18.
- Sabesp (SBSP3): temos uma avaliação positiva dos resultados da Sabesp no 4T19, dado que o EBITDA ajustado veio acima das nossas expectativas e do consensus. Dito isso, não acreditamos que resultados trimestrais impactem tanto a performance das ações, tendo em vista as preocupações macroeconômicas em andamento desencadeadas pela pandemia da COVID-19. Em particular, destacamos que 48% da dívida bruta da Sabesp, de R$ 13,2 bilhões, é denominada em moeda estrangeira sem proteção via hedges, o que pode penalizar as ações em momentos de volatilidade cambial. Além disso, acreditamos que no curto e médio prazo discussões sobre o Novo Marco Regulatório do Saneamento Básico fiquem em segundo plano, conforme o Congresso foca em discutir e deliberar sobre pacotes e medidas para conter os impactos econômicos e sociais da atual pandemia.
- TAESA (TAEE11): A TAESA reportou Lucro Líquido de R$ 177,5 milhões, abaixo da nossa estimativa de R$ 227 milhões, refletindo principalmente (i) a reversão de R$ 80,6 MM no 4T19 da receita de construção das melhorias, dado que tais obras ainda estão em curso (ii) redução da receita de correção monetária e (iii) aumento da despesa financeira líquida. O EBITDA reportado foi de R$ 180,5 milhões, abaixo à primeira vista dos nossos R$281 milhões e principalmente explicados pelo efeito não caixa da reversão de R$80,6 milhões em receita de construção.
- Gerdau (GGBR4): reportou um EBITDA de R$1.13 bilhão, incluindo o impacto negativo de R$131 milhões da parada de Ouro Branco. O resultado veio -20% e -13% abaixo da nossa estimativo e do consenso, respectivamente. Os principais detratores foram resultados mais fracos tanto nas operações do Brasil, quanto dos EUA, enquanto o segmento de América Latina reportou números acima das nossas expectativas. A geração de fluxo de caixa livre alcançou R$2.3 bilhões no trimestre, impulsionada novamente pela normalização do capital de giro (R$1.95 bilhão), devido à estabilização dos estoques após a parada de Ouro Branco.
- Grupo Pão de Açúcar (PCAR4): reportou resultados do quarto trimestre de 2019 (4T19) abaixo das nossas estimativas. O desempenho abaixo do esperado da operação de Multivarejo deve gerar preocupação nos investidores. Ainda que parcialmente explicado pelas reformas/conversões de lojas, acreditamos que os resultados vistos no Extra Hiper sejam reflexo dos desafios estruturais do segmento de hipermercado, e de um ganho de market share por parte do principal concorrente. Por esse motivo, vemos a melhora da operação de Multivarejo como um dos temas chaves para se monitorar em 2020. Apesar de a companhia ter compartilhado um plano detalhado para a recuperação da rentabilidade do segmento, a execução dessas iniciativas será um aspecto chave da nossa tese de investimento do Pão de Açúcar.
- BMG (BMGB4): o lucro veio em R$ 74 milhões (vs. estimativa de R$ 94 milhões), resultando em um retorno sobre patrimônio líquido de 9%. E embora receitas, custo de crédito e a maioria dos gastos vieram em linha, além de impostos terem ajudado, o resultado foi novamente impactado por outras despesas operacionais, que vieram 22% acima do esperado em R$ 190 milhões. Como foi no caso do 3T19, a linha provavelmente foi impactada por provisões relacionadas a processos de clientes. Mantemos nossa recomendação de Compra e preço-alvo de R$ 14,00, devido as nossas expectativas de melhoras operacionais para 2020, clique aqui para acessar o relatório completo.
- Cosan (CSAN3): temos uma avaliação ligeiramente negativa dos resultados da Cosan no 4T19, dado que o EBITDA pró-forma do grupo no trimestre veio abaixo das nossas estimativas e as do consenso de mercado. No entanto, temos uma avaliação positiva dos números operacionais de algumas divisões do grupo. Por fim, temos uma visão neutra das projeções de resultados da Cosan para 2020, dado que os números estão aproximadamente em linha com nossas estimativas no consolidado. Mantemos nossa recomendação de compra na Cosan, com um preço alvo de R$ 83/ação.
- Banrisul (BRSR6): o lucro veio bem acima do que nós e o mercado estimávamos, mas influenciado por ganhos não recorrentes e não caixa, além de uma baixa nas provisões. As principais linhas operacionais, como margem financeira, receita de serviços e despesas administrativas apresentaram pouca ou nenhuma melhora e, como consequência, o lucro antes de impostos apresentou piora significativa trimestral e anual. Esperamos que as ações reajam negativamente aos resultados. Mantemos nossa recomendação de compra no papel, uma vez que o banco é negociado a múltiplos atrativos.
- Cielo (CIEL3): a empresa reportou outro trimestre fraco, com o lucro de R$ 242 milhões (vs. expectativa de R$ 330 do consenso), totalizando uma queda acentuada de 32% no trimestre e 68% anualmente. No geral, acreditamos que, embora a empresa afirme consistentemente que o foco não é o lucro de curto prazo, este é o segundo trimestre consecutivo com ganhos consideravelmente abaixo do consenso, no intuito de ganhar participação de mercado. Acreditamos que os volumes estão realmente crescendo, mas não esperamos melhoras consideráveis nas margens, pois os clientes devem se tornar mais elásticos aos preços. Como consequência, a Cielo não deve ser capaz de recuperar sua rentabilidade em futuro próximo.
- Localiza (RENT3): Em linhas gerais, foi mais um resultado saudável e que reforça nossa tese de crescimento com rentabilidade para a Localiza e para o setor de forma geral. Reforçamos nossa recomendação de Compra para os papéis, apesar de entendermos que no curto prazo a volatilidade poderá permanecer, em função de uma maior aversão a risco no mercado.
- Unidas (LCAM3): Os resultados da Unidas no 4T19 vieram em linha com nossas estimativas e também com o consenso de forma geral, com um lucro líquido de R$ 96 milhões (um crescimento de quase 40% a/a). O bom desempenho nos segmentos de aluguel (aluguel de carros – RAC – e gestão de frotas) foi parcialmente compensado por indicadores um pouco mais fracos do que o esperado na unidade de vendas de carros usados (Seminovos), tanto em termos de margem quanto de volumes. Apesar da nossa perspectiva positiva de longo prazo permanecer em relação ao potencial de crescimento da Unidas, as incertezas relacionadas ao desenvolvimento do coronavírus no Brasil provavelmente desempenharão um papel importante na performance do setor no curto/médio prazo. Temos recomendação de compra para as ações.
- brMalls (BRML3): Em geral, apesar dos resultados um pouco abaixo dos nossos números, o 4T19 foi mais um trimestre de evoluções sequenciais nos principais indicadores operacionais e financeiros. Embora nossa visão construtiva de longo prazo para o setor esteja mantida, as incertezas relativas ao desenvolvimento do COVID-19 e a consequência disso para o consumo e o tráfego nos shoppings devem ditar o desempenho das ações no curto/médio prazo.
- CCR (CCRO3): reportou resultados no geral em linha com nossas expectativas no 4T19, com crescimento de tráfego comparável de 3% a/a no trimestre (excluindo a ViaSul, cujas receitas passaram a ser incorporadas em 2019 apenas). A receita líquida consolidada (excluindo receitas de construção) ficou em R$ 2,79 bi, ~2% acima da nossa expectativa de R$ 2,74 bi (+17% a/a). O EBITDA ajustado, excluindo o aumento de participação no VLT (outubro de 2019) ficou em R$ 1,58 bi, ~1,4% acima do nosso número. O lucro líquido ficou em ~R$ 393 milhões, acima da nossa estimativa mas levemente abaixo do consenso.
- B3 (B3SA3): para o conforto do governo, impostos vieram inesperadamente altos no trimestre. Por outro lado, o lucro veio em linha com o consenso de mercado em R$ 733 milhões, uma vez que o resultado operacional surpreendeu positivamente. No geral, o resultado operacional veio bom, com aumento de receitas e gastos sob controle, sinais de boa execução. Não obstante, mantemos nossa recomendação neutra, uma vez que acreditamos que o crescimento da bolsa já está precificado.
- CSN (CSNA3): reportou resultados em linha no 4T19, com EBITDA consolidado de R$ 1.580 milhões, 6% acima do nosso (+1% T/T e +1% A/A). Os principais destaques foram os dados de aço mais representativos nos volumes exportados e as maiores vendas de minério de ferro. O fluxo de caixa livre de +R$ 1.103 milhões foi ajudado por uma redução de capital de giro de R$ 1,2 bilhão, uma vez que a CSN consome placas previamente adquiridas para compensar a interrupção da operação AF#3. A dívida líquida/EBITDA diminuiu para 3,74x (de 3,81x). Vemos a estrutura de dívida atual como o principal fator de risco para a empresa, com desinvestimentos pendentes para melhorar o balanço patrimonial.
- BRF (BRFS3): reportou resultados em linha com o esperado no 4T19, com o EBITDA de R$ 1.324 milhões (excluindo ganhos de R$ 89 milhões em ações tributárias), 0,3% acima do nosso. A margem EBITDA consolidada de 14,3% se compara à nossa estimativa de 14,8% (13,5% no 3T19).
- Ambev (ABEV3): reportou EBITDA ajustado de R$ 6.925 milhões (-9% A/A) e margem EBITDA de 43,7% (vs. XPe de 43,4% e 47,6% no 4T18). O segmento de cerveja no Brasil foi o destaque negativo, mas foi compensado pelos resultados melhores que o esperado dos segmentos de (i) refrigerantes no Brasil e (ii) de América Latina.
- Ecorodovias (ECOR3): se ajustados os resultados pelos efeitos não recorrentes, os números ficaram levemente acima das nossas expectativas de uma forma geral. O crescimento de tráfego, apesar de ainda modesto em bases comparáveis (2,4% a/a, excluindo concessões que entraram mais recentemente na base de cálculo), ficou levemente acima da nossa expectativa para quase todas as rodovias. Com isso, os números desse segmento ficaram acima do esperado para o trimestre (EBITDA de rodovias veio ~6% do nosso número). O lucro líquido do trimestre ficou em ~R$ 79 milhões, ~5% abaixo das nossas estimativas. Se ajustado pelos efeitos não recorrentes, o lucro teria atingido R$ 90,9 milhões.
- Vale (VALE3): reportou resultados em linha no 4T, com o EBITDA ajustado de US$4,7 bilhões e queda de -3% na comparação trimestral, +3% vs. XPe e +2% vs. consenso – incluindo provisões adicionais de US$898 milhões relacionadas a acordos e doações (US$227 milhões) e atualizações no plano de descaracterização de barragens (US$671 milhões, anunciado em 11 de fevereiro). Forte geração de caixa de US$1,3 bilhão foi novamente o principal destaque positivo, mantendo a dívida líquida/EBITDA em 0,5x. Devido aos baixos níveis de alavancagem e à forte geração de caixa, em nossa visão, potenciais dividendos devem ser o foco em 2020.
- B2W (BTOW3): resultados em linha com as nossas estimativas. A empresa mostrou crescimento sólido e contínuo progresso dos indicadores operacionais. Vemos a B2W bem posicionada para continuar entregando bons resultados daqui pra frente, mas acreditamos que as ações já estejam precificando uma perspectiva de crescimento e geração de caixa mais robusta.
- Lojas Americanas (LAME4): resultado em linha com as nossas estimativas. A aceleração do crescimento de vendas no conceito mesmas lojas (de +5,4% nos primeiros nove meses do ano para +6,8% no 4T19) foi um destaque positivo. Entretanto, ainda vemos um risco-retorno menos atrativo para as ações, levando em consideração o patamar de múltiplo e projeção de crescimento. Por esse motivo, mantemos nossa recomendação de Neutro.
- Iguatemi (IGTA3): apesar de reconhecermos avanços sequenciais importantes em algumas das principais linhas, a velocidade de recuperação tem sido mais gradual que a esperada. Mantemos nossa recomendação de compra para as ações, baseada em pilares como (i) o valuation mais atrativo do setor; (ii) melhora gradual dos indicadores operacionais com (a) maturação de expansões/ativo mais recentes e (b) potencial recuperação da atividade econômica, resultando em consumo maior, descontos mais baixos e melhores spreads em contratos de aluguel; e (iii) mercado de compra e venda de ativos aquecido, potencialmente resultando em um contínuo aprimoramento do portfólio.
- EdP Energias do Brasil (ENBR3): temos uma visão Neutra dos resultados da EdP no 4T19, dado que o EBITDA ajustado por efeitos não recorrentes veio em linha com nossas estimativas e as do consenso de mercado. Dito isso, temos uma avaliação positiva de alguns destaques operacionais no trimestre, como a recuperação dos resultados de compra e venda de energia em relação ao 3T19, após o retorno do mercado de energia à um ambiente mais previsível de preços de curto prazo, no qual a estratégia de alocação sazonal e de compra de energias de terceiros da companhia é bem sucedida. Além disso, também elogiamos a eficiente gestão de custos da EdP, com custos gerenciáveis crescendo apenas 0,85% no ano contra ano, abaixo do IPCA de 4,31% acumulado em 2019.
- Ultrapar (UGPA3): resultados 4T19: Em linha com nossas estimativas, mas não necessariamente positivos. Na nossa opinião ainda é muito cedo para ficar otimista com as ações da Ultrapar Em 19 de fevereiro, a Ultrapar divulgou seus resultados do 4T19. Esperamos uma reação negativa do mercado aos resultados da companhia, mesmo que o EBITDA ajustado tenha vindo em linha com nossas estimativas e o fato de que o prejuízo reportado no trimestre reflete uma perda sem efeito caixa. A razão é que a performance nas diferentes linhas de negócio do grupo pode ter desapontado investidores que esperavam uma recuperação mais rápida dos resultados com a retomada gradual da economia.
- Gol (GOLL4): a Gol reportou os resultados referentes ao 4T19, que se ajustados por efeitos não recorrentes ficaram acima da nossa expectativa e do consenso de mercado, mas em linha com os números previamente guiados pela companhia na Atualização ao Investidor. A Gol também publicou suas projeções referentes a 2020 e 2021, que de forma geral estão acima dos nossos números e também do consenso. Em geral os resultados reforçam o ambiente competitivo saudável, mesmo com a expansão de capacidade observada por parte das companhias locais. Excluindo os efeitos não recorrentes, as margens operacionais demonstraram evolução saudável, refletindo principalmente custos com combustível mais baixos. Mantemos nossa recomendação Neutra para as ações.
- Usiminas (USIM5): a Usiminas acaba de reportar resultados ainda fracos. Desconsiderando os créditos vindos de Eletrobras já esperados (R$117mi), de modo a termos uma mesma base de comparação, o EBITDA ajustado de R$335mi veio -6% abaixo do nosso e -24% abaixo do 3T19. No mercado doméstico, os níveis baixos de estoques de aço na distribuição ainda representam alguma dificuldade para as siderúrgicas implementarem aumentos de preço, apesar da alta recente do dólar resultar em paridade de importação mais baixa e abrir espaço para os aumentos. Esperamos reação neutra no pregão de hoje. Mantemos recomendação Neutra.
- Santander (SANB11): o resultado foi auxiliado por maiores receitas, custos sob controle e melhoras na inadimplência. O lucro veio em linha com as nossas estimativas, em R$3,7 bilhões, o que implica em um retorno sob patrimônio líquido de 21,3% (vs. 19,9% no mesmo trimestre do ano anterior). Nossa preocupação é principalmente com a qualidade das receitas. Já a margem financeira foi novamente ajudada por ganhos de tesouraria, enquanto a margem financeira que vêm do crédito tem consistentemente crescido menos do que a carteira devido ao menor spread.
- Porto Seguro (PSSA3): reportou resultados mistos no quarto trimestre de 2019 (4T19), com lucro líquido de R$ 371 milhões (vs. R$ 379 do consenso de mercado). Embora a seguradora tenha apresentado crescimento de receita, os ganhos foram impactados por (1) um pior resultado operacional; e (2) deterioração dos resultados financeiros. No geral, vemos o resultado como neutro. O crescimento das linhas de receita é um fator importante e esperado para a seguradora, mas deve ser seguido por melhores resultados operacionais, o que não foi o caso no trimestre.
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