Movida (MOVI3) 1T20: Lucro ajustado em linha; Mas impairment reflete o cenário adverso

A Movida reportou resultados ajustados em linha no 1T20, mas com uma série de ajustes que visam refletir o cenário adverso. O lucro líquido ajustado foi de R$ 55 mm, menos de 1% abaixo de nossas estimativas e ~6% acima do consenso, enquanto a receita líquida atingiu ~R$ 1 bi, em linha tanto com as nossas estimativas quanto com as do consenso. A empresa registrou os seguintes itens para refletir o potencial efeito negativo da crise da covid-19 nos negócios: (i) um impairment de ~R$ 193 milhões na frota, o que implica em um valor alto de ~R$ 1,9 mil por veículo operacional, (ii) um impairment de R$ 50 milhões nas contas a receber e (iii) provisão de R$ 2 mm devido ao fechamento de lojas. Também houve um efeito fiscal negativo de negativo de R$ 7 mm devido à postergação do pagamento de JCP e um impacto positivo de R$ 83 mm devido ao imposto de renda diferido sobre os ajustes. Todos os números mencionados aqui excluem esses efeitos. Em resumo, volumes e tarifas não foram materialmente diferentes das nossas estimativas. Não obstante, reconhecemos que os meses subsequentes ao 1T20 mudaram drasticamente com as políticas de distanciamento social, e o principal desafio daqui para frente será manter níveis saudáveis de liquidez. Mantemos nossa recomendação de Compra para as ações da Movida, com um preço-alvo de R$ 14,0/ação, mas reconhecemos que o curto-prazo deverá apresentar alta volatilidade.

Principais destaques: os volumes no segmento de Gestão de Terceirização de Frotas (GTF) alcançaram 3,1 milhões (+30% a/a), praticamente em linha com o nosso número, resultando um forte aumento de receita líquida (+21% a/a). O custo no segmento cresceu ~37% a/a, o que resultou em uma margem bruta 6 p.p. menor no período, refletindo principalmente os maiores níveis de depreciação. No segmento de aluguel de veículos (RAC), os volumes também foram fortes, com aumento de 19% a/a (1% abaixo de nossas estimativas), resultando em crescimento de 19% a/a nas receitas. O custo (+38% a/a) também foi impactado pelos níveis mais altos de depreciação, resultando numa margem bruta 7 p.p. menor no período. Por fim, os volumes de Seminovos chegaram a 14,1 mil, ~4% abaixo das nossas estimativas, enquanto o preço médio nos surpreendeu positivamente (~4% acima da expectativa). O segmento continuou apresentando melhora sequencial, e a margem EBITDA foi de 1,2%.

Movida e a Covid-19: A Movida encerrou o 1T20 com ~R$1 bi em caixa, uma alavancagem de 2,4x Dívida líquida/EBITDA e ~R$ 638 mi em dívidas com vencimento até o final de 2020. Durante os meses de março e abril, a empresa mencionou que levantou ~R$ 462 mi, e grande parte dos R$1,5 bi a serem pagos aos fornecedores já foi negociada com montadoras e bancos, adiando seus vencimentos. Além dos ajustes mencionados, a Movida decidiu fechar 12 lojas de RAC e 3 lojas de seminovos, além de revisar custos e despesas e reduzir materialmente a compra de novos carros.

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