IBOVESPA -1,49% | 79.065 Pontos
CÂMBIO -1,45% | 5,82/USD
O que pode impactar o mercado hoje
Após uma sessão de muita volatilidade, o Ibovespa fechou em queda de 1,5% ontem, a 79.064 pontos. Nesta manhã, mercados internacionais oscilam sem direção definida enquanto preocupação sobre segunda onda do coronavírus se eleva. Wuhan, onde a pandemia começou, relata suas primeiras novas infecções desde que a cidade chinesa encerrou seu bloqueio no mês passado, e a Coreia do Sul registra novo surto de casos. Futuros do S&P 500 nos EUA caem 0,1% e na Europa sobem 0,1%, após fechamento neutro para negativo na Ásia.
Do lado positivo, o gabinete da China anunciou hoje que vai isentar, a partir da próxima terça-feira, mais produtos dos Estados Unidos das tarifas punitivas impostas durante a disputa comercial entre os dois países. Dentre os bens que ficarão isentos das tarifas estão produtos químicos e têxteis, o que pode encorajar mais compras de produtos americanos pela China. Porém, investidores continuam atentos às tensões comerciais, com o governo de Donald Trump tentando bloquear os investimentos em ações chinesas por um fundo de pensão do governo.
No Brasil, de acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Economia, a crise provocada pelo novo coronavírus levou 758 mil trabalhadores a pedirem o seguro desemprego em abril, o que representa um aumento de 22,1% com relação ao mesmo mês de 2019 e de 39,4% com relação à março, quando 537 mil pedidos foram realizados.
A agenda de indicadores e eventos do dia traz como destaques a ata da última reunião de política monetária do Banco Central e o volume de serviços de março, divulgado pelo IBGE às 9h00.
Na política, seguem em foco os desdobramentos do inquérito que apura se Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal, como afirmou o então ministro Sergio Moro. Ontem, prestaram depoimentos o ex-diretor da PF Maurício Valeixo, que disse que Bolsonaro queria trocá-lo por questão de “afinidade”, e seu sucessor, Alexandre Ramagem, que negou relação de proximidade com a família. Hoje são esperados os depoimentos de três ministros de Bolsonaro e a exibição, em sigilo, da gravação da reunião em que Moro diz ter havido pressão de Bolsonaro.
O Senado definiu a pauta de votações para as próximas semanas e incluiu projetos que preveem limitação do juros de cheque especial e suspensão de reajuste de planos de saúde, na quinta-feira, e aumento da CSLL na próxima semana.
O presidente incluiu ontem as categorias de salões de beleza, barbearia e academia de ginástica na lista de serviços essenciais durante a pandemia, mas governadores, que são responsáveis pelas regras de isolamento social em seus estados, resistem a seguir a nova definição.
Bolsonaro reafirmou que vetará trecho que prevê a possibilidade de reajuste para servidores no pacote de ajuda a estados e municípios e disse que os detalhes serão decididos até amanhã.
Do lado corporativo, segundo notícias, o valor do empréstimo às distribuidoras de energia para financiar o déficit de arrecadação desencadeado pela pandemia da COVID-19 (denominado Conta-COVID) deve ficar entre R$10 bilhões a R$12 bilhões de reais. Tal financiamento teria juros de CDI + 2% a CDI +2,5% ao ano, e o decreto para instituir o empréstimo deverá sair nesta semana. Apesar de termos uma visão ligeiramente positiva do anúncio se concretizado, acreditamos que o mercado pode se decepcionar com o valor do empréstimo e afirmação de que as distribuidoras terão que arcar com custos da operação associados à inadimplência.
O IRB anunciou ontem que a SUSEP instaurou uma fiscalização especial devido a insuficiência de liquidez regulatória da resseguradora. As ações caíram 14% ontem dado que a notícia foi vista como negativa pelo mercado, com implicações de possível intervenção por parte da SUSEP através da nomeação de um diretor e fiscalização de provisões. Por fim, mantemos a recomendação da resseguradora sob análise, com todas as nossas projeções anteriores não mais válidas.
Do lado das commodities, os preços de celulose de fibra curta na China tiveram forte alta na semana (+US$4,0/t), para US$473,3/t. Mantemos nossa visão positiva no longo prazo com recomposição de margens dos produtores de papel na China. Esperamos uma reação positiva das ações de Suzano e Klabin no pregão de hoje.
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Coronavírus
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Brasil
- Política Brasil: desdobramentos de possível interferência de Bolsonaro na PF seguem em foco
- Pedidos de seguro-desemprego apresentam expansão de 39,4% em abril
Internacional
- Política Internacional: planos de retomada de atividade econômica
Acesse aqui o relatório internacional
Empresas
- Carrefour Brasil (CRFB3): Resultados neutros no 1T20; Maiores provisões no Banco Carrefour
- Papel & Celulose: Forte alta no preço da celulose de fibra curta na China
- Setor Elétrico: Empréstimo da Conta-COVID deve ficar entre R$10 a R$12 bilhões, a juros de CDI + 2% a 2,5% ao ano
- IRB Re (IRBR3): SUSEP inicia fiscalização especial na resseguradora
- JBS (JBSS3): empresa doa R$ 700 milhões para combate ao COVID-19; China suspende importações de quatro frigoríficos na Austrália, dois deles da JBS
- Azul (AZUL4): Dados preliminares de tráfego em abril
- Banrisul (BRSR6): possivelmente vendendo a unidade de cartões
- Bancos: possível teto de juros no cheque especial e rotativo do cartão de crédito
Veja todos os detalhes
Brasil
Política Brasil: desdobramentos de possível interferência de Bolsonaro na PF seguem em foco
- Na política, seguem em foco os desdobramentos do inquérito que apura se Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal, como afirmou o então ministro Sergio Moro. Ontem, prestaram depoimentos o ex-diretor da PF Maurício Valeixo, que disse que Bolsonaro queria trocá-lo por questão de “afinidade”, e seu sucessor, Alexandre Ramagem, que negou relação de proximidade com a família. Hoje são esperados os depoimentos de três ministros de Bolsonaro e a exibição, em sigilo, da gravação da reunião em que Moro diz ter havido pressão de Bolsonaro;
- O Senado definiu a pauta de votações para as próximas semanas e incluiu projetos que preveem limitação do juros de cheque especial e suspensão de reajuste de planos de saúde, na quinta-feira, e aumento da CSLL na próxima semana;
- O presidente incluiu ontem as categorias de salões de beleza, barbearia e academia de ginástica na lista de serviços essenciais durante a pandemia, mas governadores, que são responsáveis pelas regras de isolamento social em seus estados, resistem a seguir a nova definição;
- Bolsonaro reafirmou que vetará trecho que prevê a possibilidade de reajuste para servidores no pacote de ajuda a estados e municípios e disse que os detalhes serão decididos até amanhã.
Pedidos de seguro-desemprego apresentam expansão de 39,4% em abril
- De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Economia, a crise provocada pelo novo coronavírus levou 758 mil trabalhadores a pedirem o seguro desemprego em abril, o que representa um aumento de 22,1% com relação ao mesmo mês de 2019 e de 39,4% com relação à março, quando 537 mil pedidos foram realizados;
- Como os requerimentos não puderam ser feitos presencialmente entre março e abril, o governo estima que ainda existam 250 mil pessoas que têm direito a pedir o benefício e ainda não o fizeram;
- Em meio aos choques adversos da pandemia no mercado de trabalho brasileiro, o número total de requerimentos já soma mais de 2,3 milhões em 2020.
Internacional
Política Internacional: planos de retomada de atividade econômica
- Europa, China e Coreia do Sul se preparam para retomada de atividade econômica, porém, o temor de crescimento exponencial de novos casos ameaça a reabertura. Por exemplo, ontem o premiê do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou plano de três fases para reabertura em pronunciamento, mas deixou claro que “se houver surtos (…) não hesitaremos em pisar no freio”;
- Nos EUA, especialistas devem prestar depoimento no Senado contra a retomada da atividade por risco à saúde.
Empresas
Carrefour Brasil (CRFB3): Resultados neutros no 1T20; Maiores provisões no Banco Carrefour
- O Carrefour Brasil reportou resultados do primeiro trimestre de 2020 (1T20) abaixo das nossas estimativas. O EBITDA da operação alimentar (~80% do EBITDA total da companhia) veio em linha com as nossas estimativas. Entretanto, o Banco Carrefour reportou resultados abaixo do esperado, negativamente impactados por maiores provisões frente ao potencial aumento da inadimplência em meio à pandemia;
- O desempenho de vendas já havia sido divulgada em 27 de abril (para detalhes, acesse aqui). O EBITDA ajustado de R$ 1,1 bilhão (+7,4% na comparação anual) ficou abaixo de nossas estimativas em ~6%, além disso a margem EBITDA de 7,3% ficou -0,5p.p abaixo da nossa projeção;
- O lucro líquido reportado de R$ 363 milhões veio 20% abaixo da nossa estimativa, também impactado por maiores despesas financeiras no trimestre e despesas não recorrentes, principalmente relacionadas à aquisição do Makro. Se ajustado pelos efeitos não-recorrentes, o lucro líquido no trimestre teria ficado 11% abaixo da nossa projeção;
- Nossa visão: Esperamos uma neutra do mercado ao anúncio. Apesar da surpresa negativa no lucro reportado pela companhia, acreditamos que os investidores já esperavam um aumento de provisões extraordinário pela operação financeira do Carrefour com o fim de fortalecer o índice de cobertura do banco (12,3% vs. 11,7% no 1T19);
- De qualquer maneira, continuamos a ver o múltiplo atual de 16x P/L para 2020 (versus 10x para GPA) como justo. Por esse motivo, mantemos nossa recomendação de Neutro para as ações do Carrefour Brasil (CRFB3) e preço-alvo de R$ 22,00 ao final de 2020. Acesse o relatório completo no LINK.
Papel & Celulose: Forte alta no preço da celulose de fibra curta na China
- Os preços de celulose de fibra curta na China tiveram forte alta na semana (+US$4,0/t), para US$473,3/t. Mantemos nossa visão positiva no longo prazo com recomposição de margens dos produtores de papel na China;
- Esperamos uma reação positiva das ações de Suzano e Klabin no pregão de hoje. Temos recomendação de Compra para ambos os nomes, com preço-alvo de R$43 e R$18.5/ação para Suzano e Klabin, respectivamente.
Setor Elétrico: Empréstimo da Conta-COVID deve ficar entre R$10 a R$12 bilhões, a juros de CDI + 2% a 2,5% ao ano
- De acordo com matéria da Agência Estado, o valor do empréstimo às distribuidoras de energia para financiar o déficit de arrecadação desencadeado pela pandemia da COVID-19 (denominado Conta-COVID) deve ficar entre R$10 bilhões a R$12 bilhões de reais. Tal financiamento teria juros de CDI + 2% a CDI +2,5% ao ano, abaixo da previsão iniciar de CDI +4% ao ano devido à maior qualidade dos recebíveis. Espera-se que o decreto que oficialize os valores seja publicado nesta semana;
- Os custos da operação serão divididos entre os consumidores de energia e as distribuidoras, que terão por exemplo que arcar com custos relacionados à inadimplência, como forma de incentivo para que recuperem os valores devidos. Ainda segundo a notícia, a ANEEL determinou que eventuais pedidos de reequilíbrio econômico-financeiro solicitados pelas distribuidoras sejam avaliados posteriormente, cabendo às empresas o levantamento de números que comprovem a necessidade de revisões extraordinárias segundo o regulamento já existente;
- Apesar de termos uma visão positiva da notícia, se concretizada, apontamos para eventual desapontamento de investidores com respeito aos valores mencionados e o fato da recuperação de valores devidos ficar sob responsabilidade das distribuidoras. Também vemos como ligeiramente positivo o potencial custo da transação, abaixo da nossa estimativa de CDI +2,75% baseado na média de spread da Conta-ACR de 2014. Veja mais detalhes em nossa análise recente sobre o setor elétrico.
IRB Re (IRBR3): SUSEP inicia fiscalização especial na resseguradora
- O IRB anunciou ontem que a SUSEP instaurou uma fiscalização especial devido a insuficiência de liquidez regulatória da resseguradora. A notícia é negativa, com implicações de possível intervenção por parte da SUSEP através da nomeação de um diretor e fiscalização de provisões;
- regulador exige dos regulados ativos líquidos suficientes para fazer frente as provisões técnicas realizadas pela resseguradora (representativas de eventuais sinistros). O IRB ficou abaixo do nível mínimo de cobertura requerido pela legislação (definido pelo critério da SUSEP);
- Caso a cobertura permaneça abaixo do requerido, as seguintes medidas podem ser tomadas pelo regulador: i) nomear, por tempo indeterminado, um diretor fiscal; ii) fiscalizar cumprimento de contratos; iii) verificar exatidão do cálculo da reserva técnica;
- Por fim, mantemos a recomendação da resseguradora sob análise, com todas as nossas projeções anteriores não mais válidas, e sem intenção de revisão no curto prazo. Clique aqui para ler nosso relatório completo.
JBS (JBSS3): empresa doa R$ 700 milhões para combate ao COVID-19; China suspende importações de quatro frigoríficos na Austrália, dois deles da JBS
- A JBS vai doar R$ 700 milhões para o enfrentamento do coronavírus — R$ 400 milhões para ações no Brasil e o restante nos EUA, onde a empresa tem sua maior operação. É a maior doação de uma companhia não-financeira brasileira desde o início da crise; o valor equivale a 28,7% do lucro de R$ 2,4 bilhões da empresa no ano passado;
- Todas as iniciativas serão coordenadas por Joanita Karoleski, a ex-CEO da Seara, e auditadas pela Grant Thornton, que abriu mão de seus honorários. No Brasil, os recursos serão destinados para saúde pública (R$ 300 milhões), apoio à ciência e tecnologia (R$ 50 milhões) e assistência social (R$ 20 milhões). De acordo com a companhia, os recursos beneficiarão 162 municípios de 17 estados do país;
- A JBS contará com um comitê consultivo, que será presidido por Fernando Torelly, CEO do Hospital do Coração. Também compõem o comitê Henrique Neves, CEO do Hospital Albert Einstein; Maurício Barbosa, presidente do conselho da Bionexo; Mohamed Parrini, CEO do Hospital Moinhos de Vento de de Porto Alegre, e o Roberto Kalil Filho, diretor de cardiologia clínica do InCor e diretor geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês;
- Em outra notícia do setor, a China suspendeu as importações de carne bovina de quatro frigoríficos da Austrália, sendo dois deles da JBS, como retaliação depois de críticas de autoridades australianas sobre a forma como os chineses lidaram com a covid-19. A Austrália é a quarta principal origem da carne bovina importada pela China, atrás de Brasil, Argentina e Uruguai. Vale lembrar que apenas 3% da receita total da JBS vem da Austrália, e a que a diversificação geográfica da empresa é uma de suas vantagens competitivas. Mantemos nossa recomendação de Compra para JBS.
Azul (AZUL4): Dados preliminares de tráfego em abril
- A Azul reportou ontem pela manhã seus dados preliminares de tráfego relativos ao mês de abril, apresentando uma queda de 87,7% a/a na oferta consolidada de voos (ASK) e queda de 90,0% a/a na demanda consolidada (RPK). Com isso, a taxa de ocupação caiu para 68,8% (-15,6 p.p vs Abril de 2019), o que reforça o cenário desafiador;
- No mercado doméstico, a oferta teve queda de 87,2% a/a, enquanto a demanda caiu 89,3% a/a, culminando em uma taxa de ocupação de 69,8%, queda de 13,9 p.p. quando comparada com o Abril de 2019. Já no mercado internacional, a oferta foi reduzida em ~90% a/a e a demanda caiu ~93% a/a, com uma taxa de ocupação de 64,0% (-22,9 p.p. vs Abril de 2019). Os mercados internacionais representaram 17,5% da oferta total no mês.
Banrisul (BRSR6): possivelmente vendendo a unidade de cartões
- De acordo com a mídia, o Banrisul está próximo de contratar um assessor para vender sua unidade de cartões, a Banrisul Cartões S.A.;
- A subsidiária, que atua tanto no negócio de adquirência (Vero), como na emissão de cartões de benefícios empresariais (BanriCard), foi responsável por 20% do lucro do banco em 2019, R$ 271,7 milhões e teve R$ 573,9 milhões de receita;
- Para efeitos de cenários sobre possível valor de venda, o valor patrimonial da subsidiária no final de 2019 era de R$ 1.1 bilhão. Se considerarmos que a subsidiária seja vendida a múltiplos comparáveis as listadas (acima do valor patrimonial), a negociação poderia ser accreative para o banco gaúcho, que negocia atualmente a 0,6x valor patrimonial;
- Porém não acreditamos que o banco possui necessidade de capital no curto prazo (tier I ratioi de 13,8%) e, por mais nossa visão seja que no longo prazo a saída do banco do segmento de adquirência possa ser benéfico, os preços atuais praticados neste momento de crise podem não ser atrativos. Clique aqui para ler nosso relatório completo.
Bancos: possível teto de juros no cheque especial e rotativo do cartão de crédito
- Existe um projeto transitando no congresso nacional (Projeto de Lei nº 1166, de 2020) que limite em 20% o juros cobrado nas modalidades de crédito cheque especial e crédito rotativo de cartão de crédito e obriga os bancos a manterem o limite dos clientes na modalidade;
- As mudanças, se implementadas, estariam em vigor até julho de 2021. A medida, se aplicada, é negativa para o setor e possivelmente traria rentabilidade negativa nas linhas destacadas, porém destacamos que se trata de um projeto, que pode não ser implementado. Clique aqui para ler nosso relatório completo.
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