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PIB deve cair 8,0% no 2º trimestre e fechar o ano em -4,8%

Clique aqui para acessar o relatório em inglês | Click here to download the PDF Revisamos a nossa projeção para o PIB de -6,0% para -4,8% em 2020 e de +2,5% para +3,0% em 2021. Motivados por: (1) Queda do segundo trimestre foi menor que a expectativa inicial(2) Estímulos fiscais e monetários para famílias e […]

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Revisamos a nossa projeção para o PIB de -6,0% para -4,8% em 2020 e de +2,5% para +3,0% em 2021.

Motivados por:

(1) Queda do segundo trimestre foi menor que a expectativa inicial
(2) Estímulos fiscais e monetários para famílias e empresas mitigaram a recessão.
(3) Efeitos da pandemia atuam de forma heterogênea nos setores e ainda impõem elevada incerteza sobre a trajetória do mercado de trabalho e a demanda agregada no médio prazo.

Por que esperar uma queda menos negativa do PIB em 2020?

O Brasil deverá acompanhar o ciclo global de recuperação econômica, mas considerando as suas próprias características e o seu tempo na cronologia da pandemia. Aspectos que caracterizam a nossa realidade não podem ser ignorados, como o fato de a ociosidade brasileira ser superior à observada em economias avançadas mesmo antes da pandemia (o que poderia explicar em parte uma queda menos intensa do PIB brasileiro no segundo trimestre se o compararmos com a economia norte-americana) e a necessidade de aprovarmos reformas estruturais essenciais para a recuperação mais forte no ano de 2021.  

Outro aspecto essencial para o ritmo de retomada da economia brasileira é a demanda agregada no país. As medidas de distanciamento social afetaram significativamente o setor de Serviços, tornando árdua a tarefa de projetar a dinâmica da oferta/demanda por trabalho/mão de obra.

Mesmo com a reforma trabalhista de 2017, o mercado de trabalho brasileiro ainda é considerado rígido. Entretanto, os programas do governo de sustentação e preservação de empregos formais têm se mostrado bem-sucedidos. Pelo lado da força de trabalho informal, o programa de auxílio emergencial que atingiu, segundo o DataPrev, indiretamente até 124 milhões de pessoas, também contribui para uma elevação na massa de renda de uma população com propensão maior a consumir.

Não obstante, o Banco Central também tem papel fundamental nessa retomada. Diante do cenário em que os riscos sanitários se dissipem e a confiança dos agentes gradualmente retorne, a política monetária com a Selic em 2,00% ao ano, e em terreno estimulativo, será capaz de contribuir positivamente para a atividade.

Ademais, na nossa avaliação parece pouco provável que haja novamente um lockdown ou medidas de distanciamento social mais restritivas nos próximos meses, mesmo com o Brasil se configurando ainda em um platô elevado no número de casos e mortes. Notícias positivas sobre avanços dos estágios de vacinas já são refletidos no mercado financeiro ao redor do mundo e reforçam a percepção de recuperação da atividade no decorrer dos próximos trimestres. 

A agropecuária praticamente passa incólume pela pandemia do novo coronavírus e deverá crescer +2,6% em 2020. Já a  Indústria, com maior dinâmica de recuperação, deverá retrair -5,5% em 2020 e acelerar +5,9% em 2021. O setor de  Serviços, o mais afetado pelas medidas de distanciamento social, deverá ter recuperação gradual após queda projetada de 5,2% em 2020 e alta de 2,2% em 2021.

O segundo trimestre

O primeiro grande fator de revisão foi o desempenho da atividade econômica do segundo trimestre. Após cair 1,5% (seria revisto para -2,5%) no primeiro trimestre, as expectativas para o segundo chegaram a alcançar -13,0% na comparação interanual. No entanto, após a total paralisia da economia no mês de abril, o desempenho menos adverso para a  Indústria de  Transformação e do  Varejo nos meses de maio e junho conseguiram dar sustentação à queda “menos negativa” no trimestre. Com indicadores observados da PIM-PF e PNAD-Contínua e estimação da PMC e PMS de junho, projetamos que a economia brasileira deverá ter contratação recorde de -8,0% no segundo trimestre, após ter caído 2,5% (revisto) no primeiro.

Estímulos fiscais e monetários

Em uma comparação global, o Brasil figura entre os países que mais promoveram estímulos monetários e fiscais durante a pandemia do novo coronavírus. O levantamento, feito por Elgin, C., Basbug, G., Yalaman, A., aponta que o Brasil dispendeu cerca de 11,8% do PIB em estímulos fiscais* (incluindo garantias) no período. Dentre 169 países analisados, isso corresponde ao 24° lugar no ranking global e o 2° entre os emergentes (perdendo apenas para o Chile). A eficiência de tamanho ainda é incerta, mas já mostra como as medidas de auxílio emergencial, custeio dos programas de manutenção de empregos e garantias do Tesouro para algumas linhas de crédito podem, relativamente, colaborar para a recuperação.

Desempenho setorial

A pandemia atingiu os setores da  economia de forma totalmente heterogênea. Ainda no primeiro trimestre, quando as medidas de distanciamento social já tinham sido parcialmente refletidas na atividade, o setor agropecuário apresentou alta de +0,6% e o mesmo deve ocorrer ao longo do ano. Os últimos dados apontam para quebra do recorde na safra agrícola e a forte retomada das exportações que impulsionam também a pecuária.

A  Construção  Civil relativamente não foi paralisada durante a pandemia sob a chancela de ser considerada atividade essencial. Entretanto, sob a ótica de metodologia das Contas Nacionais, há dúvida sobre o comportamento da mão de obra do setor já que pelo lado dos insumos (SNIC e ITCC) os dados apontam para uma boa recuperação. Dados de crédito também indicam que, diferente de outras crises, o financiamento imobiliário não perdeu tração até junho. O comércio, sustentado pelos programas de transferência de renda, desempenhou trajetória menos negativa que o projetado inicialmente. Estes segmentos são relevantes por conta do seu efeito multiplicador na economia brasileira.

Por outro lado, o setor de  Serviços (excluindo comércio e administração pública) sofre as maiores perdas e a sua recuperação depende, intrinsecamente, da questão sanitária no primeiro momento e do ganho de confiança em consumir pela população em um segundo momento. Altamente intensivo em mão de obra, há uma maior fonte de incerteza sobre projeções de atividade econômica no curto e médio prazo.

Expectativa de PIB

O grau de volatilidade sobre as expectativas de PIB para o ano  ainda é bastante elevado e atípico para este período do ano. A grande defasagem da divulgação de dados de atividades oficiais (comparadas com economias avançadas) impôs um aumento da relevância em indicadores de alta frequência, como dados de consumo de energia e para o ICVA semanal. De qualquer forma, dados da Indústria e do  Varejo vêm apresentando resultados melhores do que a expectativa de mercado e isso arrefece expectativas mais negativas para o resto do ano. Contudo, como mencionado, o grau de impacto sobre cada segmento da economia foi bastante heterogêneo e a divulgação do PIB do segundo trimestre no dia 1° de setembro será fundamental para uma maior compreensão setorial de como a pandemia impactou a economia brasileira. De qualquer forma, as expectativas sobre a perda de PIB deste ano são “menos negativas” do que eram há alguns meses, e a recuperação, um pouco mais forte.

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