XP Expert

Não há outra alternativa? Por que o Brasil tem ganhado espaço nas carteiras globais…

Discutimos nesse XPresso a nossa visão sobre os mercados globais que segue de cautela, enquanto seguimos construtivos com ativos brasileiros.

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail

Uma expressão que ficou bastante famosa durante os últimos anos de liquidez abundante e juros cada vez menores no mundo foi a “TINA”. Ela se refere à abreviação de “There Is No Alternative” (ou “Não há outra alternativa” na tradução em português). Ela explica o porquê investidores globais seguiam comprando ações e ativos de risco, mesmo a níveis altos de preço. Não havia alternativas de investimento interessantes, na medida em que as taxas de juros eram cada vez menores.

Temos dito, de maneira jocosa, que o Brasil está se tornando o “TINA” dos mercados emergentes. Isso por conta da forte performance dos ativos brasileiros em 2022, mesmo considerando o desempenho muito fraco dos ativos no mundo desenvolvido e em outros grandes emergentes. Enquanto o Ibovespa sobe quase 6% no ano em Reais, e quase 15% em Dólares, por conta da forte apreciação da moeda brasileira contra o Dólar, as Bolsas globais caem entre 15-25% no ano.

É óbvio que dizer que não há uma outra alternativa no mundo em relação ao Brasil é um grande exagero. Afinal, o mercado brasileiro ainda é bem pequeno no contexto global. As ações brasileiras, por exemplo, representam apenas 0,7% do valor de mercado das ações globais. Mas o Brasil hoje tem um cenário mais favorável do que muitos grandes mercados emergentes e desenvolvidos, além de um valuation mais atrativo, o que tem atraído muitos investidores estrangeiros.

Nós seguimos otimistas com os ativos brasileiros (Bolsa, Renda Fixa e a moeda) e ainda cautelosos no cenário global, e iremos explicitar essas visões a seguir.

Cautela com mercados globais segue…

Antes de falar do Brasil, vale lembrar algumas das razões pelas quais nós seguimos com uma visão ainda cautelosa em relação aos principais mercados de ações globais, mesmo com a correção de preços que vimos até agora.

Para o médio prazo (próximos 6-12 meses), existem várias razões que corroboram essa cautela em relação aos índices de bolsas globais. Iremos utilizar principalmente o mercado americano na análise, dado que ele representa 60% do índice global:

1. Bolsas não atrativas em relação ao histórico: ano analisarmos os indicadores de valuation das Bolsas globais, como Preço/Lucro e Preço/Valor Patrimonial, vemos que os principais índices se encontram próximos ou acima das médias históricas, não aparentando estar atrativos nesse momento. O índice americano, S&P 500, por exemplo, está negociando em um P/L de 16,7x, usando como base os Lucros projetados para os próximos 12 meses pelo consenso de mercado. Esse valor é em linha com a média dos últimos 10 anos. Já o índice MSCI All Country World, que mede as ações globais, está negociando com um P/L de 14,7x, vs. a média histórica de 14,4x;

2. Bolsas caras em relação à renda fixa: o otimismo recente dos índices de ações não tem sido acompanhado pelo mercado de renda fixa. Isso porque os juros embutidos nos títulos dos governos seguem em alta recentemente, fazendo com que a relação entre Renda Variável e Renda Fixa não fique tão atrativa. Pegando o mercado americano como exemplo, o Prêmio de Risco das Ações (ERP – Equity Risk Premium) está em 5,13%, abaixo da média histórica de 5,82%. Isso quer dizer que as ações americanas hoje não estão atrativas em relação aos juros dos títulos americanos. Esse índice compara os rendimentos esperados pelas ações (Earnings Yield em %) em relação aos juros reais de longo prazo (títulos TIPS de 10 anos). Para regressar para a média histórica do ERP, as ações americanas precisariam corrigir em 10% dos níveis atuais;

Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até 9/9/2022.
Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até 9/9/2022.

3. Expectativas de lucro ainda elevadas: as expectativas de lucro nos EUA ainda parecem elevadas, principalmente em um ambiente de crescimento menor adiante, e possível recessão. O histórico mostra que em cenários de recessão econômica, o Lucro por Ação (LPA) do S&P 500 caiu 12% na mediana, mas com eventos com quedas de quase 40% como na crise de 2008. Atualmente, o mercado espera um crescimento de lucros para 2022 de +10%, e para 2023 de +8%. Nos últimos meses, essa expectativa já vem sendo reduzida, mas ainda parece elevada. Por exemplo, na temporada de resultados do 2º trimestre, o LPA reportado cresceu 6,7%, mas excluindo o setor de Óleo & Gás, o indicador já contraiu em 3,7%, segundo dados da Factset;

Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até 9/9/2022.

4. Bancos Centrais seguindo com o aperto monetário: os principais BCs do mundo, o Federal Reserve e o Banco Central Europeu, seguem no caminho de aumento de juros, sem sinais do final do ciclo de alta dos juros em breve. Além disso, o Fed começou a redução do seu balanço, retirando liquidez dos mercados via a venda de títulos ou deixando eles expirarem, em um montante de US$90 bilhões a partir do mês de setembro. Da mesma forma que a injeção de liquidez (QE – Quantitative Easing) ajudou a derrubar as taxas de juros e inflar o preço dos ativos, dá para dizer que o cenário para ativos daqui adiante ficará mais difícil.

Fonte: Bloomberg, XP Research.
Fonte: Bloomberg, XP Research.

5. Riscos geopolíticos na Europa e China: os riscos geopolíticos ainda não se dissiparam, e continuam, principalmente, nas relações entre Europa e EUA com a Rússia, e a relação dos EUA com a China, em especial relacionado à Taiwan. Na Europa, os principais riscos iminentes são relacionados ao fornecimento de gás natural e petróleo pela Rússia nos próximos meses durante o inverno. O preço do gás natural na Europa já sobe mais de 500% em um ano. Enquanto isso, as relações do Ocidente com a China ficaram mais tensas recentemente, após a visita da Líder do Congresso americano Nancy Pelosi à Taiwan. Esses riscos ficarão bastante no radar dos investidores.

6. China desacelerando: o motor da economia global, a China, vem mostrando sinais de forte desaceleração em 2022. Enquanto o governo chinês tem uma meta de crescimento econômico de 5,5% para 2022, muitos economistas já esperam um crescimento abaixo de 3% esse ano. A política de zero-Covid é responsável por boa parte dessa desaceleração, mas os ajustes no setor imobiliário Chinês também preocupam, pois podem perdurar por mais tempo e levar a uma desaceleração mais estrutural da economia.

7. Recessão global: a probabilidade de uma recessão econômica adiante segue subindo. Enquanto há poucos meses atrás ela estava em 30-35% de chance nos próximos 12 meses, agora o consenso do mercado, segundo a Bloomberg, já mostra 50% de chance de uma recessão nos EUA no próximo ano e 55% na Europa. Muitos economistas já consideram a recessão como cenário base para 2023 na Europa por conta da crise energética que a região enfrenta. Alguns indicadores antecedentes, como os PMIs (índices de compras das indústrias e serviços) e produção industrial, já mostram uma desaceleração nos últimos meses. Outros indicadores permanecem em patamares sólidos, como o mercado de trabalho, o que podem postergar o início de uma possível recessão.

Fonte: Bloomberg, XP Research.
Fonte: Bloomberg, XP Research.

…Mas a visão para os ativos brasileiros segue construtiva

Apesar da visão ainda cautelosa com os fundamentos dos mercados globais no próximos 6-12 meses, nós seguimos construtivos com os ativos brasileiros, em termos relativos à outros mercados. O Brasil já entrou no ano de 2022 com seus ativos principais (Bolsa, juros e câmbio) estando bastante baratos, um grande contraste com os ativos globais.

Nesse momento, a Bolsa brasileira negocia com um grande desconto em relação à outros mercados, com um P/L de apenas 6,3x, o que se compara com vários mercados globais entre 12-18x, como mostra a tabela abaixo.

Fonte: Bloomberg, XP Research

Além disso, a grande exposição à setores que se beneficiam de um cenário de inflação e juros em alta (bancos e commodities) tem atraído fortes fluxos de estrangeiros para a bolsa brasileira.

Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até 12/9/2022.

Acreditamos que os ativos brasileiros possam seguir em uma tendência de redução de risco e valorização nos próximos meses, mesmo com as eleições estando próximas. Além disso, temos visto uma volatilidade menor no mercado nesse período eleitoral em comparação com eleições passadas.

Alguns motivos estão por trás da boa performance dos ativos brasileiros esse ano são:

1) grande exposição aos setores que investidores querem no momento, que são mais protegidos em relação à alta da inflação e juros. Esses setores são commodities e bancos, que representam 66% da Bolsa brasileira.

2) valor atrativo: os ativos brasileiros seguem muito baratos, negociando com um forte desconto em relação às médias históricas. A Bolsa brasileira está atualmente negociando a 6,2x Lucro esperado para os próximos 12 meses, um desconto de 47% em relação à média histórica de 11,7x nos últimos 10 anos.

3) altas taxas de juros: o fato do Brasil ter saído na frente em relação ao aumento das taxas de juros – a Selic hoje se encontra em 13,75% e os juros reais futuros (IPCA+) estão em 5,80% – faz com que o Brasil passe a atrair fluxo de investidores para o mercado de renda fixa e também para a Bolsa, pois a chance de uma forte depreciação da moeda diminiu com juros elevados. Afinal, as altas taxas de juros ajudam a fortalecer o Real em relação ao Dólar. No ano, o Real já apreciou 7,3%, tendo a 2ª melhor performance entre todas as moedas emergentes.

Para ler nossa visão atualizada sobre a Bolsa brasileira veja o último Raio-XP, além do relatório de expectativa Macro e Micro para o restante do ano “Especial | Contagem Regressiva para 2023: As oportunidades geradas na incerteza e como aproveitá-las

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório de análise foi elaborado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos ou XP”) de acordo com todas as exigências na Resolução CVM 20/2021, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A XP Investimentos não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório. Este relatório foi elaborado considerando a classificação de risco dos produtos de modo a gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor. O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma independente, inclusive em relação à XP Investimentos e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado, e que sua(s) remuneração(es) é(são) indiretamente influenciada por receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela XP Investimentos.

O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Instrução CVM nº 598/18 está indicado acima, sendo que, caso constem a indicação de mais um analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório. Os analistas da XP Investimentos estão obrigados ao cumprimento de todas as regras previstas no Código de Conduta da APIMEC para o Analista de Valores Mobiliários e na Política de Conduta dos Analistas de Valores Mobiliários da XP Investimentos. O atendimento de nossos clientes é realizado por empregados da XP Investimentos ou por agentes autônomos de investimento que desempenham suas atividades por meio da XP, em conformidade com a ICVM nº 497/2011, os quais encontram-se registrados na Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários – ANCORD. O agente autônomo de investimento não pode realizar consultoria, administração ou gestão de patrimônio de clientes, devendo atuar como intermediário e solicitar autorização prévia do cliente para a realização de qualquer operação no mercado de capitais. Os produtos apresentados neste relatório podem não ser adequados para todos os tipos de cliente. Antes de qualquer decisão, os clientes deverão realizar o processo de suitability e confirmar se os produtos apresentados são indicados para o seu perfil de investidor. Este material não sugere qualquer alteração de carteira, mas somente orientação sobre produtos adequados a determinado perfil de investidor. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode aumentar ou diminuir num curto espaço de tempo. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. As informações presentes neste material são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser significativamente diferentes. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. SAC. 0800 77 20202. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos operacionais disponibilizadas no site da XP Investimentos: www.xpi.com.br. A XP Investimentos se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste relatório ou seu conteúdo. A Avaliação Técnica e a Avaliação de Fundamentos seguem diferentes metodologias de análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas. O investimento em ações é indicado para investidores de perfil moderado e agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida, varia conforme as cotações de mercado. O investimento em ações é um investimento de alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não há quaisquer garantias sobre o patrimônio do cliente neste tipo de produto. O investimento em opções é preferencialmente indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. No mercado de opções, são negociados direitos de compra ou venda de um bem por preço fixado em data futura, devendo o adquirente do direito negociado pagar um prêmio ao vendedor tal como num acordo seguro. As operações com esses derivativos são consideradas de risco muito alto por apresentarem altas relações de risco e retorno e algumas posições apresentarem a possibilidade de perdas superiores ao capital investido. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. O investimento em termos é indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. São contratos para compra ou a venda de uma determinada quantidade de ações, a um preço fixado, para liquidação em prazo determinado. O prazo do contrato a Termo é livremente escolhido pelos investidores, obedecendo o prazo mínimo de 16 dias e máximo de 999 dias corridos. O preço será o valor da ação adicionado de uma parcela correspondente aos juros – que são fixados livremente em mercado, em função do prazo do contrato. Toda transação a termo requer um depósito de garantia. Essas garantias são prestadas em duas formas: cobertura ou margem. O investimento em Mercados Futuros embute riscos de perdas patrimoniais significativos, e por isso é indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. Commodity é um objeto ou determinante de preço de um contrato futuro ou outro instrumento derivativo, podendo consubstanciar um índice, uma taxa, um valor mobiliário ou produto físico. É um investimento de risco muito alto, que contempla a possibilidade de oscilação de preço devido à utilização de alavancagem financeira. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.