Vale a pena investir nas ações de KEPL3?
Em agosto/23, atualizamos nossas estimativas para a Kepler Weber, reiterando nossa recomendação de Compra e introduzindo nosso preço-alvo para o final de 2024 de R$ 16,00/ação (substituindo o preço-alvo para o fim de 2023 de R$ 15,00/ação), com nossa visão construtiva reforçada durante uma reuniãoque organizamos com a empresa e investidores. Embora o 1S23 tenha sido impactado pelos adiamentos de investimento dos produtores agrícolas, esperamos que a sazonalidade naturalmente mais forte do segundo semestre apoie a melhoria das receitas (o anúncio do PCA para a safra 2023/24E foi uma surpresa positiva nesse sentido). Além disso, continuamos a ver a Kepler sendo negociada em um nível atrativo de valuation, com P/L de 2024 de 8,6x bem abaixo do que nossa análise de múltiplo justo sugere (~12x), apoiando o potencial de valorização de ~60% que nosso preço-alvo implica para as ações.
Esperamos que a receita se recupere no segundo semestre de 2023 com rentabilidade positiva. Vemos 2023 como um ano de acomodação para a Kepler, após os resultados atípicos de 2022, favorecidos por uma combinação de demanda sólida (com o pico de rentabilidade do produtor) e fortes preços unitários (dos altos preços do aço). Embora a receita deste ano deva se normalizar em níveis mais baixos, vemos a melhora esperada no 2S23E como um gatilho potencial para as ações, com os números atuais de retorno apoiando nossa visão de que o Kepler é um ativo de “alta qualidade” (ROE ainda em sólidos 26% no 1S23).
Valuation não reflete os retornos acima mencionados. Dado o alto spread ROE-Ke da Kepler (prevemos ~12p.p. no longo prazo), vemos a empresa como um ativo de alto retorno com uma tese de crescimento plausível. Nesse sentido, nossa análise de múltiplo justo indica um P/L de ~12x considerando seus níveis de crescimento/retorno, próximo ao nosso múltiplo alvo de 12,3x e com o múltiplo atual de P/L de 2024 de 8,6x excessivamente descontado, em nossa opinião, suportando o potencial de valorização de ~60% que nosso preço-alvo implica.
Listamos algumas razões pelas quais estamos otimistas com a tese:
(1) Estamos otimistas com as perspectivas agrícolas do Brasil. Entendemos que o Brasil tem fundamentos sólidos que sustentam o aumento esperado da produção de grãos, como (i) crescimento da área plantada e da produtividade e (ii) maior representatividade nas exportações globais de grãos. Isso deve apoiar um aumento na capacidade de armazenagem estática nos próximos anos – a capacidade de armazenagem atual cobre apenas ~60% da produção de grãos, apesar das recomendações de segurança alimentar sugerirem uma capacidade excedente.
(2) Kepler está bem posicionada em meio a um mercado em expansão. Destacamos o forte posicionamento da Kepler em diferentes visões: (i) presença completa na cadeia de valor do pós-colheita, presente em todas as etapas do armazenagem de grãos (desde a originação até a logística e transformação); (ii) player incumbente, com uma posição de liderança em participação de mercado e um premium de preço em relação aos pares como uma sólida vantagem competitiva; e (iii) geograficamente, com centros de distribuição e representantes comerciais espalhados nacionalmente.
(3) Operações voltadas para a tecnologia impulsionadas por movimentos estratégicos. Nos últimos dois anos, a Kepler vem aumentando os investimentos em tecnologias pós-colheita, tais como: (i) o lançamento de sua plataforma Sync e a aquisição da Procer (solução digital de monitoramento e dados); e (ii) aquisição da marca Seletron, especializada em seleção eletrônica de grãos. Observamos que a posição confortável do balanço patrimonial da empresa (caixa líquido) pode sugerir outros movimentos.
(4) Redução da ciclicalidade por meio de receitas recorrentes. Uma das diretrizes estratégicas da empresa é aumentar a representatividade das receitas de R&S (Reposição e Serviços – estimamos um crescimento de +6p.p. de participação até 2030), dado o seu perfil recorrente de receita, e assim reduzindo sua ciclicalidade.
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Últimos acontecimentos
Aquisição da marca Procer | Junho de 2022
- Em junho de 2022, a Kepler anunciou a aquisição de 50% da Procer, empresa de serviços digitais para automação de silos e manutenção de padrões de qualidade de temperatura e umidade. O movimento reforça a implementação da indústria 4.0 na cadeia do pós-colheita.
Aquisição da marca Seletron | Novembro de 2020
- Em novembro de 2020, a Kepler Weber anunciou a aquisição da marca Seletron, que é reconhecida em equipamentos para seleção de grãos a partir de análise ótica. A companhia destacou o movimento como uma alavanca para crescimento no mercado pós-colheita, com tecnologias que possuem forte sinergias com o portóflio da companhia e maior valor agregado.
Inauguração do quinto CD | Agosto de 2020
- Em agosto de 2020, a KW começou a operar seu quinto centro de distribuição, em Cuiabá (MT). Além desse, a companhia atua com centros de distribuição em Rio Verde (GO), Cascavel (PR), Panambi (RS) e Campo Grande (MT).
Nossos principais conteúdos sobre KEPL3
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Quais os principais riscos de investir nas ações de KEPL3?
- Exposição aos ciclos inerentes ao setor do agronegócio brasileiro: A Kepler é uma empresa industrial diretamente exposta aos ciclos inerentes ao setor do agronegócio. Caso as próximas safras desapontem ou caso as margens dos produtores caiam, a Kepler deveria ser prejudicada;
- Exposição ao aço: volatilidade de preços e restrição na oferta: Aço equivale a cerca de 40% do CMV da Kepler e seu preço mais do que dobrou em 2020/21. Caso o preço aumente mais, caso a oferta caia de novo, ou caso as políticas de hedge falhem, a Kepler deveria ser prejudicada;
- Demanda dependente de fontes públicas de financiamento: Para pagar pelos silos, uma parte significativa dos clientes da Kepler tomam empréstimos subsidiados pelo governo, notadamente via Plano Safra. Caso o crédito diminua ou caso os juros aumentem, a Kepler deveria ser prejudicada.
Como a Kepler está posicionada no tema ESG?
Indicadores já são disponibilizados; a próxima etapa é traçar um plano e metas ESG.
Para este setor, vemos o pilar de Governança como o mais importante em nossa análise, embora o Social e o Ambiental não estejam tão distantes. No que se refere à Kepler Weber, acreditamos que a empresa possui amplo espaço para melhorias, especialmente nas frentes E e S, que carecem de metas ESG claras olhando para frente, bem como os planos de ação para atingir as mesmas. Do lado positivo, a Kepler parece estar no caminho certo, por já mensurar e disponibilizar uma série de indicadores desde 2017, o que vemos com bons olhos. Por fim, no G, vemos oportunidade para avanço no que diz respeito ao aumento da diversidade na liderança.
Quem é a Kepler Weber?
A Kepler Weber é líder em armazenamento e soluções de pós colheita na América Latina. Desde 1925, a companhia vem investindo em tecnologias e serviço de suporte aos produtores, fabricando equipamentos de armazenamento e sistemas de manuseio para a agricultura. O Brasil é uma potência global do agronegócio, com uma safra anual de mais de 250 milhões de toneladas de grãos, sendo que mais de 150 milhões de toneladas passam por uma solução desenhada pela Kepler.
A Kepler desenvolve projetos customizados para seu amplo portfolio de clientes, que é composto por tradings, cooperativas, indústrias alimentícias, além de produtores médios e grandes de grãos. A companhia tem sede em Panambi, no Rio Grande do Sul, além de um escritório administrativo em São Paulo. Ela também conta com cinco Centros de Distribuição: Campo Grande (Mato Grosso do Sul), Cascavel (Paraná), Cuiabá (Mato Grosso), Panambi (Rio Grande do Sul), e Rio Verde (Goiás).
A Kepler é líder em um mercado que ainda tem muito a crescer, impulsionado principalmente por alguns fatores: o aumento das safras no Brasil, e com isso, da demanda por silos, da baixa penetração de silos (~70%) mesmo para a demanda já existente, produtores cada vez mais capitalizados e mais propensos para comprarem silos, e o crescimento da sua linha de Reposição & Serviços, que possui margens mais altas e adiciona recorrência à receita.
Para mais detalhes institucionais sobre a companhia, acesse o site de relação com investidores da empresa aqui.
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